Meu encontro com os mestres de Monte Shasta.
Parte 34. O Búfalo Branco
O caminho estava livre para voltar a San Francisco, mas ainda havia algo que me deixava inquieto.
O Escudo do Norte falava no Búfalo Sagrado da Dimensão dos Sonhos, de cascos brancos e que soltava vapores pelas ventas. O que vinha mais próximo dessa imagem para mim eram os picos nevados de um parque chamado Lassen Volcanic, situado a oeste de Redding. Visitá-lo demandaria um desvio considerável em relação à minha rota original. Já tinha passado por lá há mais de 20 anos e sabia que era distante, isolado e com estradas bastante sinuosas. Mas também me lembrava que era muito bonito, com seus gêiseres cheirando a enxofre, suas planícies desoladas por erupções vulcânicas e por maravilhosas sequóias centenárias que mais pareciam gigantes ao longo da estrada. Era uma dúvida cruel: esticar em mais três horas a viagem ou seguir para o hotel com conforto para no dia seguinte começar a trabalhar.
Posterguei um pouco a decisão. Mas não por muito tempo; logo chegou uma bifurcação apontando para oeste em uma cidade chamada Red Bluff. Sem pestanejar tomei o desvio e parti em direção ao parque do Búfalo Branco. Queria muito rever aquele lugar, lembrava vagamente de suas fontes sulfurosas e sua paisagem, às vezes amarelada por causa do enxofre e às vezes branca por causa da neve e das rochas.
Levou um certo tempo até chegar às portas do parque. A estrada era um aclive levando de volta à mesma cadeia de montanhas à qual pertence o Monte Shasta. Aquilo tudo é um grande caldeirão geológico que pode explodir a qualquer momento.
As árvores que me recepcionavam foram se tornando cada vez belas. Junto aos pinheiros começou a dar para ver algumas sequóias que ficavam mais altas e mais largas à medida em que subia pela estrada. Entrei no parque. Não havia nenhum guarda para cobrar o ingresso, então passei direto. Era uma segunda-feira e havia poucos turistas no local. Subi rapidamente pois já estava no meio da tarde e havia um caminho muito longo ainda a seguir. As curvas aumentaram e cheguei a uma altitude de quase 3 mil metros. Alguns trechos da estrada não tinham nenhum aviso nem proteção, as curvas terminavam em verdadeiros desfiladeiros com 30 ou mais metros de altura. Para falar a verdade quase que despenquei de um desses porque estava distraído.
Foi um tour muito rápido. Deu para ver as paisagens, as árvores frondosas, apanhar algumas pinhas, parar perto e tirar umas fotos da fonte sulfurosa e contemplar as montanhas por onde saíam vapores brancos.
Na minha imaginação tinha visitado o Búfalo Branco. Se houve alguma mensagem que ele me passou é de que não devemos dirigir mexendo no celular.