Epilogo.

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— Por que eu preciso usar essa coisa? Incomoda meu pescoço.

Louis reprime um sorriso e da o último laço na pequena gravata azul marinha. Ele percebe a careta de desgosto, mas o quarto permanece em silêncio até que ele termine seu trabalho.

— Você precisa estar elegante, lembra do que conversamos?

— Você não está usando uma.

— Eu sou adulto, não preciso de uma gravata para ser elegante.

— Isso é injusto.

— E o que você vai fazer? Se rebelar? — Louis sorri maroto e fica de pé. Ele encara o próprio reflexo no espelho, ajeitando brevemente o smoking em seu corpo. — Além disso, são ordens diretas do capitão.

Ele ouve uma risadinha e logo uma pequena presença surge no reflexo. Louis nunca vai se cansar de compará-los; os olhos azuis, o cabelo castanho impossível de domar, o sorriso ladino e a pose de quem estava odiando todos aqueles tecidos caros.

— Papai, que significa rebedear?

Louis bufa uma risada e o corrige: — Rebelar.

— Oui. O que é?

— Significa que você é um pequeno rebelde — Louis diz e afaga seus cabelos carinhosamente.

— Como uma pessoa má?

— Não, como um Tomlinson — Louis sorri cúmplice. — Você pode tirar a gravata mais tarde, sim? Mas não conta pra ninguém.

— Tudo bem! — o garoto sorri animado e abraça a cintura de Louis. Eles encaram mais uma vez o espelho, onde os pares de olhos azuis refletem com intensidade por conta da luz branca acima deles. — Papai?

— Sim?

— Por que ele não chegou ainda?

Louis suspira. Ah, céus, lá vamos nós.

— Ele se atrasou no trabalho, mas vai chegar antes da cerimônia — eu espero.

Louis nota o desapontamento no olhar. Era sempre a mesma coisa, e mesmo que fosse seu maior desejo, ele não podia mudar tudo sozinho. Era o que era.

— Eu acho que ele não gosta de ficar em casa — o garotinho diz baixo e encara os sapatos novos. Louis sente seu peito se fechar com aquela cena. Porra. — Eu não deixo ele...uh... ele– merde, eu não consigo lembrar a palavra.

Louis suspira e volta a agachar-se no assoalho de madeira, ficando quase da mesma altura que o pequeno humano na sua frente. A dois anos atrás, quando Louis se abaixava, ele ainda ultrapassava seu garotinho, mas agora com sete anos completos, Louis quase ficava para trás. Ele estava crescendo rápido demais na sua opinião, e aquilo fazia seu coração apertar.

— Primeiro: não diga essa palavra — ele diz sério e com censura, fazendo o garoto olhá-lo com culpa. Louis sorri suavemente para amenizar a situação. — Segundo: é apenas o trabalho, tudo bem? Você não tem absolutamente nenhuma culpa sobre isso, está sendo uma temporada corrida tanto para ele quanto para a tia Lottie.

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