Tudo naquela casa parecia estar morto. Mesmo com vida. Tudo era sombrio e melancólico. O silêncio era perturbador e o medo era a única coisa constante. Eu nunca havia sentido tanto medo em toda a minha vida. Eu já fui assaltado, já fui estuprado e violentado, já fui até atacado por um cachorro e ainda assim, nenhuma dessas vezes me fez sentir o medo que eu estava sentindo agora.
Quando eu era pequeno, vivia no velho orfanato da cidade, a espera de uma família feliz. Alguns garotos fizeram de minha vida um verdadeiro inferno. Infelizmente eu vivi por lá mais tempo do que eu realmente quis.
A família feliz chegou e eu vivi essa felicidade durante um tempo. Até esqueci todas as cicatrizes da vida. Durante anos eu realmente fui feliz. Mas então meus pais adotivos morreram e meus irmãos e eu voltamos a ser o que um dia já havíamos sido. Órfãos da vida. Eles também haviam sido retirados de orfanatos e nós três sabíamos o que a solidão poderia fazer com uma pessoa.
Nossos pais tinham muito dinheiro e isso era realmente ótimo, mas eu trocaria qualquer dinheiro do mundo por mais um dia com eles. Meu paizinho e minha mãezinha, como eu sinto a falta deles.
Mudar de cidade pareceu a coisa mais sensata a se fazer e por esse motivo, eu e meus irmãos, Steve e Sue resolvemos comprar uma casa para morarmos juntos. Seríamos nós três contra o mundo. Éramos realmente unidos.
Quando a maioria dos pais morrem, os irmão entram em batalhas judiciais para ver quem ficaria com o que, mas não nós. Nós conhecíamos o sentido da gratidão, união e do valor familiar. Ficaríamos juntos a qualquer custo.
Parecia uma boa idéia. Realmente parecia.
Éramos um bando de idiotas.
As primeiras semanas foram encantadoras. Eu nunca havia morado num lugar maior que o orfanato, mas agora nossa casa era tão grande quanto. Tinha um jardim tão grande que poderíamos construir outra casa lá dentro e até brincamos que no futuro cada um construiria sua casa, para abrigar suas famílias e viver numa linda vila de amor.
Seria realmente lindo, se Steve não estivesse morto. Meu irmãozinho querido. Estava morto.
O sangue dele ainda estava nas minha mãos. Fresco e quente.
Um sacrifício necessário.
Um mês depois que nos mudamos, algumas coisas começaram a ficar realmente estranhas. A casa vivia uma bagunça, e ninguém nunca se responsabilizava por ela. Obviamente as brigas começaram e o separamento foi inevitável. Três irmãos se odiando dentro de um mesmo lugar, era o inferno.
Mas aquele realmente era o inferno.
As bagunças logo se transformaram em rachaduras nas paredes, animais invadindo a casa, se escondendo em cantos da casa e morrendo até apodrecerem, meus irmãos e eu ficávamos constantemente doentes. Algo naquela casa atraía o maligno e eu precisa defender a minha família.
Apesar da casa estar mal iluminada, era possível enxergar entre os feixes de luz que a lua fornecia. Eu caminhei com cuidado para não pisar em nenhum caco de vidro. Sue havia deixado uma bagunça para trás, mas eu não a julgo. Qualquer pessoa esperta faria aquilo. Mas Sue não era mais uma pessoa. Não era mais a minha irmã. Eu precisava ajudá-la.
— Sue? — disse baixinho. — Não se esconda. Você precisa de ajuda.
Eu lembro quando vi o primeiro demônio. Ele estava dentro do meu quarto, no canto, olhando para mim e repetindo ''Você sente esse cheiro? Você sente? Sinta-o. Sinta-o''. Possuía uma forma animalesca e em seu corpo havia algumas partes com pêlos chamuscando em brasas. Antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa, ele desapareceu. Naquele momento eu soube que devíamos dar o fora dali, mas nenhum dos meus irmãos acreditou em mim.
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Ego Intacto (ROMANCE GAY) (completo)
RomanceTudo o que o jovem cineasta Gun queria, era terminar seu curta metragem de conclusão de curso e receber a tão esperada glória e fama que desejava. Mas quando é confrontado por seus sentimentos e acaba se apaixonando pelo irmão de uma aluna nova, com...