trinta e quatro

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Dakota

Aos poucos fui abrindo os olhos, a primeira reação foi colocar minha mão na barriga, olhei para o lado e minha mãe estava sentada do meu lado e assim que fm viu que eu acordei levantou.
- Meu amor, você está se sentindo melhor?
- O bebê...
- O bebê tá bem, e tá lindo filhinha... - Ela levanta mostrando um ultra-som dele, três meses e meio e bem saudável.
- Eu não acredito, meu pontinho está aqui. - Falo e ela sorri concordando.
- Você vai querer prestar queixa contra o Jamie?
- Não mamãe, eu sei que ele está com problemas e eu quero ajudá-lo, não atrapalha-lo.
- Eu não deixei ele vir pra cá, nem o delegado já que o ameaçou.
- Quando eu sair daqui eu vou até a casa dele.
- Não é perigoso? E se ele ficar violento?
- Por mais que ele esteja com esse problema eu sei que ele não fará nada comigo, sem ninguém estando junto pra provocar isso.
- Tudo bem... - Minha mãe respira preocupada.

(...)

Eu tive alta no outro dia, e agora estou aqui na frente do apartamento de Jamie tomando coragem pra finalmente entrar... Eu não sabia qual seria a reação dele em me ver, eu estava com medo.
Pedi para os céus pra ficar tudo bem, e então eu entrei sem ser anunciada pois o porteiro me conhecia, assim que o elevador abriu a porta do mesmo e eu observei a porta de seu apartamento senti meu coração disparar, toquei a campainha uma vez e esperei ele atender, ele atendeu com a feição assustada provavelmente por ninguém ter avisado que tinha alguém pra subir.
Ele estava sem camisa e com os olhos inchados, seu cabelo que estava mais bagunçado que o normal e assim que ele me viu ele me encarou sem acreditar.
- Dakota... como você entrou? O que está fazendo aqui?
- O porteiro me conhece, eu vim conversar tudo bem?
- Claro que sim... entra. - Entrei e sentei em seu sofá ele sentou na minha frente me olhando. - O bebê está bem?
- Está bem Jamie. - Falo e ele respira fundo prendendo o ar e soltando logo em seguida.
- Eu fiquei com tanto medo de alguma coisa acontecer, eu ainda vou ser pai nosso pontinho ainda está aí. - Ele fala e eu sorrio.
- Ainda está aqui Jamie, por enquanto porque daqui alguns meses ele estará aqui brincando. - Falo e ele começa a chorar.
Nunca fui boa em ajudar pessoas chorando ainda mais quando essa pessoa é o cara que você ama pai do seu filho, então eu fiz o que meu coração mandou, eu o puxei pra um abraço.
Ele me abraçou como se ele dependesse disso e talvez nesse momento é tudo que ele realmente precise. Passei a mão em seu cabelo tentando acalma-lo até ele se controlar e parar de chorar, nós soltamos do abraço e ele colocou a cabeça em minha barriga.
- Ei bebezão, o papai vai se cuidar, vai se controlar pra quando você sair daí eu poder aproveitar o melhor da vida com você e com essa sua mãe bonita que você escolheu.
Ele fala e eu sorrio.
- É sobre isso que eu vim falar com você! Eu te amo Jamie, mas estávamos vivendo um relacionamento abusivo e você sabe disso, nenhuma mulher deve aturar ou passar por isso, pois é sério. Eu sei a pessoa maravilhosa que você é, sei que isso está acontecendo porque você está com problemas psicológicos  e nós temos que concertar isso, você concorda comigo?
- Claro que sim Dak. Eu nunca quis me tornar a pessoa que me tornei muito menos com você, eu me apaixonei por você e jurei que ia te dar o mundo e ia enfrentar todos que ficassem contra nós, mas as coisa fugiram de controle, eu comecei a me sentir mal com os meus problemas e comecei a descontar em você, e por te amar demais eu te via como uma boneca que não poderia ser tocada por ninguém a não ser eu, e isso foi o pensamento mais infeliz que eu já tive sobre você.
- Eu marquei uma consulta pra você na psicóloga... E eu vim aqui pedir pra você ir.
- Eu vou, quando?
- Daqui uma hora. - Falo dando uma risadinha.
- Como marcou sem antes falar comigo? Como tinha tanta certeza que eu iria?
- Eu conheço você, sei que tudo que for bom pra você e pra vida do nosso pontinho você irá fazer.
- Você me espera? Eu vou só tomar um banho.
- Te espero.
Falo e ele sorri subindo correndo para o quarto, fico mexendo no celular e observando seu flete onde tinha tanta lembrança de nós, ele desce logo em seguida com seu perfume maravilhoso e uma camisa vermelha que ficava ordeiramente bem nele.
Vamos até seu carro e eu dou o endereço da psicóloga que não era tão longe de sua casa.

Jamie

Entrei na sala um pouco intimidado, era estranho pra mim ter que dizer para alguém que eu não conheço sobre a minha vida.
- Vamos com calma, me começa a dizer sobre sua vida desde onde você lembra
- Meu padrasto batia em minha mãe, eu tinha 5 anos e eu via... Eu fui crescendo e eu não sabia entendê-la, como ela ficava com alguém que a machucava? Eu tinha 13 anos e achava que o amor era isso... machucar! Pois eu vivi com isso e as pessoas idealizavam isso pra mim.
Falo e ela vai apenas balançando a cabeça concordando.
- Continue.
- Quando eu fiz 18 anos eu tive minha primeira namorada, eu era extremamente violento com ela, já cheguei até dar um tapa nela... Eu achava que o amor era isso. Foi quando eu enfrentei meu padrasto pela primeira vez, eu perdi uma menina que eu amava por uma atitude infeliz, isso não era amor... bater não é amor. Eu enfrentei ele e ele separou da minha mãe pois eu literalmente dei uma surra nele.
Falo e ela ri.
- Minha mãe ficou com raiva no começo mas depois viu que foi a melhor coisa que eu fiz pra ela, eu via como ela tinha ficado frágil nesse tempo com ele, então eu mudei meu pensamento de 18 anos que bater era forma de amor, e comecei a ver a mulher como alguém frágil, e comecei a ser violento com todos que estavam em sua volta por medo de perdê-las... tive duas namoradas antes de Dakota, e eu já cheguei a brigar até com o irmão de uma por ciúmes.
- E com Dakota?
- Eu sentia que ela era mais frágil ainda por ser novinha, de fato a namorada mais nova que eu já tive, mas tão esperta, tão madura, ela me encantou e eu sabia que ia ter que passar por dificuldades pra ficar com ela, e eu passei por todas. E depois que eu passei por todas, veio o pensamento e a insegurança. "Por que ela ficaria com um cara tão mais velho que ela se ela poderia ficar com um novinho bonitão?" Então além de o pensamento de ela ser uma pessoa frágil, a violência com todos que poderia tomá-la de mim veio a insegurança, e eu virei um babaca. Eu fiz ela sofrer, eu xinguei ela, eu estava me afogando... Quando ela falou que estava grávida, você imagina? Teria DUAS PESSOAS pra eu proteger, e uma realmente é muito frágil, dessa vez de verdade... Aí eu enlouqueci mesmo.
- Isso que você tem Jamie, chama transtorno explosivo de personalidade, você faz as coisas impulsivamente e muitas vezes não pensa antes de fazer, coloca muito as coisas na cabeça e cria situações que nunca nem aconteceu... É uma doença neurológica que assim como todas as outras podemos controlar, com remédio e com terapia pra tentar mudar um pouco sua mente.
- Tudo bem eu quero tentar.
- Quero te dizer que se você quer que de certo com a Dakota, você vai ter que ver ela como uma mulher capaz de cuidar de si própria é capaz de cuidar do filho de vocês, ela tem a vida dela e se ela ficar com você ótimo, ela vai estar com você! Se ela não ficar... Você é novo e bonito e vai arrumar outro alguém, e o seu filho vai continuar sendo seu filho. Você tem um histórico de problemas passados que desencadeou tudo isso, mas já foi está tudo bem agora. O primeiro passo pra você começar a melhorar é esquecer o passado pois ele está lá trás e não nos pertence mais, pensar no futuro que também não nos pertence mas podemos fazer algo pra tentar fazê-lo ser melhor, conversado? Esquece o passado e corre atrás do que você quer pro seu futuro!
Ela fala e eu sorrio concordando, ela escreve a receita e me da um abraço confortante.
Abro a porta da sala e vejo Dakota sentada apreensiva.
Eu sabia o que eu queria pro meu futuro!

Que história do Jamie hein?
Explicado agora todas as suas explosões?
Será que agora vai ficar tudo bem?
Comentem amores ❤️

Too good at goodbyes Onde histórias criam vida. Descubra agora