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— Está levando protetor... Seojae! Traga o protetor solar! Está em cima da mesinha! — gritou minha avó, me fazendo rir pelo susto que levei.

— Que mesinha? — perguntou meu avô do andar de baixo, aparentemente de boca cheia.

— A mesa de jantar que não é, lobo tolo! — gritou de novo, terminando de colocar minha última peça de roupa dentro da mala e tocando meu ombro antes de sair do quarto para auxiliar meu avô em sua pequena aventura à procura do protetor solar.

Com um suspiro preso na garganta, dei uma última olhada em meu quarto antes de finalmente me encontrar com meu alfa e partir para uma nova vida, numa nova casa, com outra pessoa ao meu lado.

O tom pálido de amarelo em minhas paredes sempre trouxe melancolia à minha avó, apesar de ser normal para mim, mas isso antes de eu concluir que nunca mais dormiria na cama que formava depressões sempre que eu permanecia por mais de dez horas nela, contudo conseguia ser confortável.

Todos os objetos de decoração, enfeite e memória com os quais me deparei durante todos os anos de minha vida estavam encaixados, assim como minhas roupas de cama e cortinas. A rinite de minha avó era muito traiçoeira, ainda mais em contato com poeira. Mas esta arrumação não era apenas uma preservação do bem estar de minha avó.

O outro motivo era a minha ausência. Eu não voltaria para casa por um longo tempo.

— Prontinho. — me virei assim que terminei de fechar a última caixa, vendo minha avó entupindo minha mala com mais coisas desnecessárias. — Dois frascos de protetor solar, Jin. E... Ah! Chapéu!

— Vovó... Estamos em abertura de inverno. — disse, como se fosse óbvio.

Eu ainda tinha a esperança de passar minhas duas semanas de férias de verão com meus avós, mas isso não dependia mais apenas de minha vontade, meu alfa poderia se opor se quisesse, sem contar que à partir daquele momento eu tinha minhas responsabilidades como um ômega casado, e isso era um saco.

— O tempo é louco! Pode mudar a qualquer momento. É melhor prevenir que remediar, meu neto. — disse ela, fechando minha única mala como uma mãe preocupada me preparando para a primeira excursão escolar aos catorze anos.

Se bem que era isso o que ela era para mim. Minha mãe. Ela sempre esteve comigo, e apesar de rígida e ranzinza sempre foi demais, desde me cobrindo no meio da madrugada fria até me mimando com seus excelentes tteok de queijo em épocas de cio.

Meus olhos lacrimejaram assim que ela deu a volta por minha cama e se aproximou de mim, a expressão serena como comumente não era, então levou as mãos aos meus ombros, ajeitando a minha bata cerimonial — que eu ainda usava — com zelo, os acariciando com carinho.

— Não envenene a comida. — começou, me fazendo rir soprado. — Seja agradável e lembre-se do que já conversamos. Caso se sinta desconfortável, pense num prato de comida delicioso que você gostaria muito de almoçar.

Corei por ter me lembrado da conversa "adulta" qual ela tinha me forçado a ter assim que chegamos do jantar em família, quase três dias atrás. Depois de ter me dado uma bronca gigante por ter "me portado mal" no evento, conversou comigo sobre acasalamento, prevenção de doenças e gravidez — como se eu já não soubesse de tudo isso.

— Não acho certo profanar refeições com atos carnais, vovó.— disse, respirando fundo ao me lembrar de minha noite de núpcias.

Estava cada vez mais próxima, e meu coração batia cada vez mais acelerado, tão nervoso quanto eu mesmo.

— Jin, querido... — e se interrompeu para clarear a garganta.

Sua voz mansa me deixou desconfiado, mas eu sabia que sua pretensão com aquilo era me acalmar sobre o assunto. Eu entendia que ela não gostava de me ver daquela forma. Me sentei na cama com ela ao meu lado enquanto a ouvia:

Epiphany [KTH • KSJ]Onde histórias criam vida. Descubra agora