🌻 TERCEIRO 🌻

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O momento que eu tanto ansiei finalmente estava acontecendo, bem na minha frente. Estou na fila dos chuveiros, com Seokjin em minha frente e Hoseok na frente do Kim. Meus dedos quase grudam um nos outros de tanto que suavam e eu respiro fundo de segundos em segundos conforme a fila começa a andar e percebia que... veria o Jung pelado.

Bem, não o veria literalmente pelado.

Mas veria a silhueta se tivesse sorte... e eu me dei o luxo
de acreditar que o universo estava ao meu favor assim que consegui ficar tão perto do ruivo na fila — coisas como essas não acontecem sempre por aqui. Não tão perto porque Seokjin simplesmente passou em minha frente, eufórico demais para contar como conseguiu o número do telefone da líder de torcida que andava observando. Como se eu quisesse saber...

— Você não acha estranho todos tomarem banhos juntos? — o Kim sussurra a mim, se inclinando um pouco para trás para que eu o ouvisse.

Eu, até naquele momento focado nos ombros desnudos do Jung já que infelizmente não conseguia ver o resto, sacudo a cabeça brevemente, voltando a ter foco. — Não tanto. Estaremos em chuveiros diferentes e terá uma cortina nos dividindo — sussurro de volta, encarando as tais cortinas.

As cortinas serviam somente para esconder detalhes sobre o corpo da pessoa dentro do chuveiro, já que por ela dava para ver praticamente toda a silhueta. Vezes os meninos faziam sons engraçados quando notavam a silhueta mais grandiosa na região da pélvis, rindo alto e fazendo comentários sujos. Seokjin chegou até rir com eles, o que eu obviamente estranhei já que mal tínhamos chegado ali. Mas eu meio que me acostumei com meu hyung sendo sociável com absolutamente todo mundo.

— Sei lá...não quero deixar ninguém constrangido com o meu pacote.

— Cala a boca, Seokjin.

O platinado solta uma de suas gargalhadas humoradas, fazendo algumas pessoas da fila rirem junto à ele somente pelo som daquela risada. Eu balanço a cabeça em negação, rindo levemente ao que ainda mantinha os olhos na nuca do ruivo. Estava ocupado demais suando que nem um porco de tanto nervoso.

Prendo a respiração quando vi o Jung finalmente caminhar até um dos chuveiros, entrar nele enquanto fechava a cortina e jogava a toalha branca, que antes estava amarrada na sua cintura, por cima da estrutura que sustentava a cortina. O ruivo tem uma barriga comum, com nem muito e nem pouco gominho. Eram apenas na medida certa.

Os mamilos eram escuros e estavam, naquele momento, eriçados. O corpo de Jung Hoseok era simplesmente um paraíso, perfeitamente lindo e na medida certa. As coxas me davam vontade de prendê-las entre os dentes, sem contar que a bunda era levemente mais avantajada que as calças do uniforme escolar podiam mostrar.

A silhueta de alguém nunca foi tão bem apreciada como a de Hoseok foi apreciada por mim. E eu me senti muito diferente quando o vi. Nunca havia tido aquela experiência antes e fico tão maravilhado, que sequer noto quando Hoseok puxa a toalha de volta, anunciando o fim daquele show. Dentro do chuveiro, ele seca primeiro os fios do cabelo, depois desce o pano sobre o peitoral, a bunda e então chegando nas belas pernas.

O ruivo abre a cortina, sorrindo belamente. A toalha branca está amarrada no quadril e seus fios vermelhos estão molhados e engrenhados um nos outros numa bagunça atraente. Era injusto como alguém era tão bonito assim mesmo saindo de um banho. Eu fecho a boca que ao menos notei estar aberta quando Hoseok anda até a fila, passando do meu lado para alcançar o outro lado do vestiário e me agraciando o cheirinho gostoso de baunilha que ele naturalmente exalava.

Merda, eu estou caidinho por ele.

[🌻]

— E então, o que achou?

Seokjin e eu andávamos lado a lado, ambos com a mochila pesada sobre as costas e os cabelos molhados pelo banho recém tomado. Estávamos atravessando o pátio da escola, encaminhando-se até a saída.

— Eu fiquei no banco mas eu tenho certeza que o treinador me põe no time titular quando começar o campeonato — me responde com confiança. Os olhos dele brilhavam de pura felicidade.

Murmuro em assentimento, mordendo os lábios e apertando as mãos ao redor das alças da minha mochila. Eu estava tão feliz quanto ele antes, mas sentia que era tão errado sentir esse tipo de felicidade que acabei me depreciando ao longo das horas. Quer dizer, vi a silhueta do corpo de Hoseok, gostei disso e... me excitei.

Um acidente que por muito pouco não foi notado.

Tive que inventar qualquer desculpa para tomar banho nos chuveiros da área da piscina, agradecendo ao universo por aquele estar completamente vazio. Fiquei tão tentado a me tocar, me tocar imaginando o corpo de Hoseok só um pouquinho mais de perto. Mas a culpa fez eu voltar a meu estado normal em minutos.

Honestamente, sinto pena de mim mesmo.

Sinto pena porque, por mais que me culpasse todas as vezes que ficava excitado ou pensava sobre garotos — mais especificamente em Hoseok —, sentia também que não era errado. Que não era errado estar apaixonado, por mais que fosse por alguém do mesmo sexo que eu. Mas como posso acreditar em mim mesmo quando todos diziam o contrário?

E então ficava triste, envergonhado. Guardava todas aquelas emoções bem no fundo do coração e tentava me convencer que as positivas não podiam ser sentidas, que não podiam ao menos existir. Guardava tudo só para mim e as acessava quando estava sozinho.

Seja num momento de prazer e luxúria, ou num de somente sorrisos bobos. Emoções de um simples adolescente apaixonado, certo? Errado. Era difícil.

— Tchau, Yoon. Te vejo amanhã! — Ao menos me esforço para sorrir quando Seokjin se despede, atravessando a rua e caminhando saltitante até sua casa.

Continuo meu caminho, de cabeça baixa, com um medo que ao menos sabia a razão. Não sabia se estava mais assustado ou envergonhado. É cientificamente impossível definir quem é ou não gay somente por um olhar mas eu tinha tanto medo... tanto medo.

E então chorava. Chorava no único momento em que estava sozinho, em que podia chorar sem correr o risco de alguém notar. Porque nas ruas de Seul cada um cuidava de sua vida, claro, se não for nada a respeito de sexualidade. Porque as pessoas podiam não ligar para alguém chorando copiosamente sozinho num banco de praça mas pareciam despertar quando viam garotos se abraçando.

Maldita seja a Coreia.

GIRASSOL by gohixtape;

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