IX

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Eu consigo te entender. Sobre beijar garotos. Às vezes é divertido.

Harry ficou repetindo aquilo na sua cabeça durante a noite toda. Às vezes é divertido. Às vezes é divertido? O que diabos aquilo deveria significar, afinal? Às vezes. Às vezes é divertido. Divertido. Divertido. Bem, sim, era divertido, mas para Harry não era só diversão, era mais... Quero dizer, ele nunca foi carente romanticamente, então querer um relacionamento nunca foi algo que o perturbou muito, mas também não era só diversão. Então, que porra?

Ele grunhe frustrado incontáveis vezes enquanto rolava no colchão e tentava dormir, mas estava sendo uma madrugada daquelas. Insônia era uma merda, Harry já havia se acostumado naquela altura de sua vida. Divertido. Um suspiro escapa quando ele procura Louis na cama ao lado, mas estava vazia e arrumada, como se ninguém tocasse nos lençóis há várias noites.

Eu consigo te enten- okay, chega. Chega. Chega. Chega.

Harry ouve as outras crianças perambulando pelo corredor. Já havia amanhecido — provavelmente era algo próximo às 7 da manhã? Harry não sabia dizer — e ele acabará perdendo a missa do dia. Mas aquilo era o menor de seus problemas porque ele estava acordado a mais de um dia completo e Louis Tomlinson achava divertido beijar garotos. Às vezes. Só quando eles não eram alvos fáceis. Harry era um alvo fácil? Ele se pega pensando sobre isso. Ou ele fazia mais a linha dura e inconquistável? Hm. Ele perguntaria aquilo para Kendall mais tarde (apenas por curiosidade, vocês sabem).

Harry estava ciente que havia perdido a missa e a primeira aula do dia — era álgebra, pelo amor de Deus, ele não precisava de mais aquilo na sua manhã —, então eventualmente alguém apareceria para puxar sua orelha e obrigá-lo a estudar (quem poderia pensar em estudar durante uma crise tão séria igual aquela????). Mas Harry não imaginava que essa pessoa seria... Niall. Que também deveria estar na aula, aliás, mas de repente ele estava plantado na porta do quarto de Harry, encarando seu pijama com pequenos formatos de âncoras.

Harry esfrega os olhos só pra garantir que não era um pesadelo.

— Ai está você — Niall disse mais baixo que o normal (o que era muito estranho) e anda em passos curtos até a cama de Louis, bagunçando os lençóis quando seu corpo cai no colchão. — Liam estava preocupado, você sumiu durante toda a manhã.

Harry faz um esforço para sentar-se na cama de forma que conseguia olhar Niall. Ele nota que o rapaz não usava o uniforme tradicional do colégio, em vez disso calças jeans, converses e um suéter preto de lã enorme escondia o corpo pálido de Niall.

— Você está bem? — Harry pergunta com a voz carregada de preocupação. Niall mal piscava seus olhos distantes, parecia que alguém havia desligado aquele garoto arteiro do dia-a-dia, deixando só... um corpo vazio.

— Mmm? — Niall murmura após uma eternidade, parecendo dar-se conta que estava ali e que Harry falava com ele. — Ah, tudo bem cara. Só estou cansado. Por que você não foi tomar café hoje?

— Dia ruim — Harry diz com a voz vaga e esconde as mãos debaixo da coberta, falhando em tentar aquecê-las. — E você?

— Dia ruim — Niall murmura e encolhe os ombros. Harry queria chorar só de vê-lo naquele estado murcho.

Niall era o verão. Não existia outra forma ampla para explicar aquele garoto. Ele radiava tanta luz e calor que, automaticamente, você se sente acolhido por ele. Enquanto os olhos de Louis eram azuis iguais ao mar sob o domínio de Poseidon no auge do solstício de inverno, os olhos azuis de Niall eram o céu sob o domínio de Zeus no melhor dia do solstício de verão. Mas, naquele dia em questão, Zeus estava tenebroso.

SmotherOnde histórias criam vida. Descubra agora