O vento tocou meu rosto enquanto eu ganhava velocidade. Logo atrás de mim, em outra bicicleta, estava Dylan, também ganhando velocidade.
Estávamos seguindo uma trilha próxima à cabana onde nos beijamos pela primeira vez, mas agora sem perigo de uma tempestade de gelo arrebentar a cabeça de alguém. Na noite passada encontrei Dylan em sua casa e no momento em que olhei seu rosto percebi que tinha seu perdão. Ele me proporcionou uma daquelas noites maravilhosas que apenas ele conseguia fazer e então conversamos. Conversamos muito.
Expliquei para ele que não estava preparado para me assumir, mas que estava disposto a tentar por ele. Que queria seguir com nosso relacionamento sem pensar em duração ou um fim trágico. Queria evitar o fim a qualquer custo e Dylan disse que me ajudaria no que eu precisasse.
Paramos numa área aberta e distante de tudo e encostamos as bicicletas em uma árvore. Peguei uma cesta e estiquei uma toalha xadrez no chão limpo e plano. Havíamos comprado tudo que seria necessário em um piquenique. Pães, sucos, frutas, frios, biscoitos doces e salgados e um grande pote creme de avelã.
Dylan se sentou de pernas cruzada enquanto carregava um sorriso gigante no rosto. Eu me deitei de bruços, observando suas covinhas e tudo que senti dentro de mim foi felicidade. Eu estava me sentindo tão bem em estar ali com ele que havia esquecido todo o resto.
— Você não me explicou direito porque estava com o carro de seu pai.
— O meu está na oficina — menti, desconfortavelmente. — Sabe como é, tiveram que importar as peças e as vezes demora.
— Entendi. Seu pai tem um baita carro. Eu teria que trabalhar uns oitenta anos pra pagar um carro daqueles.
— Se meu pai descobrir que eu saí com o carro dele, ele me mataria.
— Por isso você teve que sair tão cedo.
— Sim, meu pai tolera muitas coisas, mas essa não é uma delas. Mas a sua ideia da bicicleta foi ótima. Eu nem lembrava mais que tinha aquela velharia guardada.
Olhamos para as bicicletas e percebi que a minha estava praticamente nova e a de Dylan estava praticamente caindo aos pedaços. Eu gostaria de voltar no tempo e não ter dito aquilo.
Simpaticamente, Dylan apenas sorriu e concordou com a cabeça.
— Você vai no festival de artes da cidade? — perguntou ele.
— Sim. O professor Milton me deixou apresentar o curta por causa dos vários diretores e produtores que estarão lá e ele acha que eu possa conseguir algo bom. Até mesmo um estágio em Hollywood.
— Seria ótimo. Você merece.
— Tenho que trabalhar duro no curta, pois o festival é daqui uma semana.
— Como estão as filmagens?
— Já passamos da metade. A finalização será rápida, em duas ou três diárias conseguiremos as cenas e então estará pronto para concluirmos tudo na sala de edição.
Dylan me olhou sério, mas percebi que seus olhos estavam brilhando.
— Eu adoro te ouvir falar sobre seu trabalho — senti meu rosto ficar vermelho e antes de poder falar qualquer coisa Dylan retomou a palavra. — Sinto a sua paixão. É ardente e natural.
— Há duas coisas que me deixam assim. Você vai poder me acompanhar no festival?
— Na verdade não. Eu estarei fazendo a segurança durante o dia, mas pode acreditar que estarei de olho em você. Como sempre estive.
Dylan pegou um morango, mergulhou no pote de creme de avelã e deu uma bela mordida na fruta suculenta. O canto de sua boca estava sujo de chocolate e ele tentou passar a língua para limpar, mas sem nenhum sucesso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ego Intacto (ROMANCE GAY) (completo)
RomanceTudo o que o jovem cineasta Gun queria, era terminar seu curta metragem de conclusão de curso e receber a tão esperada glória e fama que desejava. Mas quando é confrontado por seus sentimentos e acaba se apaixonando pelo irmão de uma aluna nova, com...