🌻QUADRAGÉSIMO OITAVO🌻

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YOONGI

Quando Hoseok saiu por aquela porta, eu me senti profundamente decepcionado. Decepcionado não só com a situação, mas com ele. Expliquei palavra por palavra ao Jung, lhe disse minhas aflições mais íntimas pela primeira vez, fui o mais sincero possível e o ruivo ainda não compreendeu. Ele não entendeu e ficou chateado, como se toda a merda que eu falei não importasse e somente o fato de que de jeito algum iria ao baile com ele tenha sido o que importou.

Isso me entristeceu tanto, que caí no choro assim que ele foi embora. Seong achou que eu estava fingindo mas depois de escutar eu chorando copiosamente por mais de cinco minutos, ele ficou desesperado. Eu odeio chorar na frente dele, porém não consegui evitar naquele momento. Agora, me arrependo de não ter só levantado e ter chorado sozinho no meu quarto porque meu irmão é um fofoqueiro e toda família já sabe o que aconteceu.

Minha mãe passou no meu quarto pelo menos umas cinco vezes, me trazendo comida na cama mas eu não tinha fome então sempre ela voltava pra recolher o lanche intocado. Ela ficou preocupada, até Soyeon perguntou o que eu tinha. Mas não tinha como dizer que era tudo culpa da paixão. Portanto, eu dizia que só tinha sono e virava para o outro lado da cama. Durante os horários na escola, Jungkook e até o tapado do Seokjin perceberam na hora que eu não tava legal e estava tão exausto do assunto, que me neguei a explicar o que era até pro Jeon.

Foi chato encontrar com os olhos de Hoseok durante alguns poucos segundos e ele desviar ou eu mesmo quebrar o contato. Nós dois estávamos chateados, lógico que meu motivo era mais plausível mas eu não podia tirar o direito de Hoseok se entristecer e querer espaço. Uma hora ou outra, eu sabia que isso aconteceria. Achava que estava psicologicamente preparado mas, convenhamos, eu nem conseguia olhar pra ele direito sem sentir a saudade inundar meu corpo.

Houve momentos que eu tive vontade de pular em seu pescoço no meio do pátio e enfiar meus dedos entre seus cabelos vívidos, mas abaixava a cabeça e esquecia a ideia. Era melhor deixar as coisas como estavam, precisávamos de um tempo. Estávamos tomados por emoções, era bom se afastar para sabermos se era real ou só calor do momento – como eu piamente acreditava que se baseava a súbita paixão dele por mim. E Hoseok não entenderia nunca pelo que eu passo e muito menos meus motivos para não querer aparecer consigo, não é como se ele fosse querer continuar com isso sabendo que eu não pretendia nos assumir tão cedo.

Hoje era sábado, dia do primeiro jogo da temporada. Lembro-me quando Hoseok e eu conversamos sobre minha presença na arquibancada. Ele disse que eu era seu amuleto da sorte. Naquele dia, num quartinho abafado da escola e nós sorrindo cúmplices um pro outro, senti uma felicidade genuína. Quase cheguei a chorar, como um bom emocionado de carteirinha. Acho que Hoseok não se importa mais se estarei lá... Só que preciso apoiar Seokjin e Jimin, que irão jogar e fizeram questão de me ameaçar se eu não fosse.

Por isso que me arrasto para fora da cama, me enfiando em qualquer jeans perdido e uma jaqueta que não chamasse atenção. Passei o dia todo no quarto, assistindo série ou dormindo. Essa é a primeira vez que minha família me vê de verdade desde quinta, então a reação deles é cautelosa quando apareço na sala de jantar, vendo-os reunidos na mesa. Eu percebo quando os talheres param de fazer barulho e eles se calam, me acompanhando com os olhos enquanto eu me aproximo da mesa. Sento-me, sem olhá-los no rosto porque sei que minha cara tá mais inchada que uma bola de futebol.

— Você está melhor? — mamãe me pergunta preocupada, tocando meu ombro.

— Sim. — minto. Só que não sorrio, o que não alivia nenhum pouco a preocupação em seus rostos.

— Seu cabelo tá todo bagunçado, hyung... — Beomgyu me avisa, apontando com a colher para o topo da minha cabeça.

Levo minha mão aos fios desgrenhados, tentando os ajeitar. Somente naquele momento que percebo: estou sem touca. Meu pai arregala os olhos e quase cospe o café, tendo uma crise de tosse que fez mamãe se deslocar até a ponta da mesa para o ajudar. O velho me encara irritado e, mesmo que eu estivesse com medo da bronca que eu receberia, estou tão triste que o máximo que consigo fazer é suspirar.

GIRASSOL;Onde histórias criam vida. Descubra agora