O almoço

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Acordei com o telefone de Henrique tocando na mesinha ao lado, estendi a mão para alcança-lo, mas ele foi mais ágil que eu, passando por cima de mim, quase me esmagando e o pegou.
- Ai!
- Desculpe amor é importante!
- Alô! Oi cara. Então, acabei de acordar! Tá! não esquenta, ligo pra você daqui a pouco.
E desligou o celular jogando-o na cama.
- Que foi? Ele perguntou se aproximando amavelmente ao perceber minha cara chateada.
- Você quase me esmagou! Que pressa para atender. Quem era?
Ele riu
-Desculpa amor, é que era importante. Era Dan, acho que esse próximo final de semana vou precisar trabalhar.
- Hmm. Respondi endireitando a cabeça no travesseiro ainda chateada, mas já pensativa na possibilidade de ter que ficar sozinha no fim de semana, coisa que eu odiava.
- E esse bico? Ele tentou segurar meu rosto, mas fui mais rápida.
- Para Henry. Vou escovar os dentes. E levantei fugindo dos braços dele.
Alguns minutos depois voltei até ele na cama com o hálito refrescante e perguntei:
- Então, vamos tomar café? Que horas são?
Ele estendeu a mão e apanhou o celular.
- Meio dia!
Sentei ao seu lado
- Nossa... Já é hora de almoço. Falar nisso, nós vamos almoçar com Ana e Pedro, não é?
- Sim! Mas... Já está com muita fome? Ele se virou para mim e tocou gentilmente em um dos meus seios.
- Não, por que?
- A gente ainda não fez amor... Ele disse com a voz sedutora.
De fato, ele havia chegado na sexta a noite e já nos encontramos na formatura de Ana Rosa e depois, ele havia dormido enquanto eu secava o cabelo.
- É... Respondi baixinho.
Ele me puxou para si devagar.
- Amor, vou esperar você escovar os dentes. Falei
Ele sorriu animado e correu para o banheiro.
...
- Chegou a bailarina da festa. Pedro brincou quando entrei de mãos dadas com Henrique.
-Opa, chegou meu par. Disse o meu sogro chegando à área com uma bandeja de carnes e entregando a Pedro que mexia na churrasqueira.
- Tô me perdendo naquele trabalho minha gente. Preciso brilhar na dança.
- Como dançarina você deve continuar sua faculdade Sarah. Pedro brincou
Cumprimentei os demais e entrei na casa a procura de Ana Rosa que corria esbaforida atrás de Pedrinho, pelado e se divertindo com a situação. Por sorte ele veio na minha direção.
- Titia!
- Não quero saber de criança pelada! Disse pegando-o no colo.
Pedrinho era levado e apaixonante
- Valeu parceira! Ana Rosa exclamou fingindo cansaço(Ou não) e me entregado uma fralda.
- Disponha! Como está você? Respondi vestindo a criança que parecia ter um motor elétrico no rabo.
- Feliz! E sorriu
Dei um abraço nela.
- Quero tomar café!
- Ah, vamos lá. E me levou até a cozinha, me servindo de café com bolo. Estávamos batendo papo quando entrou Túlio. Lá na festa com seus refletores coloridos piscando de um lado a outro, não o tinha observado direito. Túlio era mais moreno que Henrique, mais alto, porém um pouco menos forte, ele tinha um sorriso bonito e o achei bastante simpático.
- Olá moças!
- Olá!
- Quer tomar café?
- Quero sim!
Ele sentou ao meu lado e entrou na conversa.
- Poxa Aninha, nem falei contigo direito ontem, mas quero te parabenizar e desejar que alcance muito sucesso. E deu um abraço apertado em Ana Rosa.
Logo percebi que a amizade dos dois era de fato antiga, pois esse era o apelido de Ana quando criança. Ele sentou -se ao meu lado e se serviu de café.
- E aí companheira de dança, tudo bem com seus pés?
- Já ia te perguntar o mesmo. E rimos.
- E então Túlio, você veio sozinho? Perguntou Ana Rosa.
- Sim, eu vou passar uns meses aqui. Dar um tempo...
-Anh.
- Pois é... Ele respondeu reticente, e eu percebi que havia algo esquisito no ar.
- Fiquei tão feliz quando te vi na festa. Fazia um bom tempo que a gente não se via. Quanto tempo você não vem aqui?
- Então, 2 anos. Mas agora vou ficar por um tempo.
- Tá certo! Ela respondeu. E então os assuntos foram acontecendo e somente nessa conversa entendi que Túlio já morava a anos para outro estado, mas por algum motivo que ele não esclareceu tinha vindo passar uma temporada na cidade, estava morando na casa de uma de suas tias, pois seus pais também moravam fora.
- Ei, vamos conversar lá fora? A carne tá assando! Pedro chamou aparecendo na porta da cozinha.
- Vamos lá, mas eu não vou deixar meu café! Respondi
- Nem eu! Disse Túlio pegando a garrafa de café.
Na área a família reunida conversava animada, mais alguns amigos de Ana Rosa e Pedro haviam chegado entre eles Manoel que estava conversando em um canto com Henrique. Sentei à mesa e Túlio sentou ao meu lado.
- Então você é a mulher da vida do meu amigo.
Sorri tímida.
- É... Eu acho!
- Sim! Estivemos conversando. Nunca vi Henrique tão apaixonado.
- São amigos a muito tempo não é mesmo?
- Sim. Crescemos juntos: ele, Ana Rosa e eu não nos desgrudávamos até a adolescência. E sempre que venho a gente se reúne.
- Que legal. É bom ter amigos assim.
- É sim!
Ficamos conversando sobre uma assunto qualquer, mas dentro de mim aquelas palavras ecoavam: A mulher da vida de Henrique, nunca o vi tão apaixonado... E Me sentia muito má por não conseguir me apaixonar por Henrique da mesma forma que as pessoas e ele mesmo dizia ser por mim. O dia correu divertido, almoçamos, e depois fui deitar em uma rede enquanto o pessoal conversava sentado à uma mesa de plástico próximo de mim. Túlio era de fato muito próximo da família de Henrique percebi pelo diálogo alegre e íntimo que todos tinham com ele perguntando de sua família, relembrando fatos da adolescência e etc... Vez por outra alguém citava meu nome e de Henrique, mas eu só acenava enquanto mexia em meu celular. Foi assim que descobri que Túlio estava solteiro, e tinha saído de um relacionamento recentemente. Depois de um tempo Henrique deitou comigo e ficou acariciando meu cabelo.
- Ei casal, vamos entrar na piscina? Deixa o amor pra noite! Era Manoel.
- Amor não tem hora pra acontecer cara. Henrique respondeu.
- Rum, quando vocês tiverem filhos mudarão de idéia. Pedro e Rosa o digam.
Todos que tinham filhos riram concordando.
Henrique entrou com eles na piscina e eu fiquei sentada na borda com a cabeça dele entre as minhas pernas. Mais uma vez o clima foi de descontração e risadas. Eu gostava de estar com aquela família. Henrique tinha uma preciosidade consigo: Uma família unida e feliz. Uma familia que se reunia aos fins de semana com seus amigos de uma vida toda, a prova disso era ver Túlio e Manoel tão a vontade ali. Se um dia eu e Henrique nos separássemos, eu sentiria falta de tudo aquilo.

Histórias de amor que eu não viviOnde histórias criam vida. Descubra agora