— Eu já limpei a cozinha? Aish, por que não lavei essa louça? O nhoque está no forno?
— Você não limpou só a cozinha, mas também o quarto de hóspedes, mesmo sabendo que seu amigo não dormirá aqui. Lavou todas as três louças que sujou e acabou de pôr o nhoque no forno. — me lembrou Taehyung, sem desviar os olhos do enorme mapa a sua frente. — Se esqueceu de mais alguma coisa? Eu posso te lembrar.
Sorri timidamente com minha ansiedade. Mesmo conhecendo Jungkook há anos, eu me sentia nervoso com sua chegada, eu queria que tudo estivesse e se mantivesse perfeito enquanto ele estivesse aqui, talvez porque meu ego ômega gostaria de se elevar por elogios supérfluos de meu melhor amigo.
O acontecimento constrangedor na frente da casa de Kim Namjoon e Jung Hoseok aconteceu há uma semana e Taehyung não falou mais sobre isso, prova de que ele me entendia, mas isso não me deixava menos inseguro. Todavia, me obriguei a não pensar nestas coisas, o que ajudou a me concentrar nas coisas que se sucederam na semana que se passou.
Pude conhecer melhor Taehyung e ele a mim. Tínhamos tanta afinidade — em relação a entretenimento e todo o resto — quanto divergências sobre banalidades. Dois dias atrás mesmo discutíamos sobre uma animação que nossos pais costumavam assistir, mas em minha defesa eu não tinha culpa da falta de noção que ele tinha sobre Shin-chan, repleto de humor negro e que deveria ser proibido para crianças.
Assim que eu começava a lhe lançar meus melhores argumentos contra o mal que aquela programação causava às mentes puras das crianças, em contradição ele me dizia que, contudo, o Shin-chan também mostrava aos mais jovens como eles podiam reagir de formas semelhantes dependendo do sentimento — ciúmes dos pais, o primeiro dia numa escola e etc.
Eu precisava ser cauteloso com minhas opiniões formadas, pois já percebera que Taehyung, com suas boas palavras, voz melodiosa e um pouquinho de força de vontade, podia fazer qualquer um acreditar no que ele quisesse.
"Pois é."
Mas a insignificância daquela discussão o cansava tanto que, no fim, ele me dizia que devia largar do pé do desenho e relaxar um pouco, sempre me lançando aquele olhar e sorrisos debochados que me deixavam arrepiado da cabeça aos pés.
Hunf, relaxar...
E esta era a verdade, meus amigos. A coisa mais difícil entre nós dois era manter uma conversa que não acabasse em trocadilhos libidinosos — às vezes bem diretos —, quais (malditos!) sempre me colocavam em maus lençóis por minha boca ser mais rápida que meu cérebro, foi assim que Taehyung descobriu que eu adorava abraçá-lo para dormir e sentir seu calor protetor de alfa. Ele me abraçava fortemente todas as noites.
Mas apesar de desconcertante e ter me deixado corado, isso mostrou-se necessário para que eu pudesse descobrir uma coisa.
Taehyung não resistia a mim.
Por isso que em uma de nossas conversas pude desabafar sobre a falta que minha família me fazia, principalmente Jungkook, e, sem que eu precisasse pedir, ele me deixou convidá-lo para uma visita.
Eu nunca admitiria para mim mesmo que minha falsa carinha triste e manipuladora teriam o ajudado a mudar de ideia.
— Eu já disse que você é o melhor hoje? — perguntei, me aproximando da bancada aonde ele estava sentado com o mapa a sua frente.
Taehyung arranjou um grande mapa da região para que eu não me perdesse caso precisasse sair — para reabastecer a geladeira, por exemplo —, mas ele não tinha muita fé no meu senso de direção, qual já se mostrou bastante falho na casa de Namjoon e Hoseok, portanto escrevia nomes de ruas, números de lugares e pequenos avisos em post it amarelos sobre as ilustrações.
![](https://img.wattpad.com/cover/160691790-288-k497882.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Epiphany [KTH • KSJ]
Fanfic"Ele chegou por acaso, como uma serendipidade. E me ganhou em toda sua singularidade." - Kim Seokjin [...] Algo que Kim Seokjin, mesmo em sua condição como ômega, não esperava e desejava era se casar com alguém que sequer tivesse alguma noção sobre...