Desconfiança

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Acordei as 9h da manhã, bem disposta. Olhei meu celular e vi que havia um SMS dele. Sorri... Deixei o celular de lado e encarei o teto. Fiquei alguns minutos assim até que de do nada um pensamento se formou em minha cabeça:
Você não acha que tem acordado todos os dias pensando nessa pessoa? Não acha que está envolvida demais? Aff por que eu estava pensando naquilo naquele momento? De fato eu sabia que estava me envolvendo. Nós tínhamos nos visto quase todos os dias, estávamos ficando juntos a cada momento em que eu podia. E eu estava escondendo isso dos meus amigos e dos meus pais. Eu não queria dar explicações, mas não queria criar preocupações pois sabia a enxurrada de coisas que viriam a me falar por conta de nossas diferenças. Peguei o cel e olhei novamente a mensagem.
Bom dia amor. Vamos sair hoje a noite? Mas hoje eu quero ficar a noite toda com vc.
Sorri mais uma vez. A minha resposta seria: Sqñ
Ele era ciente que eu não ficaria uma noite inteira fora de casa e tem mais: Eu não dormiria com ele! Não estava louca a tal ponto. Não me faça perguntas... Eu não estava pronta para aquilo. As coisas na minha cabeça não funcionavam daquela forma. Eu tinha milhões de pensamentos a respeito, mas em nenhum deles eu me via naquela condição que ele estava me propondo. Foi entao que me ocorreu que dentro de alguns dias ele já estaria indo embora e eu sabia que estava adorando ficar com ele. Ele era de fato uma pessoa apaixonante, era carinhoso, divertido, inteligente e beijava maravilhosamente bem. Eu supunha que fazia maravilhosamente bem muitas coisas. Mais de uma vez eu tinha tido uma vontade louca de ir além dos beijos, eu queria ter sido mais atrevida. Mas não dava, havia um abismo dentro de mim. Depois de um pensar em tudo isso, resolvi mandar uma mensagem propondo a ele que nos víssemos a tarde e ele aceitou.
Avisei minha amiga Luciana que não iria ao curso naquele dia, e sim que sairia com ele. Ela me deu apoio e me mandou me cuidar. Fiz isso!
Combinamos de ir onde ficamos juntos pela primeira vez. Ele me apanhou no local combinado e dentro de alguns minutos estávamos sentados no mesmo banco olhando o rio brilhar no sol quente. Ele pegou em minhas mãos e admirou minhas unhas vermelhas, brincou por segundo com a minha pulseira e em seguida olhou em meus olhos e perguntou:
-Sarah...e então? Estamos juntos todo esse tempo e ainda não conversamos sobre o depois...
- Depois? Sorri
-Sim... Nós não teremos um depois?
Suspirei.
- Você acha que temos chance de ter um depois?
- E por que não teríamos? Ele me encarou, sério.
Eu queria rir, eu não conseguia acreditar que estava ouvindo aquilo. Será que ele queria me iludir ou algo do tipo? Era óbvio que nós não tínhamos chances de ter um depois. Eu era muito nova para ele, meus pais não aceitariam, meus amigos me zoariam até a eternidade, ele morava em outra cidade, eu não sabia muita coisa sobre ele, e eu tinha inúmeros planos onde ele não se encaixaria. Eu achava que ele estava querendo me ganhar com uma conversa mole. E definitivamente não combinava comigo. Olhei no fundo de seus olhos e só consegui mexer os lábios... Eu queria lhe falar um bilhão de coisas, jogar para fora todo aquele emaranhado que estava dentro de mim. Mas preferi me calar ao despejar minhas palavras e parecer uma tonta.
- seria muito complicado... Você sabe que não há chances! Sou muito nova, meus pais... Você não perderia tempo comigo não é? Você mora em outra cidade... Eu não sei muita coisa sobre você. Não sei se seria uma boa ideia você me namorar.
Ele levantou uma das sobrancelhas.
- Eu sou uma menina, sou muito nova sabe... Você se cansaria de mim rapidamente.
Ele revirou os olhos. Eu devia estar falando bobagens demais. Era melhor calar a boca. Ele deve ter pensado o mesmo, pois me puxou pra si e me beijou profundamente. Eu me deixei ser beijada e enquanto nos beijavamos eu percebi o quanto sentiria falta daquele beijo. Ele tinha o beijo perfeito, o hálito perfeito, e a forma como nossas bocas se encaixavam era algo fora do comum. Eu queria aquele beijo para sempre. Para sempre...
- Então...Vamos sair daqui? Vamos para um lugar mais reservado?
Um nó se formou em meu estômago. Eu sabia o que isso significava. Acho que devo ter ficado vermelha como um pimentão. Eu saberia me defender?
-Ah mais... Anh...Não! Eu não posso ir a um lugar reservado com você, me desculpe. E fui me levantando. Ele segurou em minhas mãos me obrigando a sentar em sua frente.
- Calma! Disse sorrindo divertido com o meu nervosismo. Tudo bem! Tudo bem!
Eu acho que não precisava explicar nada pois ele deve ter compreendido tudo. Eu não estava disposta a explicar também.
Continuamos sentados em frente um ao outro trocando beijos e carícias, até chegar em um ponto em que eu mesma queria levar ele para um lugar extremamente reservado... Mais um vez a vontade de ser mais atrevida me visitou. Mas eu me contive. Foi então que enquanto divagava sobre isso o celular dele tocou. Ele tirou o celular do bolso e percebi que ficou esquisito, não atendeu a chamada vi em seus modos que tentava esconder de quem se tratava. Desligou o aparelho e guardou no bolso.
- Não vai atender? Perguntei
- Não quero que ninguém nos atrapalhe.
-Hum... Mas quem era? Perguntei novamente
- Ninguém importante. É lá do trabalho. Não sou obrigado a atender, estou de férias.
Em todo esse tempo, isso nunca havia ocorrido. Nós sempre estávamos com nossos celulares e em nenhum momento ele ou eu tentamos esconder um do outro. Tirávamos inúmeras fotos porém nunca me propus a ver o cel dele e ele nunca pediu o meu. Nunca havia acontecido uma situação que me deixasse desconfiada que ele tinha algo a me esconder. Até hoje...

Histórias de amor que eu não viviOnde histórias criam vida. Descubra agora