[39] self hate

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ROSÉ'S POV

Paro o carro na grande área verde e vejo algumas tendas montadas, assim como Jungkook, Jisoo, Lisa e Jin tentando fazer fogo para uma fogueira.

Jennie vai até eles e um pequeno sorriso nasce na cara de Jungkook, mas logo é escondido quando o olhar dos dois se encontra.

Jin me vê e o seu sorriso se desmorona. Eu apenas suspiro, vendo ele caminhando na minha direção, já sabendo qual vai ser o assunto da conversa.

— Você está bem? — ele pergunta assim que chega perto de mim.

— Eu estou ótima. Por favor, não comente com ninguém o que aconteceu ontem.

— Me deixe ver.

— Não.

— Chaeyoung, eu não estou pedindo.

Eu apenas suspiro e puxo minha manga para cima, lhe mostrando meu pulso. Ele passa seus dedos pelos cortes recentes e também pelas cicatrizes de outros.

— Porque você fez isso?

— Seokjin... você disse que não ia fazer perguntas.

— É, eu disse que não ia fazer perguntas, ontem. Quando te encontrei sofucando no choro em cima de uma ponte com os pulsos e as pernas sangrando. — ele fala e eu apenas engulo em seco. — Eu não disse que não faria perguntas hoje. Então, fale comigo.

— A gente não se conhece assim tão bem para eu falar com você sobre isso.

— Chaeyoung. Não interessa quanto tempo a gente se conhece. Você precisa desabafar e agora que todo mundo está virando amigo, eu não vejo porque você não pode conversar comigo.

Eu apenas suspiro. Olho em volta verificando se alguém está nos observando e encaro ele de novo.

— Eu faço isso porque é uma maneira de me manter afastada de todos os outros pensamentos.

— Que pensamentos? O que está acontecendo com você? — ele pergunta. — Eu sempre te vi sorrindo, quando você estava com o Jimin, e a gente passava mais tempo junto, você sempre era a que alegrava todo mundo. Quando eu te vejo nos corredores da escola, você está sorrindo, eu te encontro na rua, você está sorrindo, eu te encontro nas festas, você está sorrindo!

— Nem tudo é o que aparenta, ok?! — grito, fazendo alguns olhares se voltarem para nós.

Suspiro e fico calada até todo mundo voltar para o que estava fazendo antes. Seokjin me encara e assente.

— Eu sei disso. Eu só não entendo como você consegue esconder tão bem.

— Eu não estou escondendo. Eu não estou forçando nenhum sorriso. Eu me sinto feliz quando estou perto dos meus amigos, quando tenho pessoas em volta. Mas... parece que todos os demônios atacam quando eu entro no meu quarto e fico sozinha entre quatro paredes.

— E... que demônios são esses?

— Ódio.

— Ódio?

— Eu me odeio. — pronuncio com algum desdém, fazendo ele me encarar.

— Como assim você se odeia?

— Odiando. — reviro os olhos.

— Você não tem razões para isso.

— Eu já sabia. Eu já sabia que você ia falar isso. Porque é o que todo mundo fala. Minha mãe fala isso, meu pai fala isso, minha família inteira. "Você é tão linda, para de falar isso, deus ainda vai castigar você". Eu estou farta de ouvir essas merdas. Vocês realmente acham que eu vou melhorar falando que eu não tenho razões para não gostar de mim, ou que Deus vai me castigar por isso?!

— Chaeyoung, você realmente não tem razões. Você é linda, tem um corpo bonito, tem uma pele maravilhosa, um sorriso contagiante...

— Para! Para, eu não aguento ficar ouvindo essas merdas, não aguento ficar ouvindo isso, vocês sabem que isso não é verdade e ainda o dizem! Eu tenho espelhos em casa! Parem de tentar tapar meus olhos com esse monte de elogios falsos que vocês falam! — falo e ele apenas suspira, fechando os olhos. — Eu sou um lixo, eu não sirvo para nada, meu pai tem dois empregos para ajudar minha mãe a me sustentar, minha mãe está cansada com todo o trabalho que tem com meu irmão mais novo e eu estou aqui no meio, atrapalhando e obrigando os outros a se sobrecarregarem por minha causa! E o que eu faço para merecer isso? Fico dormindo o dia inteiro e sujando louça para minha mãe lavar!

— Chaeyoung, se acalma, por favor...

— Não, Jin, você não entende! Eu sinto como se eu não pertencesse a esse mundo! Eu não sou daqui, eu nunca vou conseguir viver feliz aqui, eu só quero desaparecer. Eu só quero ir para junto da minha vó.

— Onde está sua avó?

— Ela está morta.

— Quê?! — ele eleva o tom de voz. — Chae... me ouça por favor. Você precisa ver um psicólogo, okay?

— Eu não quero ver psicólogo nenhum.

— Ele vai te ajudar.

— Eu não posso ser ajudada.

— Pode sim. Todo mundo passa por fases ruins, acredite em mim. Uns piores que outros, alguns chegam até ao extremo. Mas todo o mundo se sente em baixo em alguma altura da vida. Mas acredite em mim, você vai dar a volta por cima. Você vai conseguir olhar no espelho e se amar. Você só não pode chegar ao extremo, e você está caminhando para lá. Por favor, deixa alguém te ajudar. Queira ajuda.

Eu apenas suspiro, permitindo que algumas lágrimas caiam dos meus olhos. Engulo em seco e volto a encarar ele.

— Eu vou pensar nisso.

— Por favor, pense bem. Você está realmente precisando, e acredita em mim, o acompanhamento médico vai te ajudar muito.

— Eu não posso contar nada para minha mãe, não quero sobrecarregar ela com preocupações. Nunca quis.

— Tudo bem, eu posso te aconselhar um psicólogo e te levo nas consultas.

— Porque você está fazendo isso por mim?

— Amigos são para isso, Chae. Eu sou o mais velho daqui. Devo cuidar de vocês. — ele sorri levemente.

— Bom... obrigada, omma. — rio um pouco.

— De nada. — ele fala e me puxa para um abraço. — Vamos voltar para perto dos nossos amigos?

— Sim. — sorrio.

Caminhamos de volta para perto do pessoal, ainda abraçados. Assim que chegamos, alguns olhares caem sobre nós e alguns risinhos são ouvidos.

— Se eu não soubesse que o Jin é gay, eu shipparia, viu? — Taehyung fala causando algumas gargalhadas.

— Você e suas certezas quanto a minha sexualidade. — Seokjin revira os olhos.

— Hyung, tá escrito na sua testa. — Yoongi ri.

— Palhaços.

Sentamos em frente da fogueira, sentindo o calor do fogo aquecendo nossa pele fria.

Esses são os melhores momentos. Quando eu estou perto de quem me faz bem.

her boyfriend {pjm}Onde histórias criam vida. Descubra agora