Histórias de amor que eu não vivi

No meio do caminho tinha...

Minha segunda feira não começara como uma segunda qualquer. Levantei da cama antes de o despertador tocar, liguei para os meus pais, fiz café e coloquei uma música boa para tocar enquanto tomava banho. É eu estava bem animada em uma segunda de manhã! Deixei o uniforme de lado e escolhi trabalhar de vestido e tênis e fiz até uma make basiquinha.
Bom dia! Dormiu bem? Tenha uma segunda feira feliz.
Sorri ao receber o sms de Túlio.
Feliz segunda para você também.
E assim fomos trocando mensagens enquanto eu estava no ônibus a caminho do trabalho. O dia correu tranquilo e meus colegas puderam trabalhar com uma Sarah super bem humorada por uma razão que meu coração não conseguia mais esconder: Eu estava ansiosa para ver Túlio. No fim da tarde já a caminho de casa, resolvi descer uma quadra antes para ir até o supermercado fazer minhas compras de "jovem que mora sozinho".  Algum tempo depois seguia tranquilamente rumo a meu apartamento até que a sensação de estar sendo seguida assaltou meu coração outra vez. Olhei para os lados, as pessoas transitavam tranquilas, mas apressei o passo na intenção de chegar logo em casa, tentei tirar aquela idéia da cabeça pensando em outras coisas, mas foi então que senti passos firmes atrás de mim e instintivamente olhei para trás: Henrique vinha em minha direção.
- Ah não... Pensei comigo tateando o bolso do vestido. As pernas começando a tremer enquanto apressava o passo.
- Sarah! Ouvi Henrique chamar.
- Sarah eu só preciso lhe falar. Por favor... Por favor... Ele insistiu.
Parei e olhei para trás.
- O que você quer? Não se aproxime de mim! Você sabe que não pode! E nem se atreva a fazer algo comigo porque vai sair daqui preso! Eu disse tentando disfarçar o tensão da voz, segurando firme em minha mão a chave que havia encontrado em meu bolso, com a intensão de transforma- la em arma se fosse preciso.
- Eu não vou fazer nada contra você! Por favor me ouça! Ele disse parando a pouca distância de mim.
- Sarah... Henrique hesitou. Meus olhos observaram que ele havia emagrecido um pouco, estava bem vestido como sempre e parecia ter feito a barba recente.
- Sarah eu só quero que me perdoe pelo que fiz...
- Henrique eu não... Tentei dizer já retomando os passos.
- Espera Sarah por favor!
Fechei os olhos e virei novamente em direção a ele que continuava no mesmo local.
- Eu só quero dizer que me arrependo muito pelo que fiz, e espero um dia ganhar seu perdão...
Me limitei a balançar a cabeça.
- Eu sei que não há a menor chance de ter você de volta e eu não estou pedindo isso! Só quero que saiba que me arrependo de verdade pelo que fiz Sarah, mas você tem razão se me odiar para sempre. Não se engane... Eu sei que nunca tive o seu coração e não soube ganha-lo.
Balancei a cabeça.
- Mas Túlio soube... Aquele filho da puta. Henrique completou e sorriu. - Não o culpo, na verdade o entendo completamente. Não tem como não se apaixonar por você!
Eu fiquei atônita e ele percebeu.
- Ah, não se preocupe. Algumas pessoas me disseram ter visto vocês juntos...
- Eu não preciso lhe dar explicações sobre nada!
- Ah Sarah eu sei... Ele suspirou forte! Bem, eu vou nessa! Amanhã estou saindo do país. Vim ver meus pais e tentar falar com você antes de viajar. Obrigada por me ouvir. Era isso!
Balancei mais uma vez a cabeça.
- Boa sorte! Falei.
- Tchau Sarah! Henrique dobrou de costas.
- Ah... Ana Rosa sente muito a sua falta e... Você está muito bonita! Disse ele virando- se novamente e seguindo o seu caminho sem esperar por resposta.
Depois que ele já estava a uma distância, voltei a caminhar com passos firmes sentindo uma mistura de raiva e alívio. Quando cheguei em meu apartamento, deixei as compras em cima da mesa e fui chorar minhas últimas lágrimas que derramaria por aquela história com Henrique, pois decidi a partir daquele momento que não deixaria aquilo me afetar mais.
Depois de alguns minutos lembrei que Túlio havia prometido vir em minha casa naquela noite, então guardei as compras e fui tomar banho. Ao sair do banheiro notei uma mensagem dele em meu celular.
Sarah infelizmente não poderei ir a sua casa hoje. Surgiu uma emergência com uma amiga, e eu precisarei ajuda-la. Te ligo assim que der.
É... Minha segunda feira não estava terminando tão bem como começara, e não sabia se o pior era ter encontrado Henrique no meio do caminho ou ter recebido a mensagem de Túlio dizendo que não viria.
Tudo bem... Boa sorte para sua amiga. Boa noite!
Levantei da cama,  vesti uma calcinha e um top de renda e voltei a deitar afundando o rosto no travesseiro, sentindo meu corpo tomado por uma sensação de moleza, sensibilidade e chateação.