Madrugada

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Acabadas todas as formalidades, a festa seguiu à gosto dos formandos. Muitos já estavam mais do que alegres por conta da bebida. Nossa mesa era uma mistura de risadas e tentativas de conversa acima do som. Eu cuidei de Pedrinho durante a festa, algumas vezes saindo da mesa para correr atrás dele que estava com sua bateria carregada, até que capotou no meu colo. Com o avançar da madrugada muitas pessoas já tinham ido embora, e a pista de dança começou a encher e esvaziar conforme o ritmo da música que foi da valsa ao funk. Algumas pessoas afastaram as mesas e já dançavam ali mesmo. Como Pedrinho estava dormindo, coloquei-o em seu carrinho e resolvi curtir o restante da noite. Ana Rosa e Pedro, seu marido, convidaram a mim e Henrique para dançar, começamos com um som mais lento e romântico, mas logo Henrique e Pedro quiseram voltar para a mesa, enquanto Ana e eu continuamos dançando sozinhas. Até que começou um forró e eu corri até a mesa para chamar Henrique.
- Vamos amor.
- Ah não Sarah!
- Por favor amor.
- Vai lá Henrique. Alguém disse.
- Vai dançar com a tua namorada. Maria minha sogra insistiu.
Já estava tímida diante do olhar de todos e da negativa dele, até que meu sogro se ofereceu.
- Vamos filha. Serve eu?
E meu ofereceu o braço. Tirei o sapato e começamos a dançar. Eu nunca fui boa com danças, mas gostava. Meu sogro, Armando, era um amor de pessoa, e me tratava como se fosse filha. Dançamos um forró nordestino, enquanto o pessoal à mesa ria, aplaudia e filmava nossa performance. Quando a música terminou, agradeci meu par que voltou a sentar-se colocando a mão no peito fingindo passar mal, já estava me sentando também, porém o som inconfundível da sanfona de Luís Gonzaga invadiu a festa, e Ana Rosa me pegou pela mão para dançar, alguns casais encorajaram-se e começaram a dançar ao nosso lado e trocar de pares, alguém  pegou Ana Rosa de mim e passou a dançar com ela, senti uma mão me puxar, era Túlio, a música acabou e logo o som de Alceu Valença começou, então dançamos juntos a música da morena encantadora: Tropicana.
Túlio dançava melhor que eu, e eu me diverti naqueles poucos minutos. Quando a música acabou sentamos à mesa.
- Ei Henrique presta atenção. É assim que começa. Falou Manoel em tom de seriedade. Manoel era amigo de Henrique a vida inteira, e gostar dele tinha sido uma tarefa um pouco árdua para mim, pois ele tinha uma forma muito "peculiar" de agir com as pessoas. Algo entre o grosseiro, o amável e o insuportável.
- Ah, sai daí Manoel. Me respeita. Respondeu Túlio em tom de brincadeira.
- Me respeita! Não sou tuas amigas da rua. Respondi firme para Manoel, porém em tom de brincadeira para não pesar o clima, embora que por dentro aquilo tivesse me chateado.
- Amiga, vamos ao banheiro? Era Ana Rosa me salvando de uma situação constrangedora. Calcei os sapatos e fui. Quando voltamos a conversa fluía normalmente entre todos.
- Amor, acho que já está na hora de irmos para casa.
- Já? Você que sabe! Respondeu Henrique.
- Então vamos! Ele se levantou e tirou as chaves do bolso. Peguei-as.
- Mas, sou eu que dirijo. Respondi pegando- as e lhe dando um beijinho na ponta do nariz.
- Tudo bem Srta. Ele respondeu meio grogue.
- Pessoal, não podendo permanecer neste recinto, partiremos. Disse Henrique em tom de brincadeira, para todos à mesa.
- Já?! Perguntaram.
- Alguém precisando de carona?
- Não filha! Ninguém quer se arriscar! Armando respondeu rindo.
Todos começaram a rir, inclusive eu.
- Bem, temos como opção Henrique. O que preferem? Perguntei rindo.
- Você, você!! Maria respondeu rapidamente.
- Túlio,  você vem com a gente? Henrique perguntou
- Não se preocupe, pego um táxi. Ele respondeu
- Amiga, mais uma vez parabéns! Você mereceu essa festa e muito mais. Desejo que cresça muito.
- Obrigada! Você é uma irmã, você também é responsável por eu ter conseguido chegar até aqui. Ana Rosa respondeu me abraçando. - Ah, e almocem conosco amanhã.
- Tudo bem!
Nos despedimos de todos, abracei Henrique e seguimos ao estacionamento. Dirigi rumo ao meu pequeno apartamento, já era sábado e Henrique passava os finais de semana comigo.

Histórias de amor que eu não viviOnde histórias criam vida. Descubra agora