Aí, até você.

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Aquele sábado passou rapidamente. O apartamento de Baekhyun pareceu pequeno pois tamanha era sua inquietação. Uma ligação de Park Chanyeol, e foi suficiente para o deixar apreensivo. Claro que também tinha seu lado bom, as palavras que Chanyeol proferara foram inesperadas, mas se tornaram inesquecíveis. Chany realmente sabia ser um homem encantador, sabia fazer o coração de Baekhyun bater mais forte usando as palavras certas, uma pena era isso acontecer apenas em raros momentos, em caso de necessidade extrema. Pois veja, foi preciso sair totalmente da vida do médico para que ele enxergasse a importância de Baek, por miníma que fosse.

Infelizmente, isso acontece na maioria das relações. Até parece que a opção "desvalorizar enquanto tem" já vem instalado em cada ser humano, e cabe somente a nós ativá-lo ou não.

Baek resolveu sair um pouco quando chegou do trabalho, deixou Hyung-Sik – o seu primo-sobrinho, a quem ele havia levado para a Suíça consigo – com uma espécie de babá, que era a faxineira da casa mas acabava fazendo de tudo, ele demoraria um pouco, já que a mulher era de confiança. Ele realmente precisava.

Ao chegar no seu bar favorito em Zurique, sentou-se em um dos bancos do balcão e pediu o famoso "fada verde", bebida conhecida por seu alto teor alcoólico. Quando foi servido, bebeu um breve longo, e a sua última ligação pairou em suas memórias. Pequenos fragmentos da fala de Chanyeol se fizeram presentes. Lembrou das palavras doces em que ele mesmo havia dito, e do discurso curto de Chanyeol. Mas, à medida em que bebia vagarosamente seu absinto, sentiu uma plena revolta com tudo aquilo.

Para começar, Chanyeol não tinha o direito de ligar e bagunçar todas as decisões de Baek. E depois, Baek foi muito ingênuo ao dizer "ainda te amo". Baekhyun agora pensava que tinha se entregado de bandeja, mais uma vez, para que Chanyeol brincasse com seus sentimentos. Ah, mas ele não permitiria aquilo. Quando chegou ao terceiro copo, sacou o celular para fora e retornou para Chanyeol…

[Ligação On]

— Huh, alô? Baekhyun? - a voz rouca de quem acabara de acordar vinha de Chanyeol.

— Me escuta, Park Chanyeol. Espero mesmo que já esteja acordado, pois não vou repetir! - Baek chegava a um tom de voz quase intimidador, e Chan apenas o escutava - Eu estava até bem, sabe. Curtindo essa vida sádica, longe de todos, com uma língua diferente e costumes incomuns. TUDO ISSO POR SUA CAUSA, PARK CHANYEOL. Eu não sabia controlar o que sentia, me vi obrigado a ir, e exercer uma droga de profissão que não tenho nenhum interesse. Eu deveria te processar. Quem sabe. Pois todos os dias, quando eu acordava, dizia para mim mesmo "vou esquecê-lo". E EU FALAVA ISSO DIARIAMENTE, TODO DIA, PORQUE EU NUNCA O ESQUECI. O que está fazendo comigo, Chanyeol? - Baek agora chorava intensamente - Está acabando comigo, tudo isso. Mas, porra, ainda amo você. E isso faz com que eu me odeie.

— Baek… - Chanyeol aproveitou a pausa do outro para falar - Meu voo sai hoje às 2h00 P.M. Provalmente, chego à tarde, ou à noite… Esse fuso horário me confunde.

— Para onde vai? Não pode fugir deste assunto, Chanyeol! - Baek ainda estava histérico, soltando alguns soluços.

— Estou indo até aí. Até você, Byun Baekhyun. Vamos resolver isso de uma vez por todas, ouviu? Quando eu chegar, você se decide. E o que você disser, vou entender e obedecer. - ficou um intenso silêncio na linha, Baekhyun ficou em espasmo, quase em estado de transe.

— Então - após um bom tempo, consegiu dorecionar algumas palavras -, espero você no aeroporto - disse por fim, rispidamente, ainda anestesiado com a notícia.

[Ligação Off]

Baek desligou o celular e o pôs sobre o balcão, enxugou as lágrimas e conteve os soluços. Abandonou o copo com a bebida e já estava de saída quando um outro homem, um pouco mais alto que Baekhyun, o parou.

— Des-desculpe, conheço você? - Baek perguntou com a voz embargada. Colocou as mãos no bolso de sua calça e se encolheu um pouco.

— Bem, ainda não. - o de cabelos loiros e olhos bem azuis tinha um tom de voz totalmente sensual. - Você não me parece bem, e eu posso te levar para casa.

— Não, obrigado - sorriu, e tentou ser simpático com o pouco de sobriedade que lhe restara. -, vou pegar um táxi mesmo.

— Eu posso levar você… - o homem se aproximou e pousou a mão no quadril de Baekhyun.

— Não me toque, seu idiota! - tirou a mão pesada que estava sobre seu quadril bruscamente.

Baek saiu dali às pressas, parou na calçada mas nenhum táxi apareceu. Ele estava impaciente, pois sentia aquele homem atrás de si. Resolveu ir caminhando, pegando algum atalho ou algo do tipo, e ao entrar num beco que dava um acesso direto ao condomínio de Baek, o suíço apareceu em seu carro, desceu do mesmo e caminhou até Byun que já estava prestes a correr.

— Não pense que vai fugir de mim! - o sotaque forte alemão emanjava da boca do nativo, e Baek o entendeu por ter um contato fequente com as línguas da Confederação Suíça.

— Por que está me perseguindo? - Baek tremia, e quando o maior o alcançou suas pernas bambearam e travaram.

— Você me parece uma gracinha. - pegou Baekhyun pela cintura, e o colou próximo ao seu corpo musculoso.

— Seu filho da puta! - Baek cuspiu no rosto do outro. O loiro, irado com o acontecido, desferiu um soco forte no rosto de Baek.

Baek caiu, choramigou baixo e deixou o fervor da bebida tomar conta de suas ações. Era possível ver a raiva em seus olhos quando golpeou o nativo na boca e lhe deu uma joelhada no estômago. Isso fora bastante para que pudesse derrubar o grandão e sair correndo dali, algumas lágrimas de nervosismo desciam pelo seu rosto ensanguentado. Em instantes chegou em frente ao prédio e subiu para o seu apartamento ainda inquieto e preocupado.

Continuava zonzo, com a visão um pouco turva, mas mesmo assim fez o máximo para não acordar Hyung-Sik. Foi direto para o banheiro, fechou a porta, e escorregou o corpo pela parede fria até o chão. Automaticamente começou a chorar, ainda não acreditava que isso havia acontecido, repassou aquilo na cabeça e se sentia sujo com o cheiro do perfume daquele monstro em sua roupa. Após alguns minutos, levantou-se e fungou um pouco. Entrou debaixo do chuveiro depois de retirar suas roupas, se esfregou duas vezes, e fez um curativo para amenizar o estado se seus ferimentos.

Saiu do banheiro e pensou numa boa desculpa para o machucado horrível no rosto. Pensou um pouco ao sentar na cama, mas percebeu que era muito tarde, o sol logo apareceria. Mas, Baek não conseguiria dormir.

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