Meu encontro com os mestres de Monte Shasta
Parte 8. A queda de Ícaro
Ao voltar de Shasta caí numa armadilha.
Por algum motivo acreditava ser especial, abençoado entre tantos, acreditava ser o escolhido.
Taís delírios de grandeza vieram da imagem de José, meu chefe e mentor. Homem de idade avançada e pequena estatura, tornava-se um gigante quando falava em público. Expressava-se muito bem, de forma magneticamente atraente. Escrevia e pensava de forma muito objetiva, pragmática e clara. Era constantemente procurado e homenageado por pessoas e instituições de estatura ao redor do mundo.
Na ânsia de decifrar essa esfinge, subi em seus ombros. Tentei ver o mundo como ele via, tratar-me como ele se tratava. Paguei para ver sua mão no jogo de pôquer da vida
Ganhei muitas vezes, mas perdi feio em algumas. Aquele homem sedutor era um lobo solitário.
E eu era o soldado, que por ele por duas vezes morreu em batalha. Abandonado, tive de lutar sozinho contra o invasor enquanto ele voltava triunfalmente para a Capital. Ferido no inverno, vi a cidade pegando fogo enquanto ele batia em retirada. Ele sabia o que estava fazendo, mas não avisou suas tropas.
Mas devo a ele a primeira visita a Shasta. Subi, não vi ninguém, não ouvi mensagens. Voltei de lá, voei em direção ao sol e caí.
E assim, chamando José de Zé, fechei também as portas aos guias.