—Quantos anos você tem, Frank?Os olhinhos âmbar pareciam perdidos com minha pergunta. Talvez não tenha sido uma boa ideia questionar sobre aquilo, afinal, somos de mundos diferentes, literalmente. O tempo passa de uma forma distinta no espaço, as vezes bem mais rápido e em outras vezes, lento demais. Seria uma confusão total.
—Eu.. acho que não sei.
—Tudo bem... de onde você veio?
—Rubrum Stella.
—É um planeta?
—Uma estrela, pequena e brilhante como essa em sua mão...elas se parecem.
Só então lembrei que havia rabiscado minhas mãos mais cedo, havia desenhado símbolos importantes para mim, inclusive a Gacrux.
—Eu a chamo de Gacrux, ela é um tanto importante pra mim...
—Porquê?
—Fazemos aniversário no mesmo dia, e isso pode parecer um motivo bem fútil, mas, eu me sinto ligado a ela, não sei explicar.
—Vocês humanos não sabem explicar quase nada mesmo... são todos... complicados.
Dei uma risada ao escutar aquilo. Frank falava com tanta inocência e sinceridade que foi fofo, mesmo sendo a mais pura verdade. Somos seres complexos, sem conhecimento absoluto das coisas e, mesmo assim, insistimos no erro de achar-nos únicos.
—Eu sei o que quer dizer, somos estranhos.
—Tem uma série de coisas que eu não entendo, mesmo estando aqui a tantos dias...
Ele parecia realmente decepcionado com aquilo. Estar a quase um mês preso naquele cubículo não era viver, e por isso me senti na obrigação de explicar sobre como as coisas funcionam por aqui.
—Bom, você não conhece a Terra. Isso tudo aqui onde estamos é muito limitado, não tem emoções nem sentimentos para serem vividos.
—E onde eu os encontro?
—Sentimentos? É complicado de explicar, mas basicamente eles estão presentes nas coisas mais simples da vida, e até nas mais complexas. Depende, basicamente, do quanto aquilo importa pra você e pro seu eu.
—E as emoções?
—São consequências desses sentimentos. São coisas momentâneas que você sente quando algo acontece. Por exemplo, quando você fica feliz ou triste, são emoções.
—Suas explicações foram melhores que as do dicionário, mas ainda assim, confusas.
—A melhor forma de entender sobre essas coisas é vivenciando cada uma delas, por mais doloroso que isso possa ser.
—Porquê doloroso?
—O mundo pode ser cruel com você as vezes, mas isso faz parte da vida. São coisas tristes que fazem as coisas felizes terem mais sentido, entende?
—Na verdade, não.
—O que te faz feliz, Frank? o que te faz sorrir?
Seus olhinhos começaram a brilhar e pude ver um misto de tristeza e esperança. Era totalmente o contrário do que eu esperava para usar como exemplo de felicidade.
—Eu gosto quando a enfermeira me dá aqueles furos na pele, sempre consigo dormir e sonhar com minha casa.
Senti meu coração apertar com aquilo. Frank estava naquela "cela" a tantos dias e obviamente estava com saudades de casa.
—Então esse é um dos seus momentos felizes, e o que te deixa triste, Frank?
—Quando eu acordo e vejo que não estou em casa, eu sinto dor. Não sei dizer onde dói, é como um aperto, mas não parece ser nada físico. Eu sinto que falta algo em mim, ou comigo.
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Famous Last Words ||Frerard||
Fanfic"Nothing you can say can stop me going home" A Nasa, uma agência do Governo Federal dos Estados Unidos responsável por pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e programas de exploração espacial, mantém um alienígena em cativeiro. Em meio a todos o...