Tio Ji

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Acordar oito horas da manhã em uma terça-feira não é algo comum para a maioria dos CEOS que Jimin conhecia, mas ele se dava essa regalia merecida após cada contrato assinado, pois cada folha de ofício redigida com o padrão arial das letras do word e rubricada no final com tinta preta de alguma caneta pesada e cara, tirada do bolso de um terno ainda mais caro, significava meses a fio de trabalho.

Se espreguiçou na grande cama King size e automaticamente pegou o celular da cabeceira para desligar o despertador e checar suas mensagens, dentre tantas ligadas ao trabalho e poucas de sua vida pessoal, a única realmente importante era a de Taehyung confirmando o cancelamento de todos os seus compromissos do dia que, aliás, nem eram tantos assim.

Sorriu, levantou da cama, tomou um banho rápido, optando por vestir roupas leves e confortáveis algo mais Jimin e menos Sr. Park, o CEO.  O ar de Seul era algo entre primavera e verão, por isso optou por uma blusa de linho branca e uma bermuda cor caqui, usando como sempre suas jóias e incrementando seu visual com seus óculos escuros redondos. 

Dirigiu até a cafeteria Sun, e mesmo que se lhe perguntasse não admitiria, ia até lá mais pela curiosidade sobre a vida do outro do que pela comida, afinal, costumava fazer suas refeições por si mesmo na grande cozinha industrial de sua casa.  Ao abrir a porta do estabelecimento, logo após deixar o carro no estacionamento, foi recepcionado pelo cheiro de café moído recentemente e pelo aroma de manteiga, provavelmente usada para fritar panquecas, era como um dos tantos cafés que havia frequentado ao redor do mundo, mas sabia que havia sim diferenciais bem palpáveis.  

Geralmente, na Coréia, o café da manhã era com kimchi, bimpap ou outro prato quente mais sustante, como ensopado de algas, que também era servido ali, mas não parecia ser o produto alvo da maioria dos fregueses que comiam sorridentes seus ovos com bacon ou suas torradas prensadas ao estilo brasileiro. Sorriu. Aquilo era algo totalmente único, a cara de Jeon Jungkook, que sempre foi mente aberta e curioso com relação a comida servida em cada lugarzinho do mundo, seu sonho era provar de tudo e saber preparar o máximo que pudesse, bom, pelo menos naquela época. Sentiu seu sorriso murchar um pouco ao constatar que talvez nem mesmo conhecesse aquele Jungkook do dia anterior, sendo que quiçá, conhecera o de quatro anos atrás.

Suspirou profundamente e se dirigiu para uma mesa perto do perto do balcão do café, praticamente encostado na vidraça que separava o salão principal do jardim, o restaurante era uma propriedade grande e de longe parecia muito com uma mansão. O cardápio disposto em sua mesa era farto e extenso, mas Jimin estava entre panquecas e um cappuccino ou ovos com bacon e um café americano forte. 

Estava tão concentrado no pedido que faria que demorou a perceber os olhinhos infantis no rostinho que o encarava feliz, mas que detinha nos lábios um biquinho resmungão de quem queria atenção e não estava recebendo, Teayang estava com seus adoráveis cabelos negros penteados de uma maneira caprichosa e a camisa de algodão azul claro estampada com o rosto da pelúcia que tinha em mãos - o mesmo ursinho polar do dia anterior - combinava com o jeans que usava e com os tênis All Star que eram amarelo amarelo mostarda.  Jimin teve a manga de sua camisa puxada suavemente e não deteve um sorriso em seus lábios ao ver quem estava tentando chamar sua atenção. 

- Oi, pequenino - disse e recebeu um doce sorriso de olhos de lua minguante, muito parecido com o seu, era fofo, o menino também tinha olhos sorridentes. 

- Oi, tio Ji  - respondeu o menino e Park arregalou os olhos: o menininho fofo e adorável havia lhe dado um apelido, sentiu seu coração aquecer com a doçura da criança - Você voltou mesmo 'pra me ver, vai tomar café da manhã comigo?

- Claro, pequenino - confirmou e o menino se sentiu muito a vontade para puxar, com certa dificuldade, a cadeira e sentar ao seu lado, deixando a pelúcia sobre a mesa, mas logo em seguida, teve de se ajoelhar no assento porque era baixinho demais para comer sentando normalmente como as pessoas grandes. Jimin não pode deixar de reparar a maneira como ele era independente e acabava por dar um jeitinho sem fazer muita pirraça ou pelo modo como proferia as palavras de modo totalmente compreensível sem cometer grandes deslizes, Jungkook o havia educado muito bem, mesmo ele sendo tão jovem ainda. 

He's not your son - JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora