DIA 18 DE NOVEMBRO — NOTICIÁRIO REGIONAL
Atenção, cidadãos sul-coreanos, atenção. Dia dez de novembro, às 11:40 da manhã, foi notificado um atentado a navios mercantes com destino a ilha de Marado, ao sul da costa coreana, portadora de reabastecimento alimentar para os soldados sulistas cumprindo seus alistamentos militares.
Três fragatas vindas do norte foram consideradas responsáveis pelo feito, o que trouxe o patriarca Cho Kyungha, neste dia dezoito de outubro, às 17:29 da tarde, a declarar estado de guerra.
A República Sulista Coreana declara estado de guerra.
Após muitas tentativas de estabelecer tratados e reconciliações...
"Ele não fala desde ontem, sozinho ou conosco. Nenhuma palavra."
"Ele não comeu desde que o alfa partiu, não dormiu, não tomou banho..."
"Eu acho que ele sequer pode nos ouvir."
"Hyung... Por favor, volte para nós..."
As vozes ecoavam e se misturavam na minha cabeça, sem que eu pudesse de fato compreendê-las com coerência. Eu sabia que o assunto era eu, que era de mim que falavam, mas não era como se eu estivesse ali com eles.
Meu inconsciente estava fortemente ligado com Taehyung e suas últimas palavras antes de me deixar para trás.
"Eu fui convocado para fazer parte da linha de frente do exército sulista."
Como a mais forte e devastadora ventania ele chegou, modificando tudo em meu ser, exatamente igual a um tornado numa cidade pequena, apenas para partir em seguida e deixar tudo destruído.
Eu não sentia fome, não sentia sono, não sentia toques. Meu tato pareceu ter se instalado em reverso, dentro de mim, e todas as memórias que com ele colidiam resultavam na mais lancinante dor.
As lágrimas nunca pararam de cair, mas como antes mencionei, deixei de sentir o exterior em algum momento, então não sabia dizer se elas secaram em meu rosto ou seu curso se mantinha contínuo.
Era como se meu corpo estivesse morto e apenas minha mente viva, junto com as lembranças que se mostravam mais aconchegantes que a realidade — a realidade da qual Taehyung não fazia parte.
Uma paralisia do sono infernal e eterna.
Durante este tempo pude pensar em todas as decisões que já tomei, no por quê de tê-las tomado e no que suas consequências acarretaram em minha vida.
Um mês atrás, eu considerava a decisão de dar uma chance para que Taehyung me conquistasse irrelevante, mas ansiava tanto minha pronta liberdade que sequer imaginei que ele poderia conseguir.
Conseguiu me deixar tão preso a ele como minhas articulações eram presas aos meus ossos. E ele fazia parte de tudo isso, parte de mim.
Uma parte que estava sendo dolorosamente arrancada, e em minha condição humana não podia permitir-me continuar passando por aquele sofrimento.
Analisando minhas decisões, nenhuma me pareceu tão imprudente como a que eu estava planejando — sequer dar uma chance para Taehyung.
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Epiphany [KTH • KSJ]
Фанфик"Ele chegou por acaso, como uma serendipidade. E me ganhou em toda sua singularidade." - Kim Seokjin [...] Algo que Kim Seokjin, mesmo em sua condição como ômega, não esperava e desejava era se casar com alguém que sequer tivesse alguma noção sobre...