Aquele era outro daqueles dias importantes.
A última diária do curta metragem.
Estávamos todos reunidos, apenas filmando as cenas que faltavam. Eram poucos detalhes, mas que acabou levando uma manhã inteira. O festival estava realmente próximo e isso significava que Peter e eu ficaríamos horas e mais horas na frente de computadores, juntando um amontoado de cenas para finalizar o nosso tão esperado filme. Todos estavam bem mais relaxados, como se fosse o último dia de aula do ensino fundamental, onde os alunos sabiam que passariam de ano e não precisavam se preocupar com nada. Bom, todos exceto Peter e eu. E agora, Samantha também. Ela não estava relaxada. Estava muito preocupada. Peter começou a me perguntar se contar tudo à ela tinha sido uma boa ideia e obviamente que não, mas já estava feito.
Samantha não saía de perto de nós. Para nada. Íamos até a mesa para pegar comida, ela nos seguia. Íamos para dentro casa, ela também nos seguia. Até mesmo quando Peter foi no banheiro, encontrei ela com a orelha grudada na porta.
— Você está bem? — perguntei.
Samantha deu um gritinho de susto e olhou para mim com um sorriso sem graça, percebendo que foi pega no flagra.
— Eu posso explicar. Não é o que parece.
— Quer dizer que você não está aqui para ouvir Peter urinando?
Ela fechou a cara.
— Eu quero garantir que vocês vão ficar bem, ok? Só isso.
— Sam. Nós vamos ficar bem, desde que você fique fora disso.
— Você me conhece. Eu já estou envolvida o suficiente.
Me aproximei dela, com um semblante sério demais para ela achar que eu poderia estar brincando.
— Você precisa me prometer que vai ficar fora disso.
Antes de Samantha dizer qualquer coisa, Peter saiu do banheiro fechando o ziper da calça com uma mão e com a outra segurando o celular na orelha — Ok Jon, às 14h estaremos aqui te esperando.
Samantha deu um sorriso satisfatório e correu para fora da casa.
— VOCÊ NÃO PROMETEU! — gritei na tentativa de que ela ainda estivesse escutando, mas ela tinha razão. Eu a conhecia muito bem.
— Algum problema? — perguntou Peter enquanto continuava tentando fechar o zíper da calça.
— Por qual devo começar?
A diária havia chegado ao fim. Tínhamos todo o material do qual precisávamos, e eu já podia sentir o gosto da glória. Depois de uma breve comemoração, com champanhe em taças de plástico e muito choro, a equipe começou a ir embora. Peter teve um acesso de ansiedade quando pensou se por acaso as pessoas não gostassem do filme e aquilo me preocupou também, pois em nenhum momento do processo eu havia pensando naquilo. E se o filme fosse realmente ruim? E se ninguém gostasse dele? Havia uma série de TV antiga, chamada Dawson's creek, onde um jovem cineasta recebia um ''Não'' a cada dois episódios e pela primeira vez eu tremi ao imaginar aquilo acontecendo.
— O curta está excelente Gun — disse Piper, passando atrás de mim como se estivesse lendo a minha mente.
No momento em que notei que Piper ainda não havia ido embora, percebi que havia algo de errado. Ela estava parada em minha frente, com os braços cruzados e com um semblante sério demais.
— Qual o problema agora? — perguntei.
— Mais cedo, eu pedi pro Titan ir no segundo andar, pegar algumas coisas para usarmos em uma cena, mas ele se negou.
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Ego Intacto (ROMANCE GAY) (completo)
RomanceTudo o que o jovem cineasta Gun queria, era terminar seu curta metragem de conclusão de curso e receber a tão esperada glória e fama que desejava. Mas quando é confrontado por seus sentimentos e acaba se apaixonando pelo irmão de uma aluna nova, com...