••Capítulo 29••

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Estávamos na estrada novamente depois de toda aquelas despedidas costumeiras. Meus pais haviam se chateado por termos que ir embora, mas do jeito que as coisas estavam, era um milagre que já não tivessem nos achado.

Eu estava dirigindo e toda minha atenção estava no caminho que nos levaria até a casa do pai de Lindsey, que estava no banco ao meu lado enquanto Frank rabiscava alguns papéis na parte de trás do carro.

Para nossa sorte, as estradas para Ohio foram liberadas e a ideia maluca de seguir pelo atalho de Mikey foram descartadas pelas garotas. De qualquer forma, eu havia decorado o caminho todo caso precisássemos de algo.

Jamia tinha entrado em contato conosco mais cedo, avisando que equipes de busca estavam nos caçando e que meu apartamento havia sido revirado. Logo eles apareceriam na porta dos meus pais, fazendo milhares de perguntas e vistorias. A casa da mãe de Lindsey também seria um alvo, mas a parte boa, ou no mínimo, menos agonizante, era o fato de seu pai ter sido dado como morto, numa forma de escapar do governo.

Aquela era uma longa história, e resumidamente, o que precisam saber é que Allan Ballato sabia demais, o suficiente para acabar com grande parte da inteligência norte americana, ou seja, era perigoso para o poder. Ele estava ciente daquilo, dos riscos que corria, e sua única saída para continuar vivo, era morrer. Confuso não? mas basicamente, o que ele fez foi forjar a própria morte para que não fosse caçado como um animal. Uma atitude bem esperta e corajosa, já que desde então, morava sozinho em uma parte mais isolada de comunidades ou pessoas.

Tínhamos que chegar até ele o mais rápido possível. Por ter trabalhado por anos na parte de engenharia espacial, ele era a pessoa mais qualificada para nos ajudar a mandar Frank de volta a sua estrela. E porra... falar disso ainda me dói muito.

Eu havia prometido a mim mesmo que aproveitaria cada segundo ao seu lado e não pensaria na porcaria do fato de que logo ele iria embora, mas era impossível fazer isso. Eu só estava me auto sabotando cada vez mais se ignorasse aquilo.

A viajem até Ohio foi longa e cheia de silêncio. Não tinha ânimo algum para conversar ou até mesmo cantar. Lindsey estava com dor de cabeça e preferiu observar nosso trajeto enquanto Frank ainda rabiscava no caderno, algo que apenas ele entendia.

Já estava próximo de anoitecer quando todo aquele silêncio mortífero foi quebrado pela voz de Lindsey, que naquele momento me pareceu cansada demais e um tanto rouca.

—Podemos parar em algum posto?

—Acho melhor não, já estamos chegando.

A morena respirou fundo e assentiu. Ninguém ali estava com a mínima disposição para discutir sobre parar ou não em algum lugar sujo e movimentado. Meus pensamentos misturados a sua dor de cabeça formavam uma confusão perfeita e silenciosa.

—Eu acho que preciso ir ao banheiro.

Olhei para o reflexo de Frank pelo retrovisor, e mesmo que já estivesse escurecendo, pude ver todos os detalhes mais simples do seu rosto, que formavam uma expressão quase suplicante, como a de uma criança pedindo algo.

—Vamos lá, Gerard. Procure algum lugar com pouco movimento e pare o carro, não aguento mais ficar sentada aqui.

—Tudo bem.

Passamos por mais dois lugares até encontrarmos um que se encaixasse no nosso padrão de perfeito. Era um restaurante velho e vazio de beira de estrada, com apenas uma funcionária que me parecia um tanto quanto sonolenta.

Entramos tentando agir o mais normalmente possível, e enquanto Lindsey se dirigia até o balcão para comprar algo, mostrei a Frank onde ficava o banheiro e esperei que ele entrasse.

Famous Last Words ||Frerard||Onde histórias criam vida. Descubra agora