Meu encontro com os mestres de Monte Shasta.
Parte 7. Peregrino
Fevereiro de 2005. Tinha apenas um domingo livre, um carro em mãos e um desejo enorme de conhecer aquele local onde diziam haver guias espirituais.
Saí cedo, às 5 da manhã. Estava em Menlo Park, Palo Alto, Vale do Silício. Tomei El Camino Real em direção à Interestadual 5. Passei Oakland, Berkeley, Redding… e após 750 km cheguei à cidade de Shasta.
Já eram 3 da tarde, inverno. Resolvi não parar e subir direto a montanha no primeiro caminho indicado pelas placas - não havia GPS naquela época.
A estrada foi ganhando curvas, os pinheiros foram ficando maiores, a neve apareceu nas laterais, o tempo passava rapidamente, no caminho não passava ninguém. Não vi ninguém vestido de branco, estava meio frustrado com aquilo. Cadê os mestres e suas mensagens??
E subia. Na dúvida, continuava subindo. Passava por lugares com nomes exóticos como Avalanche Canyon. A neve, crescendo nas laterais da estrada. A estrada, se estreitando de tanta neve. Como não tinha nenhum lugar para manobrar, continuava subindo.
Subindo. Um metro de neve. Ninguém. Subia. Escurecia.
Dois metros de neve, estrada estreita sem lugar para manobrar. Subia.
Gelo no pavimento fazia os pneus escorregarem. Escurecia, nenhum sinal de mestres ou área de manobra.
Numa pequeno brecha entre os montes de neve e pinheiros resolvi manobrar. Frente ré frente ré frente ré. Deu certo!
Peguei uma garrafinha plástica e enchi de neve. Essa água, guardo até hoje.
E voltei de lá de cima. Não vi fantasmas, não me tornei um daquela vez. Eram 5 da tarde, tinha mais 750 quilômetros pela frente.
Cheguei no hotel quase uma da manhã, para trabalhar dali a poucas horas.
Mas fato é que estava cheio de energia, que durou muito tempo.
Aquela montanha tinha algo de muito especial.
Há quem vá para Meca, Jerusalém, Roma, Caminho de Santiago, Fátima, Aparecida.
Meu lugar, definitivamente, é Shasta.