Ciúmes

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Sentei na cama pesadamente. Fechei os olhos e então me joguei para trás. Fiquei uns segundos encarando o teto e sem saber como colocar em ordem o que eu estava sentindo. Era como se eu estivesse com a TV ligada e mudando os canais desesperadamente. Eu só conseguia lembrar da cena do celular tocando, e a forma um tanto nervosa com a qual ele o desligou. Havia algo errado sim! A minha intuição não falhava. E sinceramente... Eu estava me roendo de ciúmes... Eu sei que não deveria estar assim, ou devia? Eu sabia que estava apaixonada por ele. Porem consciente que apaixonada na definição exata de paixão. Sabia que aquele sentimento tinha data para finalizar. Mas eu não podia deixar de me sentir como estava sentindo. Aquele fogo de ciúmes ardendo dentro do peito e com vontade de sair caçando toda e qualquer informação a respeito dele, eu nem sei se consegui disfarçar o suficiente enquanto ele me trazia para casa. Eu tinha 17 anos e era totalmente imatura, mas para todos eu era "madura demais para minha idade" e era assim que tentava agir em toda situação. Era assim que eu queria agir diante dele, mas eu não sei se ele se deixava enganar, pois quando me olhava parecia enxergar minha alma. Não resisti ao impulso e comecei a fazer uma verdadeira investigação sobre ele. Entrei em seu perfil no Facebook e iniciei a caça, já tinha feito isso várias vezes, porém podia ter deixado alguma coisa passar, enfim. Enquanto fuçava, meu estômago revirava, se continuasse assim teria um desarranjo. Resolvi parar com aquilo e fui tomar um banho para manter a calma. Saí do banheiro enrolada em uma toalha e abri o whats, quase a toalha caiu... precisei sentar na cama para digerir o que estava diante de mim.
Havia uma chamada perdida e uma mensagem no Whatsapp me perguntando o que eu era para o Fábio, se eu era namorada dele. Eu só sabia por a mão na boca e fitar aquela mensagem. Eu tremia ao tentar responder, totalmente insegura... Resolvi ligar. Do outro lado da linha uma voz feminina tão ou mais insegura que eu atendeu imediatamente.
Ela se chamava Renata, disse que era noiva dele e que haviam se separado recentemente, antes dele viajar para minha cidade, eles na verdade já moravam juntos a um tempinho, e segundo ela, só queria saber qual era nossa relação, pois estava em uma situação desesperadora e então ela arrematou o último pedaço do meu coração quando disse que seu desepero se devia a suspeita de estar grávida. Eu só lembro que falei a ela que não era namorada dele, mas que que estávamos juntos sim, e que em nenhum momento ele me falou sobre noiva alguma, e que aquela informação era totalmente desconhecida para mim. Eu desliguei a chamada furiosa e abri o wts. Mandei uma mensagem mega atrevida para ele que me ligou imediatamente.
Você pode imaginar o que se seguiu a partir dalí. Gritei tanto no celular que com poucos minutos minha mãe bateu minha porta perguntando se eu estava louca. Fui obrigada a calar a boca, eu não queria olhar nos olhos da minha mãe naquele momento, as lágrimas já estavam chegando nos meus. Eu não saberia explicar. Ele ouviu tudo do outro lado da linha e desligou. Em milésimos de segundos uma mensagem chegou no Whats.
Vamos nos ver amanhã é conversar pessoalmente. Eu posso lhe explicar e você irá compreender tudo.
Ele estava lidando com a rainha da ansiedade e é óbvio que eu jamais poderia esperar. Exigi que me falasse tudo por ali mesmo. É óbvio que ele não queria, dizendo que seria melhor nos falarmos pessoalmente. Mas eu não podia esperar mais. Então ele enviou uma série de áudios que eu aguardei me roendo por dentro.
O que ele me explicou foi que sim, Renata havia sido sua noiva/mulher e estavam separados cerca de dois meses por motivos sérios e que sua separação era definitiva, e que a único elo que ainda havia entre eles era CEBOLA, o cachorro (o lindo cachorro que eu sempre via caminhando com ele) porém ha uma semana ela havia entrado em contato dizendo suspeitar de estar grávida( cerca de 3 meses), e que sim, isso o havia deixado balançado pois desejava ser pai, porém não haviam mais sentimentos de sua parte, e que não podia simplismente voltar por conta da gestação, que sua separação não lhe impediria de ser pai e presente na gestação ou na vida do filho, e que queria ter me falado nisso naquela tarde, e que este era um dos motivos de querer ir para um lugar reservado pois queria me esclarecer essas questões, pois já estávamos ficando juntos e que estava apaixonado e desejava que levassemos em frente o relacionamento. Cada palavra que eu ouvia provocava em mim um sentimento que eu não sei lhe explicar... Ciúmes, raiva, culpa... não sei bem porque. Ele não era meu namorado, eu sabia que não tínhamos futuro, mas não conseguia parar de me sentir assim. Quando ele disse que me queria para sempre, quase tremi, a minha mente viajava, o ciúme renascia... Mas o que me dava náuseas era pensar que ele seria pai do bebê a ex noiva esperava... Tudo era demais para o meu coração. Eu não queria amar um homem com uma história tão enrolada. Eu não queria ser responsável por uma criança ser criada com pais separados. Eu sabia que não teria culpa de nada, mas quem conseguia convencer o meu eu interior?
Respondi a ele por mensagem dizendo que precisava de um tempo para digerir tudo aquilo, e que se resolvesse pois não compactuaria com aquela situação, e que quando me encontrasse novamente que já estivesse com a vida resolvida. Um segundo depois ele me ligou novamente. Nos falamos por breve tempo e repeti as mesmas palavras enfaticamente.

Histórias de amor que eu não viviOnde histórias criam vida. Descubra agora