••Capítulo 14••

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Eu acordava feliz todos os dias, finalmente conseguia me sentir realmente vivo. Tinha alguém me esperando no subsolo da Nasa, sempre de braços abertos para me receber. Sempre com os olhos brilhantes e o sorriso mais largo, e lindo, que você possa imaginar.

Frank me fazia bem, minha melhora era visível a qualquer pessoa que me conhecesse antes de sua chegada. Eu não conseguia mais me imaginar sem sua presença pelos míseros 50 minutos de almoço. Aquele garotinho havia se tornado meu vício; pelo menos, dessa vez, eu seria viciado em algo bom e que não me fizesse  acordar em hospitais.

Eu ainda me sentia um pouco mal por estar me relacionando com ele. Toda vez que eu o olhava, só conseguia enxergar alguém realmente pequeno e indefeso. Alguém tão necessitado de atenção que cederia a ficar comigo em qualquer ocasião como aquela.

Mas eu não conseguia resistir a Frank quando aquele pequeno corpo era jogado sob o meu, quando seus braços eram envoltos em meu pescoço, quando suas mãos brincavam com meus fios bagunçados de cabelo e quando nossos lábios se uniam. Me sentir atraído por ele era algo inevitável. Inevitável e errado.

Todos os dias eu ficava nervoso quando encontrava com Cassidy ou algum funcionário responsável pela segurança. A qualquer momento em que eles olhassem as câmeras, poderiam saber de todas as visitas que eu havia feito a Frank. Saberiam de todos os sorrisos que compartilhamos, todos os aprendizados, todos os abraços apertados e cheios de sentimentos, todos os carinhos, todos os beijos que eu adorava, e principalmente, todas as vezes que sai de lá excitado, resistindo a ele e a sua curiosidade.

Essa era uma das partes mais complicadas em ficar ao lado de Frank: ele era curioso, ou louco, o suficiente para me provocar até que eu ficasse duro. Ele queria aquilo tanto quanto eu, mas, como o adulto que sou, tinha em mente que era errado. Eu precisava ser responsável o suficiente para que as coisas não saíssem do controle.

Ter Frank comigo era errado em tantos níveis diferentes que apenas pensar nisso faz minha cabeça doer. Era errado por ele não tinha consciência exata do que aquilo significava. Era errado porque ele era um alienígena e eu, um humano desprezível como todos os outros. Era errado porque eu estava começando a ter sentimentos reais por ele, era errado porque eu não sabia se eram recíprocos. Era errado porque ele estava carente e eu estava ciente daquilo; se fosse em outra ocasião, provavelmente, Frank nem olharia para mim.

Mas me parecia tão certo quando eu sentia seu calor, quando eu tocava sua pele macia, quando eu via seu sorriso, quando eu escutava sua voz doce chamando meu nome ou quando nos beijávamos. Parecia ser a coisa certa a fazer quando estávamos juntos. Eu conseguia esquecer do mundo quando Frank estava comigo e nada mais me importava.

Eu nunca tinha sentindo aquilo por ninguém, não naquela intensidade. Meu coração acelerava todas as vezes em que conversávamos e eu me sentia extremamente feliz por tê-lo ali, no nosso pequeno mundo. Meus pensamentos estavam constantemente indo até ele e me fazendo sorrir sem motivo certo. Era um sentimento tão novo para mim. Eu só queria protegê-lo e fazê-lo feliz.

Mas quando eu pensava nisso, tudo que me vinha a cabeça era como ele sentia saudades de casa, como ele estava triste por ficar trancado naquela sala escura. Fazer Frank feliz significava ajudá-lo a ir embora, a voltar para sua estrela e viver aquela vida sem graça comandado por um Alfa idiota. Aquilo fazia meu estômago revirar. Eu me perguntava se ele realmente seria feliz vivendo daquela forma, sob o comando e as ordens de outra pessoa.

—Gee, quando vão me deixar sair daqui?

—Eu não sei, Frank.

Talvez nunca. Ele ainda não sabia, mas eu sim. Os seres humanos são podres, eles não se importam com quem vão magoar, eles só querem a porra do poder e da fama. O que mais traria tanta fama ao governo dos Estados Unidos que dizer ao mundo sobre seu grande "achado", um alienígena com feições humanas?

Eu precisava ajudá-lo de alguma forma. Era minha obrigação cuidar dele, eu queria aquilo. Queria ser seu salvador, assim como ele havia me salvado dos meus dias escuros e tristes. O grande problema seria como eu iria fazer isso; ninguém poderia saber da origem de Frank e se não soubessem, não ajudariam. Era a porcaria de um labirinto sem saída.

—Gee, no que está pensando?

—Em como vou te tirar daqui.

—Você vai mesmo fazer isso por mim?

Naquele momento, os olhos de Frank brilharam com tanta intensidade que eu poderia lhe prometer o Sol, apenas para que aquele brilho continuasse ali. Eu não poderia prometer que conseguiria tirá-lo de lá, mas eu não estava em minha total consciência com toda aquela beleza dos olhos dele.

—Sim, Frank. Eu vou tentar, eu prometo.

—E se isso te prejudicar?

Eu me importo mais com você que comigo mesmo. Eu gosto de te ver feliz, Frank.

Acabei falando aquilo alto demais. Não queria que ele soubesse, não queria que EU soubesse, porque no fim, eu iria acabar sofrendo por não tê-lo mais comigo. O que compensou aquele momento foi o enorme sorriso que surgiu em seu rosto. Aquele sorriso fez tudo valer a pena. Eu sofreria cada dor que precisasse apenas para aquela cena se repetir mais vezes. Eu seria capaz de mover algumas montanhas, apenas para ver as curvas singelas do sorriso de Frank.

—Eu não sei como te agradecer por tudo isso, Gee. Por ter cuidado de mim desde o primeiro momento, por não me ver como uma aberração, por sempre ser gentil comigo e por vir me ver todos os dias. Eu... gosto de você.

—Eu também gosto de você, mas não precisa me agradecer por isso. Eu faço porque... eu não sei porque. Isso é confuso demais, ugh.

—Não sabe por que gosta de mim?

—Eu...

Antes que eu pudesse responder, Frank levantou-se rapidamente, me fazendo reclamar por ele ter tirado sua cabeça do meu ombro. Eu gostava da sensação, era confortável. Vi ele começar a andar pelo pequeno "cômodo" enquanto pensava em algo. Gostaria de interrompê-lo, mas ele ficava realmente lindo enquanto pensava, tão distraído.

—Porque você gosta de mim, Gee?

—Não sei, eu acho... que... não sei...

—Sabe aquela enfermeira com o cabelo amarelo?

—Loiro. O cabelo dela é loiro, Frank.

—Tanto faz. Ela me trouxe alguns livros. Na verdade não pra mim, ela meio que os guardou aqui para ler no tempo livre.

—E você leu algum?

—Todos. Um deles é de poemas, ou frases clichês, sei lá. Tem muitas coisas confusas, mas, ao mesmo tempo, esclarecedoras por lá.

—É. Poemas são uma boa forma de expressar sentimentos e coisas da vida.

—Eu vi em um deles que, se você gosta de alguém pelo físico, é desejo; pela inteligência, é admiração; pelo dinheiro, é interesse. Mas quando você não sabe o porquê, é...amor?

Seus olhos estavam sob mim. Sua expressão era a mesma de quando alguma criança diz, ou faz, algo errado e espera por uma bronca. Já eu, provavelmente tinha ficado mais vermelho que um tomate maduro. Meu corpo havia tomado uma posição rígida demais e eu estava nervoso o suficiente para gaguejar um pouco.

—O-o que quer dizer com isso, Frank?

—Você me ama, bobinho.









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—Oi meus bebês, tudo bem?

—Frankie vai me matar do coração, é isso.

—'Cause your face is all I need to stay sane. (Que musicão da porra viu, Iero- "She's The Prettiest Girl At Party And She Can Prove It With a Solid Right Hook")

Famous Last Words ||Frerard||Onde histórias criam vida. Descubra agora