Meu encontro com os mestres de Monte Shasta.
Parte 36. A Baía da Meia Lua
As cenas da Califórnia realmente evocam a imaginação.
Escolhi um final de tarde para escapar para Half Moon Bay, praia localizada a cerca de uma hora ao sul de San Francisco.
A Baía da Meia Lua é bastante conhecida mundialmente por que lá estão as famosas ondas gigantes. Violentas, as chamadas Mavericks já levaram a vida de vários surfistas.
Já tinha estado lá da outra vez mas não consegui ver onde nenhuma. Estava no lugar errado, deveria ter me dirigido ao costão da ponta direita e caminhado até um observatório.
Foi o que fiz dessa vez. Já era quase noite quando estacionei o carro no ponto mais próximo daquela península. De lá, saí caminhando por cerca de um quilômetro e meio até chegar em seu extremo.
Não esperava encontrar nenhum mestre, fantasma ou espírito indígena no local, mas fui recepcionado por uma inesperada escultura de pedras empilhadas.
A delicada pilha lembrava uma estupa, daquelas tibetanas. Esta não existiria por muito tempo.
Ao seu lado uma placa avisava aos visitantes para não subestimar aquela costa porque a qualquer momento poderiam vir “ondas mortais”. Não pude deixar de pensar no livro tibetano dos mortos.
Nem de agradecer muito por estar lá naquele momento, por estar vivo e poder ter tido a oportunidade de sentir aquela mensagem.
Os surfistas que se aventuram por Half Moon Bay sabem muito bem disso. Não precisam ler o Bardo Thodol. Sabem como poucos que diante da força da natureza a vida é frágil. Sabem também que o espírito é livre para escolher. Tudo é questão de domar os cavalos selvagens de nossos pensamentos.
As Mavericks de Half Moon Bay nos ensinam como a existência pode ser muito gratificante se soubermos aproveitá-la. Para isso é preciso correr alguns riscos, mas nunca deixar de viver intensamente nossas fantasias.
Foram elas que me haviam levado até lá. Fica aqui o recado aos céticos, que precisam de outras coisas para serem felizes.