[4] Do It Right

1.4K 184 120
                                    

— ...Nunca deve desrespeitar seu alfa. Manter as coisas calmas e em paz é uma sábia escolha, principalmente em períodos de cio, quando os hormônios estão mais à flor da pele. — me explicava a irmã de Kim Taehyung, meu mais novo alfa, sobre o comportamento que um ômega deveria obter perante seu alfa.

Aquilo parecia mais uma listagem de regras da escola.

— Se você quiser opinar ou impor algo, deve escolher momentos propícios para isto. Quando ele estiver agindo carinhosamente com você, por exemplo. — me aconselhou ela, capturando mais uma taça de vinho que um funcionário passava oferecendo numa bandeja. — E, claro, nunca exagere em nada, muito menos em bebidas, alfas odeiam isso.

Fiquei chocado ao descobrir que, com apenas dezoito anos, ela já era marcada — exatamente! — desde os quinze por um homem absurdamente mais velho que ela, devia estar na casa dos trinta anos quando o vi, em toda a sua aura escura, pela primeira vez.

Era inacreditável que existisse amor na relação de ambos.

— Esta é a sua terceira taça de vinho em menos de meia hora. — alertei, seguindo seus próprios conselho.

Ela parou de beber o vinho abruptamente e olhou para a taça, me dando um sorriso meigo e cínico depois de ter afastado a taça de sua boca.

— Foi como eu disse. Quando quiser impor algo, espere o momento propício, e hoje é o meu dia propício para beber. Eu adoro beber! — revelou, terminando o vinho em uma golada, esvaziando a taça em questão de segundos.

— Por que tenho a sensação de que há algo a mais? — perguntei, notando a opacidade semelhante à do irmão em seus olhos, apenas para presenciar seu sorriso se afrouxar até se transformar num biquinho frustrado.

— Às vezes eu odeio ser tão transparente. — suspirou ela, me olhando como um cãozinho abandonado, e ao se dar conta de meu olhar confuso, confessou após bufar: — Tivemos uma discussão antes do seu casamento, okay? Mas vai ficar tudo bem, eu sei.

Mas os olhos dela não diziam isso, e eu me neguei a acreditar que a opacidade nos olhos era uma característica comum da família. Ela parecia querer chorar a qualquer instante, mas antes que eu pudesse presenciar seu primeiro momento de fraqueza fui surpreendido pela repentina aparição de seu alfa. O rosto contorcido num sorriso falso que se esforçava para demonstrar simpatia, mas a expressão "suma daqui" não passava batida, sendo mais transparente que a taça que Yoona tinha nas mãos.

— Olá. — me cumprimentou, eu apenas assenti uma vez, recebendo, então, seu olhar confuso. — Não deveria estar com seu alfa?

— Não posso estar com alguém que não sei onde está. — disse, simplesmente, lhe sorrindo pela primeira vez.

Ele arqueou as sobrancelhas, parecendo surpreso por minha resposta afiada, mas Yoona me encarava de outra maneira, com um pouco de susto, claro, mas o brilho repentino de orgulho resplandecia suas íris.

Ela já percebera que tradições não eram comigo, muito menos aquelas que me rebaixavam a menos que um grão de areia.

— Tive a impressão de tê-lo visto perto da mesa de biscoitos. — disse ele, pronunciando a palavra "biscoitos" com desdém, já que aquele doce não era tão refinado quanto aos que ele estava acostumado. — Parecia estar procurando por você.

— Existem formas mais educadas para pedir que alguém se retire, senhor Kang. "Com licença" é a mais comum delas. — disse, me reverenciando formalmente antes de sorrir discretamente para Yoona e lhe deixar com a covinha na bochecha direita à mostra, no sorriso mais orgulhoso que um dia já recebi. — Aproveitem a festa.

Epiphany [KTH • KSJ]Onde histórias criam vida. Descubra agora