XXV

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esse foi o capítulo mais difícil de escrever na minha vida, e olha que ele tem muito salto de tempo.

GENTE A FANFIC NÃO TÁ CONCLUÍDA AINDA eu to reescrevendo ela, só vai tá concluída quando eu postar o epílogo então não se preocupem. e desculpa a demora, sério, às vezes esqueço que smother não vai se escrever sozinho 🤡


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Iria ser um dia melancólico quando Harry foi liberado do hospital. Ele soube disso ao observar o céu nublado e o vento cortante em sua pele rosada, o trânsito de Londres estava relaxado e os pedestres se escondiam do temporal nas pequenas cafeterias de esquina. Parecia tudo lento e silencioso, como se o mundo inteiro estivesse sentindo-o ao mesmo tempo e resolvesse parar em compaixão.

Harry sentia o peso dos olhares, mas ninguém falará nada, apesar de todos saberem muito bem o que acontecia. Desde que saiu da casa de Desmond meses atrás para ir até o interior de Yorkshire, parecia que a vida de Harry havia se tornado um livro completamente aberto e de fácil acesso, era impossível esconder-se, sempre havia uma atenção ou duas presa em seus movimentos. Ele começou a odiar ser visível. Harry desejou poder apagar-se das memórias de todas as pessoas que passaram por ele durante dezoito anos, e assim, sumir junto com o vento.

Ele reconhece o prédio de Anne a esquerda quando o carro estaciona, mas era estranho estar ali agora, desacostumado com a construção que deveria ser o seu lar. Harry sabia que aquele apartamento logo estaria em sua posse, levando em consideração a conversa que Anne tivera com ele dias atrás sobre se mudar com Robin para Cheshire após o casamento e deixaria aquele lugar para Harry, caso ele e Liam quisessem permanecer em Londres. Harry não sabia nem se conseguiria passar daquele dia, quem dirá chegar na universidade.

Enquanto ele sai do carro e se agrupa com os outros na frente do prédio em tons pastéis, Harry pega-se pensando se um dia ele iria conseguir ser o mesmo de antes novamente. Com certeza não, ele conclui quando Anne abre a porta de entrada e o ajuda a subir as escadas, talvez sua vida seria aquela bola opaca e fria a partir daquele dia, talvez no fundo ele já estivesse se tornando aquela versão a um tempo, esperando apenas um gatilho (literalmente) para se libertar. Liberdade poderia ser um belo sinônimo para solidão, embora.

— Você precisa de algo, querido? — Anne pergunta quando eles já estão dentro do apartamento no meio da sala de entrada.

Harry olha o cômodo com um gosto amargo na boca, desejando não estar ali. Ele se esforça para negar com a cabeça, sabendo que nenhuma das pessoas que estavam cercando-o com preocupações mereciam seu silêncio mórbido.

Liam e Niall o ajudam a chegar no quarto, a cama range quando seu corpo deita no colchão e as cortinas são puxadas para cobrir a luz da janela. Nenhum deles ousa falar algo, apenas ficam lá, preenchendo o ar do quarto com suas dúvidas e indiferenças. Harry não iria culpá-los caso eles não quisessem mais ficar por perto dali em diante, ele mesmo não estava se achando uma boa companhia, na verdade ele meio que já estava esperando que Niall e Liam apenas saíssem com suas coisas e nunca mais entrassem em contato com ele novamente.

Mas não é o que acontece, é claro. Eles ficam no quarto até as horas se arrastarem e o dia escurecer, jogando conversa fora e tentando incluir Harry no falatório, mas ele estava ocupado demais encarando as cortinas pretas que se mexiam elegantemente com o vento invadindo as frestas. Eles ficam no quarto, esperando Harry, quando Robin precisa ajudá-lo a tomar banho e trocar o curativo. E eles também ficam quando o jantar é servido na cama e todos resolvem se juntar por ali mesmo, acomodados em cadeiras em volta da cama enquanto os talheres batem nos pratos.

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