Henrique

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Abri a porta segurando-o pelo braço, ele que lutou para não dormir durante a viagem até em casa, pois tinha exagerado um tanto na bebida. Tirei os sapatos e a roupa e então fui ajudá-lo com suas próprias roupas, levei-o ao banheiro e o fiz entrar no chuveiro. Ele sentou no chão deixando a água cair em sua cabeça enquanto eu tirava a minha maquiagem em frente ao espelho.
- Amor? Ele chamou
Olhei para ele.
- Te amo!
Sorri...
Entrei no chuveiro e então tomamos banho juntos. Cerca de meia hora depois ele estava estirado na cama me observando, enquanto eu somente de calcinha, secava o cabelo sentada em uma cadeira.
Relembrei as palavras de Henrique no banheiro:
- Te amo!
Olhei para ele deitado com sua box branca, o corpo moreno e forte e as coxas grossas que eu admirava. Estávamos a 12 meses juntos, a dois ele passava os fins de semana comigo dividindo nossa intimidade e eu nunca havia respondido aquela frase. Conheci Henrique bem no início de minha faculdade, ele chegou em minha vida e foi tomando conta, não me deu tempo para pensar em muita coisa, justamente em uma época em que eu queria estar livre para viver meu momento, eu tinha mudado de cidade, estava começando meu primeiro emprego e iria morar longe dos meus pais pela primeira vez e por opção pois queria aquela independência, mas como a vida real é diferente, alguns medos e inseguranças afloraram, e ele acabou se tornando uma espécie de porto seguro para mim. Não sabia até que ponto isso era bom. Eu não tive uma história de amor com Henrique, na verdade ele surgiu após um coração gravemente partido(minha vida sentimental era ridícula) e talvez esse tenha sido o motivo pela qual eu não tinha tido forças para dizer não as suas investidas. Eu aprendi a gostar dele, Henrique sempre me deu o seu melhor. Porém havia algo que não se encaixava entre nós, eu não saberia lhe explicar o por que. Conheci- o através de uma de minhas amigas, e após algum tempo de amizade, ficamos, soma- se a isso o fato de que logo me levou para conhecer sua família, eu também precisei apresenta-los a meus pais e enfim, aqui estamos. Nessa história um tanto fora dos eixos, foi bom conhecer a família dele, eram pessoas dignas e que me receberam com o mesmo amor em que eu era acostumada a ter da minha própria família. Por que eu não conseguia amar Henrique como ele possivelmente merecia? Talvez por nossas diferenças marcantes, ou pelo seu defeito mais grave: Sua personalidade explosiva que estava criando um abismo entre nós, nossos planos não entravam nos eixos, e isso estava me deixando bastante desconfortável, e eu já não me sentia segura para dar continuidade à relação... Desliguei o secador e me afundei na cadeira. Estava sentindo o peso de se "empurrar uma situação com a barriga"... Eu nao queria partir o coração de alguém que me ajudou a sair de uma situação tão crítica e humilhante de dor, ao mesmo tempo em que me via afundar em um rio de incertezas... Passei as mãos em meus seios(era um vício), levantei e fui deitar ao lado de Henrique que a essa altura já dormia profundamente.

Histórias de amor que eu não viviOnde histórias criam vida. Descubra agora