••Capítulo 15••

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—Frank, eu-eu tenho que ir.

Eu não era o tipo de cara corajoso o suficiente para assumir algo como aquilo, muito menos o tipo de cara mentiroso que negaria. Minha cabeça estava confusa demais para ser qualquer coisa além de mim, e como sempre, eu escolhi fugir. Fingir que nada aconteceu era uma das minhas características desde sempre, uma forma de escapar das responsabilidades.

—Gee, não. Por favor.

Escutar a voz de Frank chamando meu nome com tanta doçura me fez querer ficar, mas eu não podia. Ficar ali poderia fazer parecer que eu estava concordando com aquela ideia absurda de ama-ló. Ir embora poderia fazer parecer que eu estava negando, mas de qualquer forma, foi o que eu fiz. Sai de lá sentindo a tristeza dele me invadir, como se fôssemos um só e sentíssemos a dor do outro.

Eu sabia que tinha magoado Frank, porém, mais uma vez eu escolhi agir feito o babaca que eu era. Ignorei todas as vozes na minha cabeça e voltei para minha sala, deixando meu corpo agitado descansar na cadeira com couro sintético que eu tanto odiava. E parando pra pensar direito, comecei a odiar tudo naquela sala e naquele prédio. A única coisa que me agradava ali era o subsolo, e nem era ele em si, mas quem eu encontrava lá. O que salvava aquele cubículo eram todos os abraços que eu recebia, junto a sensação de conforto por estar ao lado dele.

Eu estava realmente perdido nos meus pensamentos, meu coração estava apertado e eu me sentia como um lixo outra vez (não que eu tivesse parado de me sentir assim antes, é só que Frank conseguia calar as vozes torturantes que insistiam em dizer aquelas coisas ruins sobre mim). E depois de passar quase uma hora apenas encarando um papel em branco, escutei meu celular tocar. Ignorei até perceber que foram três ligações seguidas, ou seja, era Donna Way. Não poderia existir ninguém mais previsível que minha mãe.

—Oi mãe, aconteceu algo?

—Além de você demorar pra me atender? Não, está tudo bem. Só queria saber como meu filho está, já que ele não me liga.

—Desculpe, não é por mal.

—Por bem também não é. Como está?

Suspirei. Não conseguiria mentir para ela naquele momento, porque a decepção comigo mesmo estava gritante no meu tom de voz.

—Fiz merda, como sempre.

—Olha a boca Arthur! E o que você fez?

—Magoei alguém, alguém realmente importante. Donna Way, seu filho é um grande idiota, além de um covarde que não sabe como assumir o que sente, aliás, nem sabe se realmente sente. Foi isso.

—Oh Gee, não diga isso okay? Eu te conheço melhor que todas as pessoas desse mundo e eu sei que você não é nada disso. Sentimentos são coisas difíceis de sentir e de assumir, não é culpa sua querido.

—Eu fui grosso com ele mãe...

—Primeiro, essa parte é realmente culpa sua. Não lembro de ter te dado uma educação ruim, Arthur. E segundo, quem é ele? Me conte.

—É difícil explicar, mãe. É algo tão inimaginável que poderia ser o roteiro de algum filme idiota para casais.

—Se é digno de estrelar nos cinemas, então é bonito o suficiente para você vive-ló e não deixar tudo acabar por algum motivo bobo. Se desculpe com seu namorado e trate de nos apresentar logo. Eu quero ser avô antes de morrer, Gerard.

—Por Deus, Donna! Não fale isso okay? Cobre seus netos de Mikey, ele é o hétero da família. E outra, ele não é meu namorado.

Conversamos mais algumas besteiras e ela me fez prometer que iria até lá no fim de semana para o jantar de Mikey, antes de finalizar a ligação e toda a tristeza voltar para mim, me acolhendo em seus braços frios e dolorosos. Somente Frank poderia me aquecer naquele momento. Tentei me concentrar no trabalho, mas dessa vez, nem ele foi capaz de me ajudar. Tudo piorava a cada segundo sabendo que eu havia machucado a única pessoa naquele lugar que me entendia.

Famous Last Words ||Frerard||Onde histórias criam vida. Descubra agora