Como os soldados chegaram tarde à divisão não houve tempo de cumprir certas obrigações como içar a bandeira do país no meio do campo e cantar o hino sulista perfeitamente enfileirados para honrar nossa tão amada pátria e não nos esquecermos de que lado estávamos.
"Francamente... Como esquecer?" — revirei os olhos pelo patriotismo que éramos obrigados a exercer na divisão, torcendo o pano já sujo dentro do balde para continuar secando o chão.
Essas tarefas jaziam cumpridas quando eu e outros cem homens chegamos, entretanto, para manter a disciplina e asseio dos soldados, o capitão Kim Ryeowook nos confiou nossa primeira missão, certamente necessária, mas levemente ridícula.
Limpar cada centímetro do casarão principal, lugar onde os soldados viveriam dali por diante, portanto compartilhariam diversos vírus e bactérias que só podiam ser evitados com a higiene — palavras do Ryeowook-Sunbae.
Eu estava odiando, isso era totalmente perceptível em minhas feições. Porém quando o capitão se aproximava para checar nosso desenvolvimento eu fazia questão de mostrar toda minha determinação em secar o chão do pátio em frente ao casarão, assim que me dava as costas, eu revirava meus olhos até as pálpebras doerem.
— Não é tão entediante. Os soldados podem interagir dessa forma. — ah, eu quase havia me esquecido de meu mais novo companheiro de limpar o pátio, Lee Hyukjae. Kim Ryeowook estava certo. Se o pusessem para conversar com uma porta, ele não teria problema algum. — Deveria ver isso aqui alguns anos atrás. Os soldados tinham apenas algumas escovas de dente para limpar o chão.
— Sério? — sua frase causou-me curiosidade, de fato, mas não pronunciei aquela palavra com outra entonação além do desdém. — Você estava aqui alguns anos atrás?
— Não, mas meu irmão prestou o serviço militar obrigatório há uns quatro anos e contava a qualquer um que quisesse ouvir o quanto a infraestrutura de sua divisão era péssima. Os soldados tinham de recolher as próprias fezes porque nos banheiros de lá não havia encanamento, esgoto, sequer uma fossa. — revelou e sorriu com um intuito tranquilizante ao ver meus olhos arregalados. — Meu irmão sempre inventou histórias muito fantasiosas, então eu não me animaria muito quanto à veracidade disso.
Não pude evitar um riso frouxo de deixar meus lábios e negar com a cabeça diversas vezes enquanto secava o suor de minha testa com o dorso da mão, sendo copiosamente observado por Hyukjae. Reações pareciam fasciná-lo num nível que somente ele entendia, abstrato demais para a compreensão humana.
Mas eu duvidava da espécie de Lee Donghae também.
— ...Você tinha que ver, aquele cozinheiro metido... Fui oferecer ajuda e ele...
— Te mandou 'pro inferno? — Hyukjae completou, Donghae bateu uma palma pesada e apontou para ele, franzindo os lábios como se dissesse "isso aí". — Você sabe que o Suk-Ahjussi é ciumento com a cozinha dele. Não se importe tanto, Donghae.
— Você diz isso porque não foi você que...
— Fui expulso da cozinha a pontapés. — Hyukjae completou de novo, eu começava a achar aquilo macabro ao invés de incrível. — Por que não demonstra sua proatividade em outro lugar do campo?
— Hmmm... — Donghae fez um biquinho fofo com seus lábios finos e outra vez deixei escapar um sorriso. Estava girando a pontinha do pé e com os braços cruzados, semelhante a uma personagem de dorama. — Posso ajudar vocês?
— Claro! Por que não termina de secar este chão? — Hyukjae propôs e Donghae revirou os olhos quando o pano sujo lhe foi estendido, agarrando-o sem vontade e se ajoelhando.
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Epiphany [KTH • KSJ]
Fanfic"Ele chegou por acaso, como uma serendipidade. E me ganhou em toda sua singularidade." - Kim Seokjin [...] Algo que Kim Seokjin, mesmo em sua condição como ômega, não esperava e desejava era se casar com alguém que sequer tivesse alguma noção sobre...