He's not your son - JIKOOK

Perspectivas

Seu peito subia e descia em movimentos tão frenéticos que causavam dor, seu suor frio molhava tanto a sua pele quanto o tecido da camisa de seu pijama, não estava calor, era aquele período meio invernal da primavera em que o tempo não havia estabilizado ainda, uma chuva grosseira caía do lado de fora e retumbava em seu fluxo sanguíneo, todos os cinco litros de sangue cada mililitro, estava infestado de adrenalina e pavor, combinando muito com o bater das gotas contra o vidro da varanda. Seus olhos abriram de imediato, seu coração como um cavalo no peito tropegava, pegou o celular na mesinha de cabeceira, respirando fundo para que o zumbido em seus ouvidos sanassem nem que fosse um pouco, tudo parecia meio embaçado. Abriu a lista de contados do aparelho e procurou pelo da companhia de táxi que usava sempre, era uma tropa séria empresarial e que tinha apenas motoristas competentes em seus turnos que cobriam vinte e quatro horas.

Uma da manhã.

- A-Alo? - perguntou Jeon com a voz muito sonolenta do outro lado da linha quando finalmente atendeu o celular, Jimin se sentiu mal por acordá-lo, mas estava desesperado, já Jungkook apenas afastou o celular do rosto para ver quem era, tinha esse costume de atender antes de ver o ecrã, principalmente quando ligavam tão cedo. Ou tarde, dependendo da perspectiva - Jimin? Aconteceu alguma coisa? Você está bem?

- Eu chamei um táxi - falou o mais velho colocando os sapatos enquanto equilibrava o aparelho conta o ombro, havia atravessado a casa inteira no escuro e tudo parecia soturno demais.

- O quê? - indagou Jungkook alarmado a checar o horário em seu despertador - Jimin, é uma da manhã, o Yang está dormindo, você não pode esperar até amanhã? - por mais que a voz do Park soasse alarmada, Jeon se questionava se aquilo era realmente necessário, ele parecia nervoso, mas fisicamente bem. Jimin deixou um suspirou sair pesadíssimo de seu peito ao responder.

- Eu preciso de vocês dois, por favor - ele não queria dar muitas explicações, sabia que o táxi logo chegaria para ir para a casa do mais novo; Jungkook tentou começar um outro diálogo dizendo "Jimin, eu..." mas foi cortado abruptamente quando ouviu o soluço de Jimin soar - Jungkook, eu preciso...Por favor, eu preciso! Eu preciso de vocês comigo.

Jungkook suspirou, levantou-se da cama e caminhou até a sala, arrastando os pés dentro das pantufas fofas e quentes, a chuva continuava e continuava assolando Seul.

- Tudo bem, nós estaremos aqui te esperando.

Jungkook andava de pés descalços pela casa, indo até a cozinha fazer um chá enquanto esperava o visitante inesperado, observava cada detalhe da bagunça que era o espaço pessoal seu e de seu filho: um dos pares de all star do menino no canto do sofá, lápis, giz de cera e o caderno de desenho de capa amarela na mesa de desenho que ficava perto da janela da cozinha, o filho gostava de rabiscar ali no café da manhã e diferente de outras crianças que faziam desenhos, ele adorava treinar letrinhas do alfabeto, os chinelos do Pororo do menino atirados ao redor da banqueta do balcão americano da cozinha, que ele estava usando antes de ir dormir. Bocejou e esticou a coluna, odiava que interrompessem seu sono, alongou a coluna e fez o tique involuntário de jogar a cabeça. Suspirou.

- Papi? - Taeyang perguntou sonolento da ponta do corredor ao ver o pai apoiado na pia ao lado do fogão - Já 'tá manhã?

- Amorzinho, o tio Chim está vindo nos fazer uma visita - sorriu doce - Ainda não está de manhã.

- Mas, Papa, se não 'tá dia ainda ele não pode 'vim. Eu ainda 'tô com sono e não comi meu cereal;

- Eu sei, amorzinho, o Papi também , mas vamos fazer assim, olha: colocamos um desenho e eu arrumo você com a mantinha no sofá enquanto ele não chega, pode ser?

- Pode - o menino levantou os braços, dengoso, e o pai logo o pegou no colo, levando-o em poucos passos até o sofá, ajeitando uma almofada sob a cabeça do filho quando o deitou. Pegou a mantinha amarela dele que ficava sempre dobrada ali no braço do sofá e o enrolou bem - Papai, pode mingau? - ele perguntou coçando o olhinho direito com a mãozinha fechada.