XVII

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Os dias antes da véspera de natal passaram em um piscar de olhos. A casa de Anne vivia cheia de pessoas naquela altura — Harry, Niall, Liam, Louis e Lottie bagunçando os quartos. Gemma e Robin levando o jantar em todas as noites (Harry tentava não se incomodar com Anne e Robin ficando aos cochichos nos cantos, mas Louis dizia que ele só era um ciumento bobo). Kendall e Cara apareciam em quase todas as tardes para eles visitarem um novo lugar em Londres, o que terminava com alguém do grupo emburrado.

Niall e Cara estavam constantemente tentando competir pela atenção de Kendall, deixando a garota à beira da loucura por ter que escolher entre Cara, sua melhor amiga, e Niall, seu... Alguma coisa. Eles não entendiam aquilo.

Era engraçado, de de qualquer forma. Niall e Kendall discutiam tanto quanto Harry e Louis, mas era uma novidade ver Niall daquele jeito por alguém, então Harry e Louis deixavam suas próprias birras de lado apenas para apreciar aquela versão de Niall.

— Vocês estão obcecados — Liam ralhou um dia quando eles estavam encarando, sem piscar, Niall vermelho enquanto discutia com Kendall sobre escolher o restaurante onde o grupo iria jantar. — Deixa ele viver isso em paz.

— Liam, isso é simplesmente fascinante — Louis respondeu monótono antes de Harry colocar um cubinho de melancia em sua boca, também distraído com a cena. — Eu não sabia que Niall era capaz de gostar de outra pessoa sem ser ele mesmo.

Liam bufou, mas ficou quieto (ele também estava olhando, Harry sabia).

Também havia Harry e Louis, é claro. Ainda eram suas próprias versões, mas de alguma forma os dois aparentavam estar mais maduros perto um do outro. As brigas diminuíram enquanto estavam em Londres. Louis sorria mais e até deixava Harry pegar sua mão em público sem criar uma barreira entre eles, limitando as coisas. Era bom, era esplêndido. Harry se sentia em um dia de verão mesmo com a neve caindo em peso do outro lado da janela.

Mas nem tudo podia ser um mar de rosas. Em algumas manhãs, Louis andava pela casa com o semblante preocupado, calado. Distante. Harry tentava sentir o calor de sua pele por debaixo da mesma no almoço, mas Tomlinson o afastava, deixando-o frustrado, o que acabava deixando toda a casa irritada (porque se Harry estava infeliz, então todos deveriam ficar infelizes também).

Na manhã da véspera, após Liam acordar Harry rindo de algo que acontecia apenas em sua mente sonâmbula (esquisito) os garotos estavam de pé na sala de estar ainda vestidos em seus pijamas de seda, encarando um enorme pinheiro com caixas e mais caixas de decorações ao lado.

Ah, não...

— Achei que seria um bom programa em grupo para vocês nessa manhã — Anne dizia enquanto preparava o café no cômodo ao lado. — Mas acho bom serem ágeis, pegaremos a estrada depois do almoço.

Harry se virou com os olhos ainda inchados de sono.

— Pegar a estrada?

Aquilo não estava nos planos. Ou estava? Ele não lembrava nem seu próprio nome naquele momento, parecia uma ótima ideia sair correndo pro quarto e dormir até o fim do ano.

— Sim, para Holmes Chapel — Anne suspirou ao notar a expressão perdida de Harry. — Eu falei sobre isso com você no telefone antes das férias! Sobre irmos para a casa dos seus avós no natal?

Ah, certo. Aquilo parecia fazer algum sentindo na mente nebulosa de Harry. Avós, parentes, amigos e Louis. Todos reunidos em um só lugar. Claro. Era uma ideia formidável e não havia nenhum motivo para suas mãos estarem suando tanto.

— Não me olhe assim — sua mãe pediu divertida. — Seus avós não veem você a mais de dez anos, pelo menos finja estar amimado.

— Dez anos? — Niall perguntou surpreso e em seguida arregalou os olhos, arrependido.

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