Assim que raiou o dia parti em direção à montanha.
O primeiro destino era uma caverna no meio do nada. Chamava-se Pluto's Cave ou Caverna de Plutão, deus grego dos reinos subterrâneos. O nome foi dado por um fazendeiro que procurava por seu gado em 1863.
Pluto's Cave é um tubo de lava parcialmente colapsado e relativamente antigo - com cerca de 190 mil anos - situado na franja norte do Monte Shasta. Sua entrada principal está escondida no meio de uma formação rochosa bastante preservada, por estar numa região árida com pouca erosão. A superfície resfriada de um túnel de lava se petrificou e por dentro a lava escorreu, deixando uma longa galeria belamente arqueada, com cerca de 20 metros em alguns pontos. Seu comprimento é de cerca de uma milha, ou um quilômetro e meio. As paredes possuem rochas de várias cores e formas.
Já vi diversas cavernas mas nenhuma delas estava cercada de tantas histórias extraordinárias quanto a caverna de Plutão. Estava muito curioso a respeito daquele lugar, queria muito saber o que teria de tão especial para entrar no mapa mundi do esoterismo contemporâneo.
Pluto's Cave é considerada pelos adeptos da seita I AM como um portal para Telos, juntamente com uma outra caverna acima das Mossbrae Falls. Esta, no entanto, além de estar em propriedade particular com acesso restrito, estava isolada pelos enormes incêndios florestais que devastavam Dunsmuir, ao sul de Mount Shasta.
O filme "Beyond Lemuria" foi ali rodado. Baseava-se nos relatos do garoto de 17 anos chamado Frederick Oliver que no início do século XX publicou sua canalização de um ser chamado Phylos. O já citado livro, "A Dweller on Two Planets", se tornou um clássico do ocultismo. Outro garoto desapareceu por lá em 2011. Não surpreende, pois a caverna possui entradas e fica num lugar onde é difícil se orientar.
Há a lenda de uma mulher espectral de belo semblante e olhos azuis que assombra a caverna. Foi vista por um turista que após receber revelações secretas passou a se intitular "Lord Kalki", um deus messiânico hindu.
Pluto's Cave é também um sítio considerado sagrado pelos índios, que guardam um certo segredo quanto a sua localização. Uma lenda fala sobre uma ruiva que moraria nas cavernas aos pés do monte Shasta, naquela região.
Hoje em dia, com as ferramentas do Google, é possível chegar perto sem muita dificuldade. Foi o que fiz.
Parei meu carro no meio de uma estrada deserta de terra e saí a pé em meio a arbustos e pedras, sem saber direito onde que se localizava a caverna. As pedras vulcânicas haviam sofrido muito pouca erosão e permaneciam afiadas e pontiagudas. Os arbustos eram baixos, com alguns espinhos.
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Aquela região era extremamente uniforme. Logo percebi que se saísse andando ao léu poderia me perder e não encontrar o caminho de volta para o meu carro. Marquei posição olhando para a montanha no horizonte. Circundei um paredão de rochas relativamente extenso até chegar em sua parte de cima. Não tinha muito como descer porque as pedras eram bastante afiadas. Precisei voltar e tentar por baixo procurar a entrada da caverna. Isso aumentava a minha desorientação.
Na parte de baixo da formação rochosa eis que encontro uma depressão e, no fundo, a entrada de uma caverna.
Me aproximei para tentar ver como era. Como ela era isolada da superfície por várias pedras, precisaria escalá-las. Fiquei um pouco preocupado em torcer o pé, me cortar nas pedras vulcânicas afiadas e não conseguir voltar para o carro. Fiquei mais preocupado ainda em encontrar fezes infectadas de morcego e sofrer algum tipo de intoxicação que prejudicaria todo o resto da viagem ou um pouco além.
Além disso, o tempo estava ficando escasso e certamente me consumiria valiosos minutos descer até o fundo e percorrer cerca de uma milha de formação daquele túnel de lava. Não tinha nenhuma informação de como isso seria mas o que posso garantir é que se na outra ponta houvesse uma cidade escondida feita de cristal e habitada por seres brancos de luz para chegar lá precisaria vencer muita escuridão e fezes de morcego.
Retornei então prestando muita atenção nos pontos que havia marcado até conseguir chegar até o carro. Felizmente isso não deu muito trabalho e a orientação pelo Monte Shasta foi providencial.
Perto do carro havia uma pedra com algumas pichações dizendo que era um lugar dos índios. Dava para notar claramente que havia um conflito entre culturas.
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Saí de lá satisfeito. O local é merecidamente uma catedral indígena e faria juz a uma entrada para as profundezas da Terra.
Mas o tempo estava ficando curto. Nem tinha começado ainda a explorar o Monte Shasta e teria apenas aquele dia para isso, o que me preocupava porque no mesmo dia ainda precisaria subir o Monte Shasta e voltar até perto de San Francisco, a no mínimo 600 km dali.
Pisei fundo no acelerador e fui até a cidade procurar pistas.
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