XI

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Harry recebe uma ligação de Desmond após quase dois meses sem ter contato com ele.

Eles estavam saindo da igreja após a missa do dia. O sol começava a nascer no horizonte enquanto Niall contava sobre a vez que foi pego urinando na fonte do último colégio que estudou. Harry até se surpreenderia, mas honestamente? Niall não o surpreendia mais. Harry apenas esperava tudo vindo dele.

Louis estava encostado em uma árvore próximo à saída da igreja, seus dedos digitavam freneticamente no celular e sua expressão não era nem um pouco contente. Mas quando seus olhos subiram e se depararam com os amigos caminhando em sua direção, ele aparentou ficar mais relaxado.

Quase todas as manhãs os garotos encontravam Louis esperando entediado do lado de fora da igreja. Zayn até o questionou sobre isso (Harry achava que ele desconfiava de algo), mas Louis era bom em enrolar e nunca admitiu que estava ali apenas para ver Harry emburrado por ser obrigado a participar das missas enquanto ele podia dormir até mais tarde ou bisbilhotar livremente algum lugar inexplorado.

O pequeno grupo caminhou até onde Louis estava, mas os pés de Harry travaram no meio do caminho quando seu celular vibrou no bolso do paletó e o nome de seu pai apareceu no visor. Sua respiração falhou. Ele acabará de sair de uma missa repleta de longas orações sobre paz e amor, qual é.

— Desmond? — Harry atendeu sem muito entusiasmo. — Aconteceu algo?

— Está ocupado?

— Não — Harry murmura ignorando o olhar questionador de Louis.

— Eu conversei com Sullivan nessa manhã — ah, ótimo. — E pedi para que ele te liberasse essa noite.

Harry franze a testa e aperta mais o aparelho contra sua orelha.

— O que? Por que?

— Preciso que você compareça em um jantar — Desmond diz. — Um dos meus clientes sugeriu que você conhecesse a filha dele que completou dezessete anos recentemente. Boa moça, não me decepcione. Eles são uma família importante.

Harry sente sua garganta ficar seca. Que porra era aquela?

— Pai? — sua voz sai amarga.

— Alguma dúvida? — Desmond disse impaciente do outro lado da linha. — Sullivan vai te acompanhar e depois vai te buscar.

— Só uma, se me permite — Harry começa com os dentes trincados. — Você lembra o motivo de ter me mandado para cá?

— Eu gostaria de não lembrar.

Harry fecha os olhos sentindo sua garganta ficar apertada. Não chore na frente de seus amigos e Louis, pelo amor de Deus, não chore. Não agora.

— Eu não gosto da companhia de garotas dessa maneira, Desmond — Harry o lembra, mesmo tendo a certeza que seu pai não havia esquecido aquela informação. — Não acho que seria muito confortável para nenhum de nós.

Desmond suspira do outro lado da linha.

— Você ainda insiste nessa história em virar gay? Pelo amor de Deus, Harry — seu pai diz com desgosto e impaciência. — Esteja pronto as cinco em ponto, Sullivan te levará até lá.

E desligou.

Harry ficou olhando para o telefone com as vistas embaçadas. Ele não esperava que seu pai um dia o aceitasse com os braços abertos, mas ouvir tudo aquilo ainda doía, como se Desmond enfiasse alfinetes em Harry a cada palavra amarga que vociferava.

— Henry?

Harry se recompôs rapidamente quando ouviu a voz de Louis atrás de si. Um sorriso falso fora implantado em seus lábios e ele torcia com todas as forças para que seus olhos não estivessem vermelhos. Ele se vira com cautela ao mesmo tempo que guarda o celular no bolso da calça.

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