Paro de andar ao certificar-me que estou nas coordenadas certas da localização que Jungkook tinha me mandado mais cedo. Noto a casa simples em minha frente, sorrindo ao perceber que ela é bem diferente do que tinha imaginado — mesmo que saiba muito bem que Jeon não moraria num castelo gótico, que foi o que eu imaginei ser a casa ideal para ele. Há um lindo jardim na frente da casa cercada por cercas brancas, uma passagem de pedra por dentro do jardim que seguia até a pequena escadaria que leva até a porta da casa. As janelas estão fechadas, mas não me preocupo muito com isso ao ver o Jeon sentado na escada.
Ele abraça os tornozelos e parece estar com frio. Ele é fofo todo pequenininho ali.
Alguns minutos antes, quando andava sem uma direção decidida, sorri ao lembrar de Jungkook. Ele talvez estivesse em casa então a gente poderia sair para comer algo, já que eu tinha um punhado de dinheiro no bolso da calça que usava. Então rapidamente mandei uma mensagem para o garoto — agora tenho seu número, finamente! Não obtive uma resposta direta, mas quando recebi um endereço, somente comecei a andar até lá. Fico feliz ao chegar no local e não dar de cara com um beco vazio ou algo assim.
Coço a garganta, aguardando ser notado pelo mais novo. Como esperado, Jungkook me percebe, se levantando devagar enquanto anda até a calçada onde estou. Reparo que agora ele não usa o óculos de sol, conseguindo ver melhor o hematoma em seu rosto, mesmo que a iluminação de baixa qualidade do poste de luz não fosse de muita coisa.
Sei lá, olhar mais claramente me faz quase sentir a dor. Eu realmente desenvolvi uma empatia muito grande por Jungkook e isso meio que me assustava.
— Estava pensando... nunca mais aquele seu amigo veio falar com você, né? — digo quando já começávamos a andar. Na verdade, não sei para onde vamos já que Jungkook quem começa a andar por uma direção e eu somente o sigo.
O menino de capuz preto, com a única coisa colorida sendo o olho roxo, ri consigo mesmo balançando a cabeça ao que olha para os próprios pés. Não é uma risada humorada. — Ele aproveitou que agora mais alguém naquela escola parece se importar comigo e caiu fora — Franzo o cenho e Jungkook torna a falar. — Ele simplesmente não parava de falar comigo pra não se sentir culpado caso eu sumisse ou sei lá.
Sinto-me triste somente pela forma que o moreno fala, dizendo coisas assim como se fossem normal. E me preocupava ainda mais se fosse realmente uma normalidade para ele. Suspiro, olhando para o céu estrelado. Essa noite está fria demais, tanto que o casaco grosso que visto parece pouco para me aquecer. Então rapidamente enfio as mãos nos bolsos da calça, contando as cédulas e sorrindo grande ao ter dinheiro suficiente para o que quero.
— A noite tá fria, o que você acha da gente fazer algo pra se aquecer? — sugiro um tanto animado, vendo Jungkook me olhar com um sorriso engraçado no rosto assim que ouve.
— Desculpa, mas você não faz muito o meu tipo.
Desfaço o sorriso imediatamente, encarando o mais novo de forma completamente confusa. Quando percebo as palavras que usou, arregalo os olhos, me apressando para explicar-me.
— Não! Não, nesse sentido! Pelo amor de Deus, eu não gosto de homens! — Chego a impedir Jungkook de continuar andando, me pondo em sua frente. Só quero desesperadamente que ele entenda.
— Ah, sim, entendo — o mais novo fala sem entonação.
— É sério, eu realmente não quero ter nada com você! E nem com homens! Tipo, nunca mesmo. Fora de cogitação. — continuo afirmando como um patético, mesmo que Jungkook aparentemente não esteja insistindo na ideia.
Eu já estou com as bochechas vermelhas, muito nervoso só de cogitar em alguém começar a achar que gosto de meninos. Tanto, que não paro de falar repetidas vezes que definitivamente não gostava deles.
— Eu entendi, hyung. Você é 100% hétero, eu entendi! — O menino me diz aos risos, passando por mim e voltando a andar enquanto eu caminho mais atrás. — Mas o que você quer fazer para se aquecer, mesmo?
— Beber. — respondo encabulado, observando o sorrisinho brotar nos lábios do Jeon. Sorrio também, empurrando o mais novo com os ombros.
— Mas a gente é menor de idade...
— Eu sei que não podemos mas eu quero muito beber e modéstia à parte, eu tenho cara de mais velho — me gabo, ouvindo Jungkook gargalhar alto e assentir. — Mas fica tranquilo, eu cuido de você caso fique louco de bebida.
— Do que você está falando?! — Jungkook interrompe a caminhada drasticamente, voltando-se a mim. — Não é primeira vez que eu vou beber e, para a sua informação, eu sou muito forte pra bebidas, tá bom?!
[🌻]
Eu estou simplesmente chocado, cobrindo a boca com a mão enquanto vejo Jungkook literalmente deitado no meio da calçada. O garoto estava ali fazia pelo menos cinco minutos. Antes a gente estava só bebendo na praça só que Jungkook começou a ser escandaloso, explodindo numa alegria tão enorme que chegava a ser contagiante.
Por causa disso, decidimos ir pro parque que provavelmente estava vazio. Mas no meio da caminhada até o parque, ele simplesmente decidiu deitar-se na calçada e sem aviso algum, começou a chorar. E não era um choro escandaloso, e sim um choro contido, quase como aqueles que não queremos que ninguém ouça.
— Jungkook! O que você tá fazendo? — pergunto risonho. Me agacho, passando as mãos pelas bochechas molhadas na tentativa de enxugar suas lágrimas.
Ele está muito frágil, e fofo. Quero abraçá-lo.
— Ah, me desculpe — pede com as palavras embolando-se uma nas outras. — Homens não podem chorar, né? Droga, eu nunca vou saber ser um homem.
Paro de sorrir ao ouvir, não achando mais graça quando Jungkook fala com uma voz de choro e os olhos lacrimejados. Me mexo em silêncio para levantar o moreno, querendo sair dali pra, sei lá, conversar com ele. Mas o Jeon parece não querer.
— Me solta, hyung! Me solta! — grita, me assustando e fazendo eu parar de puxa-lo. Jungkook levanta o rosto para o céu, fazendo as lágrimas escorrerem por suas bochechas de forma mais dramática possível. — Me deixa aqui pra morrer porque é o que eu mereço — murmura após fungar.
— Jungkook... — digo num suspiro. É difícil escutar coisas assim. — Vamos sair daqui, você não está falando nada com nada — imploro, tocando o pulso do mais novo com o objetivo de levantá-lo mas de novo Jungkook puxa o braço para si.
Eu já estou começando a ficar verdadeiramente desesperado. O choro dele fica cada vez mais alto e ele diz coisas cada vez mais cruéis de si mesmo. E eu apenas não tenho estabilidade emocional para lidar com isso.
— Você tem vergonha de falar comigo em público, por isso que você quer que a gente saia daqui — retruca com um pingo de irritação, mas a voz embargada não passa tanta bravura assim.
Fico em pé, encarando o moreno me encarar de volta. Eu estou em choque, mesmo que saiba que é verdade. O silêncio reina, até Jungkook parar de chorar pra me observar porque eu não podia negar isso quando é a pura verdade. A verdade nua e crua que eu não quero admitir.
Tenho vergonha de mim mesmo, não posso simplesmente mentir dizendo que não tenho vergonha de andar com ele no meio daquela gente toda na escola. Não posso mentir para mim mesmo.
— Mas tudo bem, hyung, não se sinta mal. — Ele retoma as palavras e levanta cambaleando, não caindo por ser segurado a tempo por mim. Ele coloca um dos braços ao redor de meus ombros, finalmente disposto a andar para qualquer lugar já que não está sóbrio o suficiente para sequer saber o caminho de sua casa. — Eu também tenho vergonha de mim, mesmo fingindo que não.
Depois disso, Jungkook para de falar. E eu quase choro também quando o mais novo continua a chorar baixinho, com somente as fungadas e os ombros a denunciar o choro dolorido.
GIRASSOL por gohixtape;
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GIRASSOL;
FanfictionYoongi era gay. E ser gay na Coreia do Sul não era lá algo que muita gente desejasse. Por causa disso, é acostumado a reprimir qualquer sentimento dentro de si e somente observar de longe Hoseok, por qual é cegamente apaixonado. Ele era como um gira...