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Nunca, em dezenove anos de vida, eu já passei por uma situação mais dificultosa e causadora de vergonha própria.
Tudo começou quando percebi que a geladeira de minha casa e de Taehyung estava vazia, sem carboidratos, legumes ou algo decente para cozinhar a meu alfa. Portanto, resolvi agir.
Deixado em casa por Taehyung, que pareceu ter se deparado com assuntos inacabados — cada vez mais frequentes — longe de casa, portanto teve de sair com o carro, usufruí do maravilhoso mapa autoexplicativo que ele adaptara para encontrar o supermercado mais próximo, ao encontrar uma rota fui na cara e na coragem fazer compras naquele lugar que eu nem sabia se possuía algum ser vivo além de mim.
Após me dar conta de que a única coisa distante ali era a nossa casa, enchi o carrinho com tudo o que era necessário para se ter uma vida saudável, sem esperar tanta coisa dentro de sacolas.
E foi assim que me encontrei atravessando a floresta com pelo menos vinte sacolas em mãos.
Mas é claro que eu não podia esquecer um importante detalhe que me atingira como um soco naquela manhã. Algumas lágrimas caíram de meus olhos quando, antes de sair, Taehyung me deu apenas um beijo na bochecha, sem nem me acordar para dizer aonde iria ou se queria me levar junto.
Provavelmente não.
O amaldiçoei em silêncio enquanto tomava um banho gelado, e, não só por esta característica, mas também por meu cheiro se encontrar mais forte que o corriqueiro percebi.
Eu estava oficialmente no cio.
Nenhuma prece seria milagrosa o suficiente para me ajudar com aquelas malditas dores abdominais e o humor frágil, por isso decidi dar uma caminhada também — apesar de minha saída ter sido principalmente por subsistência, pois meu lobo queria apenas ficar abraçado ao travesseiro que continha o cheiro de meu alfa.
Então, como se não bastasse ter que sair de um supermercado sendo alvo de olhares debochados pela quantidade lastimável de sacolas, também fui alvo de olhares ambíguos por meu cheiro de cio.
O que foi incrível, porque ser algum já tivera reparado em meu cheiro nestas épocas. Me atrevi a pensar que a maliciosa mente alfa queria meu corpo abaixo do peso apenas pelo anel que se encontrava em meu dedo anelar.
"Alfas..." — revirei meus olhos enquanto puxava mais as sacolas para conseguir segurá-las.
Má ideia, pois a sacola com os dois melões maduros que eu comprara tivera a infelicidade de rasgar, deixando os melões rolarem terra abaixo sem o menor esforço para pará-los.
"Ah, maravilha. Era exatamente o que eu precisava!" — pensei, deixando as outras sacolas no chão cuidadosamente, de uma maneira que não desafiassem a física, e correndo em busca de recuperar os dois melões que quase sumiram de minha vista.
— Ah~! — gritei assim que o primeiro melão bateu de encontro a uma árvore, me contendo para não explodir de raiva, pois já bastava aquele melão despedaçado no chão.
Andando com o coração apertado e uma tremenda vontade de chorar por ter perdido o melão mais bonito que já tivera visto na vida, fui a passos lentos e desanimados em direção ao outro, escondido num arbusto.
— Um melão! Omo~! — ouvi alguém exclamar e, literalmente, caí para trás assim que vi um garotinho, pequeno e sujo, sair do arbusto com o melão em mãos.
Como aquela criaturinha teria ido parar ali? Com todos aqueles espinhos? Pois é, existia louco para tudo.
Ele parecia tão iluminado por ter recebido um melão que sequer notou minha presença, apenas quando minha mão quebrou um galho por acidente virou-se e o rosto empalideceu, substituindo a alegria genuína por um medo incompreensível.
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Epiphany [KTH • KSJ]
Fanfic"Ele chegou por acaso, como uma serendipidade. E me ganhou em toda sua singularidade." - Kim Seokjin [...] Algo que Kim Seokjin, mesmo em sua condição como ômega, não esperava e desejava era se casar com alguém que sequer tivesse alguma noção sobre...