A conversa que tive com meus avós, Jungkook e Jimin rendeu toda a tarde, quando me dei conta as estrelas já pairavam o céu e estava na hora de nos deitarmos para um novo dia.
Jungkook estava se perguntando e me perguntando se Jimin poderia passar aquela noite em nossa casa, mas o mais velho tomou a polida atitude de não se acomodar sem a permissão de nossos avós, deixando a residência após encher Jungkook de beijos ora lascivos, ora castos — por um lado me senti aliviado pela ausência de Jimin, o fato de ele já ter ejaculado em minha cama ainda me trazia arrepios à coluna.
Em minha cama, o lençol gelado cobrindo meu corpo e minhas mãos inquietas quase arrancando meus fios de cabelo, eu refletia sobre a decisão que havia tomado. Um impulso, eu sabia, e que pessoa normal não ponderaria tanto a respeito de assunto tão delicado?
Minhas pálpebras pinicavam pela presença do sono, mas mesmo que eu me esforçasse ao máximo não conseguiria dormir, tamanha minha produção de pensamentos.
Havia mais contras que próis — os documentos que Jimin me arranjaria poderiam ser descobertos como falsos, eu poderia ser reconhecido como ômega pelo meu cheiro ou por alguém do exército, me alistar poderia trazer danos irreversíveis à minha mente, ao meu corpo, e o pior de todos: eu poderia não ter a sorte de encontrar Taehyung —, obviamente eu pensava em mudar de ideia.
Mas... Eu não queria regredir. Cada vez que eu imaginava Taehyung e eu juntos novamente, encontrando forças um no outro para deixar nosso superego quebrar o recalque e transbordar sem controle, a adrenalina voltava com toda intensidade ao meu corpo.
Muitas pessoas pensam em fazer algo para reverter uma situação ruim, mas quantas se arriscam? Quantas elaboram planos, tomam a dianteira, dão o melhor de si para isso?
Eu tinha a oportunidade de fazer algo e correr atrás de meu próprio destino ao mesmo tempo. E mesmo que estivesse fazendo as coisas de um jeito diferente, revolução alguma acontecera pelas pessoas agirem de forma convencional.
— Hyung, você está acordado? — ouvi a voz baixa e rouca de Jungkook me chamar, me deitando de lado na cama para melhor encará-lo no colchão onde estava deitado.
— Estou, Kookie. Mas por que você também está? Não está com sono? — questionei, tentando ver minhas unhas diante da penumbra do quarto.
— Na verdade, estou prestes a desmaiar de sono, Hyung. — ele riu baixinho e a vibração que sua risada causou em meus ouvidos foi o suficiente para que eu me sentisse mais leve.
Jungkook parecia um feiticeiro às vezes.
— Então? — questionei, tendo a quase certeza de que pude vislumbrar o brilho de seus olhos em meio àquela escuridão.
— É que... Eu só queria passar algumas coisas a limpo com você, Hyung. — Jungkook murmurou, como quem não quer nada, e nenhuma luz era necessária para que ele soubesse que meus olhos estavam semicerrados e minha testa franzida naquele instante. — Aish, pare de me olhar assim!
Pelo rumo que aquela conversa estava tomando, não era sobre minha arriscada decisão que Jeon Jungkook queria conversar, mas sobre um assunto que deixava minhas bochechas coradas.
Quando foi à minha casa, há mais ou menos duas semanas, Jungkook me contou sobre sua primeira experiência sexual. Eu sabia que logo, logo ele gostaria de saber da minha.
Mas troca de serviços não passava na minha mente pelo momento.
— Pode tirar o cavalinho da chuva se acha que vou te contar quantos orgasmos tive com Taehyung, pirralho. — cuspi, me virando na cama para encarar o teto, cruzando os braços sobre o peito.
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Epiphany [KTH • KSJ]
Fanfiction"Ele chegou por acaso, como uma serendipidade. E me ganhou em toda sua singularidade." - Kim Seokjin [...] Algo que Kim Seokjin, mesmo em sua condição como ômega, não esperava e desejava era se casar com alguém que sequer tivesse alguma noção sobre...