Dedos

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Taehyung do outro lado da linha parecia, pelo farfalhar contínuo dos lençóis e pelo arrastar sonoro de pantufas no chão, estar se levantando, preparando-se para os desejos de Yoongi. Para o jovem e paternal Kim, não importava se o filho não era seu, se o grávido da criança não era seu, ele apenas queria protegê-los como um bom papai urso, porque os amava intensamente.

- Você tá com desejo de quê? Kimchi extra-picante? Macarrão á bolonhesa? Polenta frita á brasileira? - Yoongi riu sonoramente, aquele timbre roupo perspicaz atravessando cada fibra muscular de Taehyung até chegar em seu pontinho fraco lhe causando arrepios, além de amar aquele homem ele ainda lhe causava tesão, apesar de saber que o Min não correspondia seus sentimentos, pelo menos não daquela forma.

- Não, eu não estou com desejo de nada disso - Min mordia seu dedo, ele conseguia o pior quando queria, era bom em manipular a situação a seu favor e fazer os jogos mais divertidos.

- Então, onde eu preciso ir para realizar seu desejo? - perguntou o outro rezando para que ele não dissesse "para o Japão", por mais que o país do sol nascente só ficasse a duas horas dali daria muito trabalho conseguir passagens de avião naquele horário da noite.

- Para minha casa - tripudiou o outro, a voz assanhada arrepiando Taehyung que só pensava em cuidar de si com toda a inocência do mundo, mas que já estava perdendo um pouco de paciência.

- Do que é o seu desejo, Yoongi, diga-me sem mais rodeios - ele estragou a brincadeira de adivinhação o fazendo bufar, que menino sem graça.

- Você - disse num folego só - Meu desejo é você.

Kim engoliu em seco quando a ligação foi terminada abruptamente pelo outro, seu coração batia em seu peito como um tambor e a adrenalina em seu corpo tornou-o totalmente consciente de seu sono, seu cérebro era um turbilhão de imagens pornográficas do mais velho: ele, aquelas pernas brancas, a pele leitosa, cheirosa e provavelmente excelente para ser tocada a seu próprio deleite. Queria, no entanto, ter lembrado-se de perguntar o quê exatamente faria com Yoongi naquela madrugada fria, que irrompia ardente de desejo em sua pele amorenada.

Tinha, em sua mente fértil e devassa, formulado a imagem de suas peles suadas atritando em meio a atos carnais depravados, todavia amorosos de sua parte; era essa imagem que estampava sua visão enquanto guiava seu carro pelas ruas tranquilas da cidade naquele horário. Não tinha nem ao menos retirado seu pijama, pois em sua concepção não tinha tempo para isso, apenas tinha que chegar logo a Yoongi.

Entrou no prédio do outro sem grandes demoras por ser conhecido na portaria, afinal, não era a primeira vez que entrava ali para sanar os desejos do outro, apesar de que agora não carregava inúmeras sacolas de comida. Acenou para o porteiro e entrou no elevador, lembrando-se tardiamente de chegar suas madeixas no espelho, alegrou-se ao perceber que não estavam tão ruins quanto imaginava, por isso apenas passou as mãos por eles.

Em um torpor cego, ao ouvir o bipe do transporte, saiu obedientemente de onde estava e rumou a frente da porta branca já tão conhecida por si. Sentia suas mãos tremelicarem suavemente e sua pulsação sanguínea martelava em seu pescoço, tocar a campainha naquele momento parecia uma tarefa deverás árdua, quase como se fosse extingui-lo. Todavia, antes que pudesse sequer levantar seu indicador até o botão, a porta abriu-se abruptamente.

Yoongi estava usando, de uma maneira clichê, porém sexy, uma grande camisa branca social de cetim brilhoso. O cabelo, com a raiz negra tornando-se marcante em meio aos fios loiros por não poderem ser retocadas, estavam arrumados e Taehyung conseguia ver que o brilho avermelhado em seu lábios era de gloss ,ele tinha se preparado para aquele momento, o Kim só esperava que tivesse sido de todas as maneiras.

He's not your son - JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora