Capítulo vinte e um

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Porque eu não me lembrei de Samantha? Porque fui egoísta a ponto de pensar apenas em mim, sabendo que isso seria um choque para ela? Eu estava arrependido. Não do que eu fiz, mas da maneira que fiz. Eu precisava consertar esse problema o mais rápido possível, pois minha cota de encrenca já estava no limite.

Eu estava ficando realmente bom em correr atrás de Samantha, pois aquilo já havia se tornado um hábito. Seria bem mais fácil se não fosse sempre por causa de algo errado que eu havia feito, mas ainda assim, eu sabia como lidar com a situação.

Não fui atrás dela imediatamente. Dylan disse que Samantha precisava de um tempo para processar tudo.

Processar o fato de que seu ex estava saindo com seu irmão.

Apesar disso, Samantha se mostrou ser muito profissional e fez suas cenas como se nada tivesse acontecido. Ela continuou em silêncio durante os intervalos, mas toda vez que Peter e eu gritamos ação, ela dava o seu melhor.

Terminamos as filmagens noturnas, com alguns dos membros me elogiando pela coragem de ter me assumido, e percebi que havia feito isso sem perceber. Em um segundo eu estava dentro do armário e no outro eu não estava mais. Isso me tornava oficialmente gay? Eu ainda não sabia. Mas pela primeira vez aquele rótulo não me preocupava mais.

''O último de nós'' estava quase pronto. Isso era a minha maior satisfação no momento. Tudo o que aconteceu no passado, me levou a esse momento.

Ter um filme pronto em mãos. Não havia gratificação melhor que aquela.

Estava amanhecendo quando o set foi completamente desmontado e a equipe foi embora. Peter me deixou em casa e fez questão de fazer uma última piada, dizendo que eu teria que pagá-lo por ser meu motorista particular.

Depois de chegar em casa, organizar minha mente e meu corpo, comecei a decidir o que faria em relação à Samantha. Eu sabia que ela estava realmente magoada e com toda razão.

Não havia culpados, mas ela tinha o direito de estar magoada. Peguei o celular e disquei seu número diversas vezes, mas nunca cliquei no botão verde. Eu estava de mãos atadas e só uma pessoa poderia me salvar.

Constance.

Mas primeiro, eu precisava dormir algumas horas. A última vez que fiquei com sono, quase morri e não poderia me dar a esse luxo novamente. Deitei na cama, com os sapatos ainda nos pés e entrei em coma. Não lembro muito bem com o que sonhei, mas tinha certeza absoluta que era algo sobre a Casa dos Ecos.

Acordei ao meio dia, com o aroma de comida caseira. Tirei os tênis, que nem se quer me incomodaram durante a manhã e fui em direção ao banheiro. Tomei um longo e relaxante banho e decidi que estava pronto para um novo dia. Talvez até para um novo problema.

Corri para a cozinha e Constance estava sentada na mesa, lendo uma revista de signos.

— Eu vou chegar vivo ao final do dia?

Eu sabia que ela acreditava nessas coisas de signo.

— Um leonino sempre vai chegar vivo ao final do dia.

Me sentei na mesa e não disse nada.

— Seu silêncio está alto demais. Posso ouvir daqui — disse Constance.

Ela sempre brincava dizendo que meu silêncio era muito alto e que às vezes a minha quietude era violenta.

— Eu estraguei tudo, com uma pessoa realmente importante. Eu não sei o que fazer.

— Ora, é simples. Não pense no que fazer. Vá resolver o problema sem pensar na resolução.

— Isso não faz muito sentido.

Ego Intacto (ROMANCE GAY) (completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora