GIRASSOL;

🌻QUINQUAGÉSIMO PRIMEIRO🌻

HOSEOK

Yoongi me intrigava.

Eu admito que não sou a pessoa mais atenta do mundo e deixo muita coisa passar despercebida, mas esse garoto mexe com a minha cabeça de uma forma que nunca senti antes. Isso só se comprovava cada vez que eu esquecia completamente o quão determinado estava para esquecê-lo mas deixava isso de lado assim que o via de novo. E, sinceramente, não me canso de sentir isso.

Por mais que eu passe horas tentando apenas entender os mais simples pensamentos dele e tentando adivinhar o que diabos ele deve estar sentindo, essa áurea de misterioso dele me cativava. Eu queria saber o tempo inteiro tudo sobre Yoongi, a forma como ele pensava e como ele reagia, suas histórias e suas loucuras porque ele sempre se abdicava de falar sobre si mesmo por conta da vontade de querer ouvir a mim. E normalmente eu falava bastante, tagarelava até ouvir as risadinhas baixinhas dele e ouvir ele murmurando um "Eu gosto de escutar sua voz" cada vez que eu pedisse desculpa por me empolgar, mas aquela noite não.

Aquela noite, eu quis ouvir Yoongi mais que nunca porque eu sabia que ele também queria falar. O conheço o bastante para pelo menos desconfiar de tanta devoção para estar comigo, a começar pela festa que eu sei que não é a praia dele e em segundo vontade de ir comigo pra comprar bebida quando ele odeia ter que andar. E o mercadinho mais perto era mais ou menos uns vinte minutos de caminhada, tempo demais andando para Yoongi se dispor a ir comigo.

Por isso, fiquei calado. Senti vontade de dizer como ele estava lindo aquela noite, senti vontade de sugerir que pintássemos novamente as mechas do cabelo dele de novo mas de outra cor já que elas estavam desbotando, mas não disse nada disso. Caminhei em silêncio, sufocando sorrisos abobalhados cada vez que eu o via por canto de olho abrir e fechar a boca, sem saber muito bem como puxar assunto. Mas eu queria me fazer de difícil um pouquinho mais, porque todo mundo sabe o quão bobo e apaixonado por ele eu sou.

— Como vai comprar bebida alcoólica se nem tem idade pra isso? — ele pergunta, num tom de voz baixo mas alto o suficiente para eu ouvir já que estávamos andando quase colados pela calçada estreita.

— Identidade falsa. — respondo sem olhá-lo. Yoongi me espia mais um pouco, mas volta a ficar calado... Droga, eu não conseguia: —  E tem um cara nosso que trabalha lá, ele que libera as bebidas pra gente comprar. Ele fuma muita maconha e não para de sorrir nunca, mas é gente boa. Acho que você vai gostar dele...

Nem preciso demonstrar como meu peito aqueceu ao escutar o suspiro de alívio dele ao me ouvir iniciando uma conversa. Sério, eu queria abraçá-lo e pedir perdão mil vezes por ter sido tão duro... Mesmo que tenhamos um grande problema, sinto que exagerei demais nas minhas emoções e as palavras de Jimin invadem minha mente. De repente, me sinto terrível por estar tão chateado. Eu tinha motivos, sim, mas eu gosto tanto de Yoongi. Será mesmo que não é o bastante para permanecemos juntos, mesmo que em segredo? Essa pergunta não saía da minha cabeça há horas.

— Eu não gosto de caras que fumam maconha! — ele protesta, rindo.

— Mas gosta de caras sorridentes, né? — e os cantos da minha boca se alargam automaticamente, num sorriso levado que eu sei que o deixa todo tímido. Deus, eu não consigo me conter, mesmo.

Yoongi entende o que quero dizer, desviando o olhar para a avenida ao nosso lado. — É... mas você foi o único cara que eu gostei que já fumou maconha. Aliás, nenhum deles nunca nem chegaram a beber, imagine usar droga.

— Ah, achei que eu tivesse sido o primeiro por quem se apaixonou.

Yoongi passa um tempo calado. Honestamente, não o ver negando o que eu falei sobre ele ser apaixonado por mim me deixou... mexido. Eu sabia, ele sabia, todo mundo sabia. Mas ver um Min Yoongi tímido e com vergonha de admitir que é apaixonado por mim fazia meu coração dar piruetas. Senti vontade de dizer de novo que seu sentimento era correspondido só em caso dele ter esquecido, porém sou interrompido quando ele volta a falar.