Famous Last Words ||Frerard||

••Capítulo 01••

—Arthur, já terminou as análises que mandei?

Trabalho na Nasa, sou astrônomo formado pela universidade de Harvard e por esse motivo fui contratado. Desde que era criança tinha o sonho de ser astronauta e viajar para a lua, um sonho comum entre os garotos. No fim, me apaixonei pelo céu e resolvi fazer astronomia já que seria um tanto complicado cumprir todas as exigências que o curso tem.

—Claro, mandei todas para o seu e-mail.

Gosto de trabalhar aqui, é a parte mais legal da minha vida. Fora daqui eu sou apenas um cara meio estranho que gosta de rock e mora sozinho num apartamento qualquer, mas aqui, eu sou um cientista que tem doutorado e faz coisas que gosta, como estudar possíveis novos planetas e estrelas. Eu vivo para o trabalho, basicamente.

Depois que meu superior, Christopher Cassidy,  saiu da sala, voltei minha atenção aos papéis em minha mesa. Eram dados sobre uma nova estrela, e essa era um tanto quanto especial para mim. Sorri ao pensar em como ela havia surgido no mesmo dia do meu aniversário e em como ela era bonita e cheia de luz própria.

Não percebi as horas passarem e quando dei por mim, já havia acabado meu expediente. Não que eu quisesse morar dentro da minha sala, mas fiz uma careta ao lembrar das varias coisas que teria para fazer quando chegasse em casa.

Era legal morar sozinho e ter minhas próprias regras, mas também era solitário e cansativo as vezes. Uma vez por semana, Lucy ia até o apartamento fazer uma limpeza e cozinhar alguma comida decente para eu comer. Ela trabalha para os meus pais desde que eu era pequeno e cuidou de mim algumas vezes.

—Hey Arthur, trabalhando até tarde outra vez?

Lindsey era uma amiga do trabalho, formada em física quântica. Desde que comecei a trabalhar aqui, ela sempre me tratou bem e por vezes cheguei a pensar que tinha segundas intenções da parte dela, mas no geral, ela só era simpática com todo mundo mesmo.

—Perdi a hora, e você?

—Cassidy me pediu para fazer algumas pesquisas. Parece que encontramos algo interessante dessa vez, Arthur.

—hm, tipo o quê?

—Não sei exatamente, mas tem vida.

Há tempos, a Nasa procura por vida fora da terra e até encontramos uma coisa ou outra, mas nada que seja suficientemente vivo para estudarmos e chegarmos a conclusões certas.

—Ah, espero que eles consigam alguma coisa.

—E como está sua estrela?

—Brilhando.

Lindsey riu e me despedi, dizendo que tinha algumas coisas para fazer em casa. Não era mentira, tinha que cuidar do meu cachorro, Sammy. Ele está comigo desde meus dezesseis anos, somos ótimos amigos e fazemos companhia uma para o outro.

Fui recebido em meu apartamento com varias lambidas no rosto e latidos. Sorri ao pensar em como minha mãe surtaria ao ver meu rosto com baba de cachorro, mas eu adorava.

—Hey Sam, também senti saudades amigo.

Recebi mais alguns latidos e cuidei de trocar sua água e ração. Adoraria caminhar um pouco com ele mas já estava um tanto tarde para isso, então prometi que daríamos uma volta amanhã e fui tomar um merecido banho quente.

Assim que deitei na cama, lembrei que minha última refeição foi na hora do almoço. Não estava com fome, mas tinha prometido a minha mãe e ao médico que faria ao menos três refeições por dia. Levantei e fui procurar alguma coisa perdida na geladeira, faria qualquer coisa para não ter que cozinhar.

Depois de comer metade de um sanduíche congelado, voltei para minha cama e levei Sammy comigo. Coloquei algumas musicas para tocar e fiquei esperando o sono chegar, enquanto meu cachorro se aninhava ao meu lado.

—Não roube meu lençol todo pra você, Sam.

Algumas pessoas acham estranho essa mania de conversar com seu animal de estimação, mas é quase inevitável fazer isso quando você mora sozinho e sente muito carinho por aquela coisinha pequena que você cuida.

Três ou quatro músicas tocaram até que senti meus olhos começarem a pesar. Me ajeitei em uma posição mais confortável na cama e abracei meu cachorro.

—Boa noite, Sam.

Recebi uma lambida na mão como resposta e finalmente consegui dormir. Essa era a segunda melhor parte do meu dia: esquecer do mundo enquanto ficava quase inconsciente na hora do sono.