[23] The Truth Untold

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— ...E eu ainda não ganhei minha grana na aposta de que Cho Kyungha morrerá na virada do ano.

— Ele não morrerá de qualquer maneira. Nós estamos o protegendo, lembra?

— Quem se voluntaria a ser o Judas?

O riso estridente do cozinheiro Suk e de Youngwoon trouxe um zunido irritante aos meus ouvidos. Eu estava de todo irritado, para ser honesto. Irritado com as conversas repugnantes, com o clima abafado que me fazia suar e sentir-me pegajoso, com Hyukjae contando os próprios passos um por um. Meu humor estava péssimo.

E ainda faltavam bons metros até chegarmos a Donghae.

— Está tudo bem? — o sussurro de Taehyung desfez minha careta imediatamente. Eu não estava irritado com ele, nem podia ficar. Ainda.

— Me sinto enjoado com toda a situação. — murmurei, coçando a testa com o dorso da mão quando uma gotícula de água caiu da folha de uma árvore em mim.

— Por que será? — zombou, levando a mão para tocar minha barriga, mas eu a estapeei antes que ele pudesse sentir o tecido de minha camiseta. — Aish!

— Eu ainda não me acostumei à ideia de estar grávido com dezenove anos, Taehyung. Não force a barra. — franzi a testa, e daquela vez era definitivo. Eu estava irritado com todos.

— Prenhes... — resmungou, cruzando as mãos atrás do corpo enquanto fazia uma dança estranha com o mesmo. — Imagine quando a barriga começar a crescer...

Parei no mesmo momento, olhando para Taehyung com uma expressão provavelmente impassível. Aquilo deu uma pane no meu cérebro. Deveria me parecer normal, já que, além de ter tido uma matéria sobre o assunto no colégio, eu era um ômega, mais cedo ou mais tarde algo assim me aconteceria, independente do rumo que minha vida levasse. Mas...

"Grávido? Gordo? Não, gordo, não. Obeso?!" — pensei, sacudindo a cabeça enquanto Taehyung continuava com aquele monólogo aterrorizante.

— As dores nas costas virão, nos mamilos também quando começar a produzir leite. Ah, os desejos estranhos! Me pergunto qual a primeira coisa que você irá me pedir. — o olhar de Taehyung era tão sonhador que eu não conseguia manter minha faceta amedrontada diante daquele sorriso bobo de quem está prestes a ser pai. Infelizmente, eu não conseguia sentir-me da mesma forma. — Vai estar com uma carinha amarrada assim todos os dias, mas o que poderei fazer senão esperar meu ômega ficar manhoso e necessitado para saciá-lo com todo o prazer do mundo?

— Taehyung! — arregalei os olhos e me pus a andar novamente, percebendo que nosso grupo estava mais distante do que eu imaginava, sequer haviam notado nossa ausência. Ainda bem.

— Você não fica coradinho assim quando me pede para te tocar, amor. — Taehyung continuou, me fazendo bufar e andar mais rápido à frente dele. — Seokjin!

Não. Nada de Seokjin. Eu não queria ouvir mais ninguém, mas meus pensamentos não ouviam a eles mesmos.

Um filhote. Eu teria um filhote daqui a alguns meses e estava em pânico. O que eu faria com uma criança? Eu nunca tive um contato mais aprofundado com crianças que segurá-las no colo, brincar com elas e depois devolvê-las para suas respectivas famílias. Elas gostavam de mim, eu gostava delas, mas eu não estava pronto para ter a minha criança!

"Crianças precisam de muitas fraldas, mas, morando no meio da floresta, o que vou fazer quando as fraldas acabarem? Quem cuidará de meu filhote quando eu precisar comprar mais fraldas para ele? E se Taehyung não estiver em casa? As fraldas deverão ser de pano ou descartáveis?" — eu pensava enquanto andava para mais longe de Taehyung, a testa suando num colapso iminente.

Epiphany [KTH • KSJ]Onde histórias criam vida. Descubra agora