II

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Se atrasar para sua primeira aula não estava nos planos de Harry na manhã de segunda-feira.

Seus pés doíam pela corrida e ele fazia um esforço extra para não tropeçar em si próprio e causar uma cena na frente de vários outros estudantes. Aquilo iria ser a cereja do bolo para estreia-lo no colégio, ele não poderia dar aquele gosto para o que quer que exista lá em cima.

Sinceramente? Ele culpava a própria escola por aquilo estar acontecendo, quem marcava a primeira aula tão cedo? E quem em sã consciência se acostumava com aquela rotina de aulas entre 6am até as 5:30pm, parando apenas no almoço que durava entre 12am até 13pm. Sim, okay, talvez ele tenha perdido a hora por ter ficado até de madrugada decorando a merda do seu horário.

Mas enfim. Também havia Louis Tomlinson, o roommate. Louis era outro assunto que deixava Harry intrigado. Ele saia antes de Harry acordar e voltava quando ele já estava deitado com as luzes apagadas, as únicas palavras que eles trocaram foi no dia em que Harry chegou no internato. Seu roommate parecia não ligar para a sua existência e isso feria profundamente o orgulho de Harold porque, veja bem, ele era muito legal, charmoso e educado, então não havia motivos para Louis o ignorar.

Na noite anterior Niall foi perambular pelo quarto deles, arrastando Liam junto, enquanto procuravam por Louis e Zayn para fazerem sei lá o que. Harry não se importava. Mas, de qualquer forma, apenas para tentar amenizar aquele clima estranho, ele perguntou a eles qual era o lance de Louis.

— Como assim? — Niall perguntou confuso.

— Ele é rabugento o tempo todo? — Harry diz, revirando os olhos em seguida. — Tipo, eu entendo que ele me enxerga como um intruso no espaço pessoal dele mas, olha, eu realmente me esforço pra não ser um incômodo.

Ele entendia, de verdade. Se a situação fosse invertida, Harry também se sentiria um pouco relutante com um estranho se mudando para seu quarto, mas isso não seria motivo para ele agir como um pau no cu.

Niall encolhe os ombros e Liam fica em silêncio, olhando para o corredor.

— Louis é... — Niall começa, mas o garoto tagarela parece perder a voz enquanto tenta achar uma maneira de explicar Louis. — Bem, ele é meu amigo, certo? Igual Liam, Zayn e espero que você se torne também — Harry arregala os olhos, não esperando tais palavras. Niall continua: — E essa amizade significa alguma coisa, pequeno Harold. Vindo de nós, significa alguma coisa. Apenas o dê um tempo para se acostumar.

Harry pensa sobre aquilo depois que eles vão embora. Um tempo. Okay. Ele podia dar um tempo. Ele podia ser a pessoa mais paciente daquele campus. Yep.

Voltando para o presente. Harry olhava perdido os números romanos pregados nas portas das salas e tentava achar algum sinal que indicava sua primeira aula de Teologia, mas o corredor agora estava vazio e não havia uma alma viva para ajudar aquele pobre garoto que matava aula de matemática e não sabia ler números romanos.

— Porra, que inferno — Harry resmunga, encarando agora o seu horário amassado.

— Eu teria cuidado com suas palavras, senhor Styles.

Uma voz grossa fez Harry pular em seu lugar e se virar assustado, se deparando com um homem baixinho e careca o olhando com desprezo. O nome Sullivan brilhava em uma plaquinha presa em seu terno bem ajustado. Ah, perfeito.

— Sinto muito? — obviamente ele não sentia e o diretor sabia disso.

— Posso saber o motivo da sua ausência em nossa missa desta manhã?

Harry franziu o nariz. Ninguém havia lhe falado sobre aquilo.

— Eu dormi demais, senhor. Sinto muito pelo inconveniente — ele disse mostrando toda a educação exagerada que seu pai lhe ensinou em uma aula de etiqueta. Sim, ele era aquele tipo de garoto.

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