Min Yoongi era um cara irônico que odiava quando ironias se voltavam contra ele e sentado no banheiro gelado e não fedorento de seu apartamento com um palitinho - da mesma marca do de Jungkook anos atrás - contendo dois risquinhos da cor lilás, sentiu que vivia a situação mas irônica de toda a sua vida.
No exato momento em que suas suspeitas de dias foram confirmadas seu peito não irrompeu em alegria, mas sim numa angústia tão grande que acarretou em vomito e choro de um cara com os hormônios a flor da pele de uma gravidez indesejada pelo companheiro, além de que já estavam brigados por tudo o que haviam dito para Jungkook.
Yoongi nunca foi do tipo que se apaixona, pelo contrario achava uma perda de tempo tão grande e tola, mas os olhos castanhos e a voz gostosinha de Hoseok, assim como o moreno todinho, fizeram mudar de ideia sobre o assunto, já havia pensado em ter filhos com ele, era o amor da sua vida e ligado ao fato de que amava ser dindo de Taeyang e cuidar do garotinho até mesmo quando ele tinha cólicas ou quando os dentinhos o deixaram chatinho por estarem nascendo, fez quase com que implorasse por isso, Yoongi queria ser pai, mais do que tudo e Hoseok não pensava em hipótese alguma numa criança e inclusive falava em aborto com todas as letras. O Min não era contra a prática: cada um tinha sua escolha, cada um sabia o tamanho da cruz que carrega nas costas, não há como julgar o carma alheio, mas isso era algo que ele não gostaria de ter que fazer.
Suspirou profundamente e sentiu seus olhos arderem, previa uma briga tão imensa caso contasse sobre o filho que carregava em seu ventre, seria tão estressante. Não seria apenas mais fácil abortar sem sequer deixar Hoseok saber sobre o assunto? Seria, sim, mais prático e era o que decidiu fazer.
Mas quando levantou o moletom molhado e sujo que usava vislumbrou sua barriga branca a muito conhecida e algo se inflou dentro dele, era um sentimento que não conseguia descrever, não havia nada ali, nem sequer um calombinho, nadica de nada, as únicas evidências de que havia um ser dentro de si eram os seus maus estares e mudanças de humor. Lembrava-se muito bem da primeira ecografia de Jungkook,bem nessa época da gestação, lembrava-se de rir do choro de Jeon e dizer que o bebê não passava de um grão de arroz e Jungkook respondeu que não havia coisa mais linda no universo do que o seu grão de arroz. Agora Yoongi tinha que era o mais lindo do universo e iria dar adeus para ele porque não queria brigar com Hoseok, não queria queria comprar uma briga, logo ele, que nunca fugia delas.
Pegou o celular esquecido sobre a cômoda e discou o número mais chamado pelo seu telefone, foi atendido no terceiro toque.
- Hoseok, precisamos conversar.
[...]
Sentado naquele banco de hospital com aquela ficha em mãos em frente a sala em que faria o que tinha que fazer sentia seu coração se despedaçar no peito tamanho desgosto que havia passado depois daquela ligação, tentara colocar o melhor sorriso otimista no rosto e dentro de seu coração, no entanto, ao esticar aqueles pontinhos lilases para o conjugue e ouvir a frase que ele disse foi como ir por água abaixo.
"Você sabe o que fazer, Yoon, não alimente esperanças, nós já falamos sobre isso" era o que Hoseok tinha dito com um sorriso sem dentes de quem dizia que sentia muito, apesar de estar bem consciente de já ter alertado o namorado sobre o que fariam caso um filho indesejado viesse. Indesejado, era como Yoongi havia se sentido naquele momento e isso era no mínimo engraçado.
Lembrava dele ter perguntado com a maior naturalidade do mundo "Você já marcou a consulta? Eu acho que você precisa de um responsável lá por você na hora de abortar". Yoongi sorriu. Ele queria chorar, mas sorriu, afinal já tinha marcado a consulta, disse para Hoseok que já tinha alguém para ir com ele, que havia falado com Jungkook.
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He's not your son - JIKOOK
أدب الهواةQuando engravidou, acidentalmente, de Park Jimin o herdeiro de uma família rica com quem vivia um romance de verão, Jeon Jungkook o simples atendente de uma cafeteria em Seul decidiu terminar o relacionamento, mas não a gravidez. Quatro anos depois...