Havia uma bomba atômica dentro de mim, pronta para explodir a qualquer momento. Uma coisa que não fazia sentido ficava em minha mente o tempo todo. Como não parecer gay e estar perdidamente apaixonado por um homem? Uma coisa era ficar sozinho com Dylan, outra coisa era mostrar para todos que estávamos tendo alguma coisa. As pessoas não estariam preparadas para saber e eu não estava preparado para mostrar. Por que arriscar um possível status agora, sendo que mal sabia o que aconteceria no futuro? Não sabia nem se estaria vivo.
Um jovem como eu não deveria estar pensando em morte ou em sair do armário. Talvez eu fosse gay, mas não queria ser rotulado. Nunca precisei dar satisfações por ser heterossexual, porque eu deveria por ser gay? Status sempre me moveu, mas desse, eu queria distância. Não queria que lembrassem de mim apenas por ser o garanhão que mudou de lado. Eu sei que as pessoas falariam.
Mas isso seria mais importante do que Dylan? Do que eu realmente sentia? A única coisa que não podia esconder de mim mesmo?
Não sei se Dylan olharia na minha cara novamente.
Odeio fazer as coisas sem pensar, pois costumava acabar da pior maneira possível. Dois dias já haviam se passado e eu não tive coragem de ligar para Dylan.
Ele nem sequer tentou conversar comigo, mas eu não o culpo.
Eu olhava para o meu celular, esperando uma ligação. Mas não a de Dylan. Pela primeira vez queria que aparecesse o nome de Jon na tela do meu celular, me dando um trabalho super perigoso e assim preocupar minha mente com algo que me faça esquecer todo o resto. Mas o celular não tocou nenhuma vez.
Recuperei todas as minhas forças num salto da cama e me vi parado no meio das paredes cheias de cartazes de filmes. Minha identidade toda estava ali. Gun. Um cara super otimista que acreditava na arte e que a mesma poderia superar qualquer problema. Por que isso não condizia com o atual realidade? Por que pra mim era tão difícil assumir que gostava de outro cara? Minha mente começou a planejar coisas, como voltar a ficar com garotas para esquecer de vez aqueles cabelos loiros e aqueles olhos azuis.
Ah, aqueles olhos azuis! Droga!
Caminhei até a prateleira e fitei a minha coleção de filmes por alguns segundos. Peguei um da seção Spielberg e coloquei no aparelho de blu-ray e me joguei na cama novamente. Sem muita paciência, pulei algumas cenas até ver um grande tubarão branco destruindo um pequeno barco. Cruzei as pernas e comecei a prestar atenção no filme, e por mais alguns instantes consegui me desprender da realidade cruel que me perturbava.
Depois que o filme acabou, corri para a cozinha ver como estava indo o almoço. Constance estava lá, como sempre, preparando uma ótima refeição. Notei também que meus pais estavam em casa, o que era realmente estranho.
Minha mãe estava na sala, assistindo tv, ouvindo música, falando ao telefone com sua melhor amiga e pintando a unha. Tudo ao mesmo tempo. Passei por ela e acenei com um sorriso meio forçado e me dirigi ao escritório do meu pai, onde ele estava sentando ajeitando uns papéis. Sentei em uma cadeira de frente para ele, o encarando. Ele estava muito sério, mas continuou fazendo o que estava destinado a fazer. Negócios. Fiquei em silêncio e percebi que ele começou a se movimentar de um jeito desconfortável, mesmo assim olhando fixamente para os papéis.
— O que você quer Gun? — perguntou sem olhar para mim.
— Pai, eu sou gay.
— Claro que é.
— O que?
Arregalei meus olhos, surpreso. Ele deu um sorrisinho de deboche.
— Você não é gay.
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Ego Intacto (ROMANCE GAY) (completo)
RomanceTudo o que o jovem cineasta Gun queria, era terminar seu curta metragem de conclusão de curso e receber a tão esperada glória e fama que desejava. Mas quando é confrontado por seus sentimentos e acaba se apaixonando pelo irmão de uma aluna nova, com...