••Capítulo 11••

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Meu domingo havia sido muito bom ao lado de Frank, me senti bem em ter ficado próximo e em escutar suas dúvidas mais bobas sobre nosso mundo. A simplicidade dele me cativou a passar o dia quase inteiro naquela sala pequena e escura.

Prometi que voltaria para vê-lo durante a semana e só depois disso pude voltar para casa. Sammy estava animado como sempre com minha chegada e brincamos bastante. No fim do dia, eu estava feliz e cheio de baba de cachorro.

Comi uma coisa qualquer e após o banho, resolvi assistir algum filme ou série que me interessasse, já que a programação da televisão aberta é sempre horrível. Qualquer coisa seria melhor que aqueles programas sem sentido.

Enquanto estava com Sammy no sofá, meu celular tocou algumas varias vezes, e, só levantei para buscá-lo porque não estava mais aguentando o barulho irritante do toque. Donna Way ligando.

—Oi mãe, aconteceu alguma coisa?

—Sim, quer dizer, não. Não é nenhuma emergência, liguei apenas pra conversar, meu filho, estou com saudades.

—Eu também, mãe.

—Que bom! Então, te vejo aqui no próximo fim de semana? Seu irmão quer fazer um jantar com a família para nos apresentar a namorada nova. Você vem, não é?

Eu sentia saudades dos meus pais e principalmente de Mikey, mas um jantar como aquele era necessariamente para me perguntarem: "E você, Gerard, quando vai nos apresentar alguém?" após meu irmão ter feito as devidas apresentações de sua namorada.

—Eu não sei mãe, estou com muito trabalho por aqui e talvez não possa ir.

—Arthur! Fazem meses que você e seu irmão não passam um tempo juntos, e ele quer que você esteja aqui, meu amor. É importante para todos nós.

Dei um suspiro profundo antes de acabar cedendo aos argumentos de minha mãe. Sabia que Mikey ficaria chateado se eu não estivesse presente nesse jantar, por isso, teria que dar um jeito de ir.

—Como estão as coisas, Gerard?

—Bem, e por aí? Tudo certo?

—Sim, está se alimentando direito?

—Sim mãe, estou.

—Ótimo! Espero ver você com alguns quilos a mais no fim de semana, meu bolinho.

—Não me chama assim, mãe!

Fui uma criança gordinha e minha mãe era uma das maiores incentivadoras disso. Segundo ela, era a coisa mais fofa ver o Gerard Arthur de seis anos de idade correndo pela casa, todo bochechudo. Tive alguns problemas na adolescência por conta disso e acabei emagrecendo bastante, mais do que deveria, segundo minha mãe. Desde então, Donna faz o possível e o impossível para que eu ganhe um peso extra.

Estava relativamente feliz com meu corpo e não mudaria nada nele. Talvez um pouco de massa muscular me fizesse bem, mas a ideia de ir para a academia e ficar todo suado não me era uma coisa muito agradável. Eu preferia o conforto de casa com o frio agradável que o solstício de inverno trazia naquela época do ano.

O fato é que eu teria que ir para a casa de meus pais de qualquer maneira. Após desligar a ligação, me senti entediado e aproveitei meu tempo livre para fazer uma coisa que estava com muitas saudades: desenhar. Fui até minha escrivaninha e joguei alguns papeis em branco sobre o móvel, esperando por alguma ideia nova que me fizesse passar a noite em claro, desenvolvendo-a. Mas as coisas estavam confusas na minha cabeça. As únicas imagens que me vinham a memória eram das vezes em que vi o pequeno Frank sorrindo. Tentei afastar esses pensamentos, talvez por achar que seria um tanto desnecessário, mas, no fim, cedi.

Famous Last Words ||Frerard||Onde histórias criam vida. Descubra agora