Parte 1. Júlia, a louca.

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Meu encontro com os mestres de Monte Shasta

Parte 1. Júlia, a louca.

Já fazem 20 anos mas parece que foi ontem. Aquela rotina de escritório, chegar de manhã, sair no fim da tarde, preencher planilhas, participar de reuniões, picuinhas, conversas de bebedouro.

E toda empresa tem sua fauna: chatos, loucos de todo gênero, certinhos, sedutores, selvagens, inconvenientes, politicamente incorretos, esotéricos, céticos, recalcados.

Eu tinha uma colega chamada Júlia. Uma economista que, diziam, tinha ficado louca. Ficou louca depois que perdeu a chefia, diziam.

Júlia andava por todos os lados, Júlia falava com qualquer pessoa. Falava, pregava. Falava em bençãos, mensagens, luz e milagres, curas, respiração, ioga e um monte de termos que não combinavam com aquele ambiente.

Ela era bem engraçada. O jeito dela era muito peculiar. Queria curar a Terra. Bem humorada, não ligava para as piadinhas infames que eu e outros colegas fazíamos quando cruzávamos com ela pelos corredores:

Axé, Júlia! Tudo bem?

Tudo bem, e você? Você sabe que eu participei de uma vivência muito interessante de meditação pela cura planetária feita por aquele mestre, o Choa Cok Sui? Quer saber do Curso em Milagres, Cura Pranica, Mãos de Luz, Fraternidade Branca?

Ai que legal! Me convida um dia que eu vou!

E desconversava.

Convido sim, claro!

Ela me convidava e eu não ia. Apenas continuava cruzando com ela pelos corredores e falando axé.

Passava sempre em frente à sua sala. Era toda decorada com pedras e cristais, cheirava a incenso. Nas paredes havia alguns quadros de pessoas esquisitas vestidas de branco que mais pareciam fantasmas. Eram de todas as raças, tinham feições jovens e olhos muito vivos. Algumas eram cercadas por um halo, como se fossem santos.

 Algumas eram cercadas por um halo, como se fossem santos

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Mas eu só brincava com Júlia, a louca. Dizia Axé e dava risada.

Até que num certo dia resolvi botar a mão na consciência e ver que estava sendo agressivo. Estava desrespeitando suas crenças. Ainda que fosse no local de trabalho ela tinha o direito de acreditar em quem ela quisesse. Não havia nenhum mal em colocar aqueles quadros na parede.

Foi então que aceitei o convite de Júlia. Sentei-me diante de sua mesa e comecei a ouvir o que ela tinha a me dizer.

E ela falava, falava, falava em cura da terra, falava em cura das pessoas, em milagres. Falava em transformação pessoal, alquimia, sintonia, energia.

Fui dando corda na Júlia para ver até onde  ela ia.

Ela ia sempre adiante. Falava muito. Pouco a pouco foi me apresentando livros, pessoas, lugares.

Andre. Iris. Antonio…

Todas as pessoas que conheci através dela eram do bem, incapazes de fazer mal a uma mosca, que não tinham interesses egoístas ou materiais. Eram pessoas sintonizadas em sólidos princípios, que atribuíam a guias espirituais. Curioso, perguntei sobre tais auxiliadores. Tinham nomes esquisitos.

E ficou por aí. A vida continuou.

Em tempo: Júlia, a doida, também falava sempre sobre um lugar sagrado, um lugar especial.

Ele se chama Monte Shasta.

Ele se chama Monte Shasta

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Meu encontro com os Mestres de Mount ShastaOnde histórias criam vida. Descubra agora