[29] Hanadulset

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Era Epiphany que vocês queriam? Pois tomem! 15 mil palavras para ocuparem essa madrugada de vocês ;)

(Revisão e correções serão feitas em breve.)





Há um ano os cheiros que tomavam conta do meu olfato pela manhã eram de canela, mel e leite quente. Há um ano eu me desesperava com a nata do leite fervente quase transbordando da panela sobre o fogão por minha distração em alimentar Bambam. Há um ano eu explicava para Taehyung que era preciso secar o cabelo da bebê além de todo o corpo após o banho.

— É um dez, Seok-Pa. Isso quer dizer que são dois dez avos? — e há um ano eu retornara aos meus tempos de escola, ensinando a Yoojoon, em seus cinco anos de idade, como frações eram lidas.

— Deixe-me ver, por favor. — com Bambam em meus braços e uma pequena toalha envolta em seus cabelos lisíssimos, inclinei-me sobre a mesa da cozinha, checando seu caderno de lições para casa, o cenho franzido em direção às folhas amareladas, tema do livro O Pequeno Príncipe pelo qual Yoojoon, tão logo aprendera a ler, se encantara. — Não, a leitura muda, se lembra disso? São dois décimos.

— Tsc, é verdade... — Yoojoon apagou o formato por extenso que escrevera, frustrado consigo mesmo por ter errado o que repetira em seu caderno inúmeras vezes anteriores, todavia o tranquilizei acarinhando suas madeixas castanhas após ter enchido seu copo de leite.

Eu sempre lhe dizia que estava tudo bem errar, desde que sempre se tentasse uma nova vez.

— Que cheirinho bom! — o travesso Taehyeon exclamou, adentrando a cozinha todo aprumado, o cabelo como macarrão recém tirado da embalagem pela quantidade de gel que punha em seus fios, "inteligente como titio Joon", ele sempre dizia.

Me perguntava o que ele pensaria quando descobrisse que aquela era uma exigência de seu ambiente de trabalho, não algo que tornava Kim Namjoon um gênio da área econômica, qual comandava na empresa Kim há pouco mais de seis meses. Na verdade, se Namjoon pudesse escolher, iria trabalhar de chinelos, não esperando hora mais convidativa que a do almoço, recebendo Hoseok com algumas vasilhas de comida a tiracolo para o marido, para se livrar deles com mais facilidade.

Ao encalço do pequeno Moon, Taehyung aparecera abotoando o punho de sua camisa social, a expressão retorcida numa suspeita que não podia surgir sem traços de desdém — sua marca registrada. Há um ano seus cabelos retornaram à coloração e tamanho que os vi pela primeira vez, alcançando a altura dos maxilares, castanhos misturados com um acinzentado que aparentavam combinar apenas com suas feições perfeitas. Tão apoteótico como a um ano atrás, um tornado que passava de forma ferina, deixando tudo revirado.

— O senhor não mencionou que estava com febre um minuto atrás? — Taehyung exclamou atrás do menino, levando-o a dar um sobressalto e encurvar-se de imediato, cobrindo a boca com a mão para soltar um falso bocejo.

— E estou... — o pequeno se sentara à mesa, continuando com seu teatrinho de garoto adoentado para que o deixássemos se ausentar da escola, desta vez deitando a cabeça sobre os braços dobrados, demonstrando fadiga extrema. — Seok-Pa... Não acordei muito bem hoje...

Ah, essa criança...

— É mesmo? Deixe eu adivinhar... — pus Bambam em sua cadeirinha, uma vasilha plástica de mingau à sua frente e sentei-me ao seu lado para alimentá-la, os olhos semicerrados numa desconfiança semelhante à de Taehyung para o pequeno Moon. — Então você não poderá ir para a escola hoje?

— Me sinto tão cansado... Não seria bom ir 'pra escola assim... — Taehyeon era um ano mais novo que Yoojoon, o que explicava sua estatura, no entanto, a solércia que acompanhava sua perfeita dicção para sua idade não possuía qualquer explicação plausível, ao contrário do irmão, que apresentava sinais de gagueira exatamente como eu quando criança.

Epiphany [KTH • KSJ]Onde histórias criam vida. Descubra agora