Capítulo dezoito

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Quando você vai a uma festa e enche a cara, no outro dia sente a pior dor de cabeça do universo e sempre acha que nunca vai sentir uma dor tão grande. Pois bem. Sofra um acidente de carro e aprenda o que é dor de cabeça realmente.

Levei algumas horas para finalmente começar a dormir e quando percebi que havia conseguido já estava na hora de acordar e levantar, pois era um daqueles dias importantes. Jon havia ligado para Peter, antes mesmo de eu sofrer o acidente e disse que íamos começar a produção dos filmes adultos o mais rápido possível.

Quando alguém sofre um acidente, as coisas começam a mudar de percepção. A vida começa a valer a pena de alguma forma. Não que não valesse antes, mas agora parecia que eu havia ganhado uma segunda chance para acertar meus erros e se você precisa sofrer um acidente e quase morrer para perceber isso, é porque seu erro é realmente grave e talvez você seja mesmo o culpado.

Esse problema eu iria resolver a noite, depois de fazer o que fosse que eu tinha que fazer.

Ah é, filmar sacanagem.

Eu já havia visto muitos filmes daquele tipo mas nunca pensei em fazê-los. Eu não tinha a mínima ideia de como isso deveria ser feito. Peter iria ter que me dar uma força nessa, pois a mente de meu amigo era muito mais pervertida que a minha.

Me levantei da cama, relutando contra o peso da minha cabeça que pendia de um lado para o outro e vi Peter com a boca aberta, roncando e babando em um colchão no chão. Me dirigi devagar até o banheiro e analisei o galo em minha cabeça. Não estava tão ruim, estava perceptível, mas eu achei que estaria bem pior. Com certeza a pancada havia sido bem forte.

Mais uma experiência para acrescentar no meu currículo de desgraças.

Voltei e cutuquei Peter que acordou assustado, mas deu uma risada de vergonha ao perceber que era apenas eu. Não precisei dizer nada, pois ele também sabia o que íamos fazer.

— Você acha que vai ficar excitado? — perguntou Peter.

— Acho que estaremos muito nervosos.

— Você acha que eu vou poder participar de algum vídeo?

— Você realmente quer?

— Acho que não — disse ele sério.

Depois que levantamos, Constance queria saber porque tinha um galo na minha cabeça e não sossegou até eu inventar uma história que convencesse. Disse que estava jogando futebol com Peter e ele havia me dado uma cabeçada sem querer. Constance pareceu ter engolido essa, mas não sem antes procurar um outro galo na cabeça de Peter. Constance era sempre desconfiada e protetora e eu era grato por aquilo.

Sem enrolar muito e de barriga cheia, fomos até o quarto, arrumamos tudo que conseguimos e carregamos o carro de Peter para irmos até o endereço que ele havia recebido. Não era muito longe, então não demoramos muito para chegar.

Para a minha surpresa, o local das filmagens era apenas uma casa normal. Não era grande, nem assustadora e nem estava cercada por seguranças carrancudos e armados até os dentes. Logo levantamos novamente a teoria de que AK poderia estar mesmo falindo e poupando nos gastos.

Assim que estacionamos o carro, Jon veio ao nosso encontro com o mesmo sorriso de sempre. Assim que nos recepcionou e falou que estava super animado para fazer o serviço, começou a mostrar o interior da casa.

O lugar onde iríamos filmar as cenas parecia um quarto de Motel. Havia cortinas e roupa de cama vermelhos e um teto de vidro logo acima de uma cama redonda. Aquilo não estava me relaxando nenhum um pouco, ao contrário, eu estava ficando cada vez mais tenso. Sair da minha zona de conforto de todas as maneiras possíveis era assustador.

Ego Intacto (ROMANCE GAY) (completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora